‘Pareceu ato de terrorismo’, diz deputado sobre retomada de terras em Caarapó
O deputado estadual Pedro Kemp (PT) usou a tribuna da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul nesta terça-feira (28) para criticar a ação da polícia na retomada da Fazenda Santa Mônica, em Caarapó, a 273 quilômetros de Campo Grande no último domingo. Para o parlamentar, a ação foi desproporcional, como em um ato de […]
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O deputado estadual Pedro Kemp (PT) usou a tribuna da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul nesta terça-feira (28) para criticar a ação da polícia na retomada da Fazenda Santa Mônica, em Caarapó, a 273 quilômetros de Campo Grande no último domingo. Para o parlamentar, a ação foi desproporcional, como em um ato de terrorismo.
“Teve uso de helicóptero, balas de borracha e os índios apenas com pedaço de pau na mão. Isso é desproporcional. Pareceu ato de terrorismo”, justificou. O deputado defendeu que não é preciso usar força em ações de retomada.
“É uma questão social. O tratamento tem que ser na base da negociação. Deram a impressão de ser uma operação de guerra”. O governo federal, de acordo com o ponto de vista do parlamentar, está omisso em relação à situação.
“Os dois lados estão certos. Há um estudo dizendo que aquela é uma área indígena. Por outro lado, o dono da terra tem uma decisão judicial favorável. Ambos estão certos e o poder executivo federal está no meio deste conflito”.
Barbosinha (DEM), disse que os índios estariam quebrando o patrimônio e expulsando as famílias das terras. “Não se pode permiti que se instale um estado de caos quando se trata de retomada”.
Cabo Almi (PT) lembra que existe uma comissão estadual para mediar retomadas de áreas. “Eu faço parte desta comissão, mas desta vez eu não fui chamado para essa reunião. Se é que teve reunião”, questionou.
Um proprietário rural da região também usou a tribuna para reclamar que há 30 anos tem terras em Caarapó e que há 17 enfrenta problemas com ‘invasões’, segundo pontuou.
O caso
Uma fazenda que fica na Terra Indígena Dourados-Amambaipegua I, área indígena reconhecida pela Funai (Fundação Nacional do Índio), foi palco de conflito entre indígenas e fazendeiros na manhã do domingo (26), em Caarapó, a cerca de 280 km da Capital.
De acordo com o Cimi (Conselho Missionário Indigenista), o conflito, que foi marcado pela presença de forte aparato policial, teria sido motivado pelo desaparecimento de um indígena, fato atribuído por lideranças a forças policiais e milicianas.
Com cerca de 56 mil hectares e pelo menos 5 mil indígenas de etnia Guarani Kaiowá em diversas aldeias, a Terra Indígena Dourados-Amambaipegua I é alvo de conflitos sangrentos, intensificados desde que a área passou a ser reconhecida como terra indígena tradicional e passou a integrar o Relatório Circunstanciado de Identificação e Delimitação, da Funai, em maio de 2016.
Desde então, indígenas passaram a pressionar pela demarcação e homologação das terras, onde também há várias fazendas. A partir de então, conflitos se intensificaram, o mais grave deles em junho de 2016, episódio conhecido como “Massacre de Caarapó”.
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