Os deputados estaduais de evitaram comentar sobre os depoimentos da Operação Vostok, que acontecem em desde terça-feira (3), na sede da Polícia Federal. Os parlamentares dizem não saber sobre o conteúdo do que está sendo apurado pela PF.

Rinaldo Modesto (PSDB) disse saber apenas o que a mídia tem repercutido. “Difícil falar sobre algo que você não sabe. A única coisa que eu sei é pela mídia, que as perguntas feitas pela PF são as que foram respondidas quando foi desencadeada a operação”. 

O deputado lembrou que seu colega de plenário, Zé Teixeira (DEM), também investigado na operação e que prestou depoimento ontem (4), mostrou na tribuna uma nota fiscal de compra de gado, em 2018. “Em relação aos desdobramentos, o tempo é que vai dizer. A justiça tem que continuar fazendo seu papel”.

Lídio Lopes (Patri) foi questionado pela reportagem ontem, mas preferiu não comentar sobre a operação, dizendo não saber sobre os desdobramentos. “Estou por fora do assunto. Teve audiência pública e eu fiquei focado nisso”.

O parlamentar Pedro Kemp (PT) afirmou que todo indício de irregularidade ou corrupção, precisa ser investigado. “Houve muitas operações seletivas em cima do PT, investigaram e continuam investigando. Não somos contra o combate a corrupção, mas somos contrários a investigação seletiva. Agora, onde há indício de irregularidade, defendemos que tudo seja apurado”.

Kemp relembrou que em maio de 2017, logo após a divulgação de trechos da delação dos executivos da JBS,  a ALMS (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul), criou uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito). “Quando saiu a denúncia da JBS dizendo que deu recurso para o governador, nós abrimos CPI e foi um pedido meu. Encontramos muitas irregularidades da relação com a JBS com o Estado, em termos de dar benefício para a empresa e a empresa não cumprir com a responsabilidade do Estado”. 

O deputado informou que a CPI não conseguiu apurar se o governador e o filho dele, Rodrigo Silva, receberam vantagens indevidas. “Na época pedimos para o então procurador da República, Rodrigo Janot, a nossa CPI pediu audiência com eles em Brasília para termos acesso a investigação, mas não abriram para nós”.

Kemp defende que a investigação precisa ir até o fim, para apurar se houve pagamento indevido ao governador. “A CPI chegou até um ponto que foi na questão dos contratos da JBS com o governo e a empresa se comprometeu a devolver os recursos”. 

Operação

A Operação Vostok investiga suposto esquema da JBS, delatado pelos irmãos Wesley e Joesley Batista, para pagamento de bois que não eram entregues e nem abatidos, por meio de notas frias, de forma a repassar propina para beneficiários em troca de benefícios fiscais na Sefaz-MS (Secretaria de Estado de Fazenda de Mato Grosso do Sul).

Envolvidos

Já foram ouvidos confirmadamente o deputado Zé Teixeira, além de dois ex-secretários estaduais da atual gestão: o atual conselheiro do (Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul), Márcio Monteiro, e o pecuarista Nelson Cintra.

Além deles, o empreiteiro João Baird, o pecuarista Ivanildo Miranda e o irmão do governador, ‘Beto Azambuja', também já estiveram na sede da Polícia Federal.

Entre as testemunhas a serem ouvidas estão ainda a mãe do governador Reinaldo Azambuja, Zulmira Azambuja Silva, e o senador Nelson Trad Filho (PSD). Além deles, o ex-deputado Osvane Ramos e o ex-prefeito de Aquidauana, Zelito Ribeiro, estão na lista, completada com empresários do setor de frigoríficos e mercadistas, além de produtores rurais, contabilistas e empresários. 

Entre investigados e testemunhas, mais de 100 são ouvidos na sede de Campo Grande desde a última terça-feira (3).