Pular para o conteúdo
Política

Ameaça de expulsão abre brecha para Tabata deixar PDT

Ao ameaçar expulsar a deputada Tabata Amaral (PDT-SP) e outros parlamentares dissidentes pró-reforma da Previdência, a cúpula do PDT e do PSB pode ter aberto uma brecha para que eles mudem de legenda sem perder o mandato. Isso porque, segundo especialistas ouvidos pelo Estado, há precedente no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que a advertência […]
Arquivo -
Compartilhar
Deputada federal pelo PDT-SP. Foto. Câmara dos Deputados.
Deputada federal pelo PDT-SP. Foto. Câmara dos Deputados.

Ao ameaçar expulsar a deputada Tabata Amaral (PDT-SP) e outros parlamentares dissidentes pró-reforma da Previdência, a cúpula do PDT e do PSB pode ter aberto uma brecha para que eles mudem de legenda sem perder o mandato. Isso porque, segundo especialistas ouvidos pelo Estado, há precedente no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que a advertência seja entendida como uma discriminação, o que justificaria a saída sem descumprir a regra de fidelidade partidária.

Oito deputados do PDT e 11 do PSB votaram a favor do texto-base da reforma da Previdência, contrariando orientação das siglas. Os dois partidos abriram procedimentos internos para avaliar a conduta dos parlamentares, o que pode culminar na expulsão dos “infiéis”.

Antes da votação, o presidente do PDT, Carlos Lupi, disse que quem apoiasse a reforma seria punido com o desligamento, conforme mostrou o Estado. Publicamente, ele já classificou como “um erro” a filiação dos parlamentares “infiéis”.

Candidato derrotado à Presidência e vice-presidente do PDT, Ciro Gomes foi na mesma linha e afirmou que os parlamentares da sigla que votaram a favor das novas regras de aposentadoria “deveriam tomar a iniciativa de sair” do partido.

No PSB, o presidente nacional da sigla, Carlos Siqueira, disse que não poderia permitir “balbúrdia partidária”, ao se referir aos dissidentes.

De acordo com especialistas e ministros de tribunais superiores ouvidos reservadamente, ameaça de expulsão, aliada a declarações que expõem de forma excessiva parlamentares, pode configurar “justa causa” para a saída da legenda.

Procurados pela reportagem, Lupi e Siqueira afirmaram, porém, que não houve ameaça de expulsão dos parlamentares pró-reforma. “Nós não ameaçamos ninguém, a única coisa que nós dissemos é que ia para a comissão de ética, e que tem três estágios de punição, que vão da advertência, passa pela suspensão e vai até a expulsão”, disse Lupi ao Estado.

Precedente

Em decisão de 2010 sobre o caso de um deputado estadual da Bahia, o TSE apontou “clima de animosidade” entre dirigentes do partido e o parlamentar como justificativa para a saída da sigla Relator do caso, o então ministro Arnaldo Versiani afirmou em seu voto que “a configurar grave discriminação pessoal apta para justificar a saída da legenda”, foi reforçado ainda pela “sugestão do próprio partido” para que houvesse desfiliação.

Segundo a professora da FGV Direito Rio especialista em direito eleitoral Silvana Batini, a definição de justa causa é “muito aberta”, o que torna a discussão subjetiva. Ela destacou que cada partido tem seu estatuto e ele deve prever sanções e limites de fidelidade partidária. Se o parlamentar se excede, é direito da sigla tomar providências, segundo Silvana. “A perseguição tem que se caracterizar em atos concretos de assédio Por exemplo, a pessoa passa a ser hostilizada, ser excluída das reuniões”, disse ela.

O ministro do Supremo Tribunal Federal Marco Aurélio Mello, que já foi presidente do TSE duas vezes, afirmou que a situação deve ser avaliada caso a caso. “Tem que saber qual é o móvel da ameaça (de expulsão), tem que ser avaliado caso a caso”, disse o ministro ao Estado.

Para um advogado eleitoral que atua no TSE, a reação de dirigentes partidários sobre os “dissidentes” do PDT e do PSB mostra “fortes indícios” de “grave discriminação”.

