O deputado federal (PSL-MS) disse ao STF (Supremo Tribunal Federal) que tem sido alvo de “constrangimento ilegal” e “humilhações” por causa das investigações da , que chegou à conclusão de que ele simulou o atentado de fevereiro do ano passado. Nesta sexta-feira (12), a 1ª Turma do Supremo julga um recurso em habeas corpus do parlamentar, que tenta enterrar os inquéritos que o implicam em crimes de comunicação falsa de crime, dano e disparo de arma de fogo.

A defesa do deputado federal protocolou manifestação no âmbito do habeas corpus, hoje (8). Nela, Trutis diz que o constrangimento ilegal vem da “obtenção e utilização de provas ilícitas pela Polícia Federal”.

O deputado federal alega que ele não foi avisado de que poderia permanecer em silêncio durante as oitivas e a reprodução simulada do atentado. Além disso, defende que não houve autorização judicial para a quebra de sigilo do rastreador do Toyota Corolla em que ele e seu assessor, Ciro Nogueira Fidelis, estavam no dia do suposto atentado.

O aparelho ajudou os investigadores a identificar que o deputado e seu assessor ficaram parados em uma estrada vicinal na manhã do suposto ataque. No local, a polícia encontrou munições deflagradas e fragmentos de vidro. Mas, na versão do parlamentar, o atentado aconteceu na pista da BR-060, saída de para .

Trutis diz que Polícia Federal inverteu investigações ‘do nada'

Além do constrangimento ilegal, a manifestação da defesa de Trutis ainda acusa o delegado de Polícia Federal que preside a investigação, Glauber Fonseca de Carvalho Araújo, de faltar “com o respeito profissional e ético”. Segundo a petição do deputado federal, os agentes inverteram a linha investigativa “do nada”.

As investigações da Polícia Federal se voltaram contra Loester Trutis a partir de trabalhos periciais. Laudos balísticos, de exame de local, bem como informações de georreferenciamento entraram em rota de colisão com o que alegava o deputado e seu assessor.

Assim, a Polícia Federal concluiu que o atentado foi simulado pelo parlamentar, de olho em dividendos políticos e eleitorais. Trutis, que afirmou ter revidado o ataque, é um entusiasta voraz da flexibilização do acesso às armas.

Ainda conforme manifestação, o deputado do PSL tem enfrentado “toda sorte de humilhações pela mídia local” desde que a linha investigativa passou a incriminá-lo. Trutis insurge contra o papel da imprensa, que, como sua própria defesa resumiu, passou “a semanalmente publicar notícias sobre a suposta ‘simulação do atentado'”. Vale lembrar que o acesso à informação é uma garantia constitucional.

Dias Toffoli negou habeas corpus há um mês

No último dia 8 de fevereiro, Loester Trutis recorreu da decisão do ministro do STF Dias Toffoli, que derrubou habeas corpus apresentado pelo deputado federal na tentativa de trancar as investigações contra ele sobre suposto atentado a tiros.

No recurso, o parlamentar voltou a atacar o trabalho da Polícia Federal. Ele questiona as provas produzidas pelos investigadores e, portanto, pede que parte das evidências sejam excluídas do inquérito policial.

Relator do habeas corpus, Toffoli negou seguimento ao recurso no dia 4 de fevereiro. Assim, sequer analisou o pedido de liminar para trancamento das investigações.

Toffoli mandou comunicar sua decisão à , relatora do inquérito no STF que investiga o suposto atentado contra o deputado sul-mato-grossense. Na semana passada, a ministra deu mais tempo para a Polícia Federal concluir a perícia das armas e celulares apreendidos durante a Operação Tracker. Rosa também negou requerimento da defesa de Trutis, que pedia as armas de volta.

Além da arma que motivou prisão em flagrante – depois revogada -, um fuzil T4 calibre 556 mm, os policiais encontraram uma pistola calibre 9 mm, com carregador e 14 munições, bem como um revólver calibre .357, com dez munições, na mesa da sala do deputado. Mas nenhuma das armas encontradas estavam registradas em seu nome. Conforme as investigações da Polícia Federal, Trutis responde a um processo por violência doméstica, o que impede a inscrição.