O ex-ministro da Justiça José Carlos Dias afirmou que os discursos do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), bem como dos governadores eleitos em São Paulo e Rio de Janeiro, João Doria (PSDB) e Wilson (PSC), ameaçam os direitos humanos e colocam o Brasil na mira da ONU (Organização das Nações Unidas).

Ao UOL, o ex-ministro afirmou: “Sou muito pessimista. Infelizmente, acho que o desrespeito aos direitos humanos, que hoje já existe, vai aumentar [no governo Bolsonaro]”.

Com relação aos governadores eleitos, José se diz preocupado com as declarações dadas durante e após a campanha por ambos sobre “atirar para matar”. O governo eleito no Rio, Witzel afirmou que permitirá a atiradores de elite “abaterem criminosos”, enquanto Doria, eleito em São Paulo, já havia dito em campanha que os policiais do estado irão “atirar para matar”.

“Veja os futuros governadores do Rio e São Paulo afirmando uma política de combate ao crime em absoluto desrespeito aos direitos humanos. Isto me preocupa. O futuro governador do Rio chega a dizer que ia autorizar a polícia a abater os criminosos. O que tem que haver é prisão. É claro que em um confronto pode haver mortes, mas não como uma política a ser desenvolvida. Isto é com a benção do Bolsonaro. Não tenho dúvida de que tem todo um entrosamento [entre os eleitos]”, disse ao site UOL.

Ex-ministro

José Carlos Dias, ex-ministro da Justiça no governo de FHC (), foi integrante da Comissão da Verdade, responsável por investigar crimes cometidos pelo Estado durante a ditadura.

O ex-ministro foi advogado criminalista e, entre 1999 e 2000, assumiu o cargo de ministro durante o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Contudo, já havia passado por cargo político quando, entre 1983 e 1986, foi secretário estadual de Justiça e Direitos do Cidadão, em São Paulo, no governo de Franco Montoro.