Siqueira disse não haver o “menor sentido jurídico” em justa causa na situação envolvendo os dissidentes. “Em primeiro lugar, ninguém falou em expulsão, e ninguém falou qual é a pena. Não se sabe ainda qual (será) porque isso está a cargo da comissão de ética”, afirmou o presidente do PSB.

PSB se divide

Depois de determinar o fechamento de questão de sua bancada na Câmara contra o projeto de reforma da Previdência, o PSB agora se divide sobre o que fazer com os 11 deputados que não seguiram a orientação da sigla e votaram a favor do texto do governo. Os governadores Renato Casagrande (Espírito Santos) e Paulo Câmara (Pernambuco) são contra a expulsão dos parlamentares – que seria a punição mais rigorosa.

“São parlamentares decentes que votaram convencidos. Não foram beneficiados pelo governo. Defendo uma posição que mantenha esses parlamentares no PSB. Tenho discordância sobre o fechamento de questão”, disse o governador capixaba.

Casagrande afirmou ainda que ele e o PSB consideram a reforma da Previdência importante, mas discordam de pontos do projeto. “Alguns pontos são muito duros com os trabalhadores, como o tempo de contribuição para aposentadoria integral”, afirmou.

O governador de Pernambuco seguiu na mesma linha: “Não se está buscando a expulsão de ninguém. O diretório vai analisar cada caso e tomar as medidas necessárias”, disse Paulo Câmara ao Estado.

A ideia de expulsão, porém, tem o apoio de uma ala mais à esquerda do partido. Para esse grupo, o caso é similar ao dos 13 deputados expulsos após votarem a favor da reforma trabalhista, durante o governo Michel Temer. O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, decidiu que os 11 deputados da legenda que votaram a favor da reforma enfrentarão um processo no conselho de ética da sigla.

‘Divergências’

Segundo Casagrande, o PSB votou de forma “coerente” com sua história. “A história do PSB não permitia que o partido votasse favoravelmente à reforma. Ser contra é natural também pelo conteúdo.” Questionado sobre sua relação com o presidente Jair Bolsonaro, o governador do Espírito Santo apresentou uma posição moderada. “Não tenho nenhum problema com Bolsonaro. Tenho uma boa relação com ministros do governo. A relação é respeitosa, mas tenho divergências profundas”, afirmou ele. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Compartilhe

Notícias mais buscadas agora

Saiba mais

Durante chuva forte em Campo Grande, asfalto cede e abre ‘cratera’ na Avenida Mato Grosso

Bebê que teve 90% do corpo queimado após chapa de bife explodir morre na Santa Casa

Com alerta em todo o Estado, chuva forte atinge Campo Grande e deixa ruas alagadas

Tatuador que ficou cego após ser atingido por soda cáustica é preso por violência doméstica

Notícias mais lidas agora

Menino de 4 anos morre após tomar remédio controlado do pai em Campo Grande

Pedágios

Pedágio em rodovias da região leste de MS fica 4,83% mais caro a partir do dia 11 de fevereiro

Vítimas temem suposta pressão para abafar denúncias contra ‘fotógrafo de ricos’ em Campo Grande

Morto por engano: Trabalhador de usina foi executado a tiros no lugar do filho em MS

Últimas Notícias

Política

‘CPI do Consórcio Guaicurus’ chega a 10 assinaturas e já pode tramitar na Câmara

Presidente da Câmara, Papy (PSDB) não assinou pedido da CPI após defender mais dinheiro público para empresas de ônibus em Campo Grande

Cotidiano

Decisão de Trump de taxar aço pode afetar exportação de US$ 123 milhões de MS

Só em 2024, Mato Grosso do Sul exportou 123 milhões de dólares em ferro fundido para os EUA

Transparência

MPMS autoriza que ação contra ex-PGJ por atuação em concurso vá ao STJ

Ação pode anular etapa de concurso por participação inconstitucional de Magno

Política

Catan nega preconceito após Kemp pedir respeito à professora trans

Fantasia de ‘Barbie’ da professora não foi considerada exagerada por outros deputados