Ex-assessor de Odilon diz que juiz inventava bens apreendidos e manipulava autorização de escutas
O ex-assessor do juiz federal aposentado e atual candidato a governador de Mato Grosso do Sul pelo PDT, Odilon de Oliveira, Jedeão de Oliveira disse, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, que o ex-chefe concedia à Polícia Federal autorizações genéricas de interceptações telefônicas, o que abria espaço para gravações clandestinas, mandava inflar dados divulgados […]
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O ex-assessor do juiz federal aposentado e atual candidato a governador de Mato Grosso do Sul pelo PDT, Odilon de Oliveira, Jedeão de Oliveira disse, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, que o ex-chefe concedia à Polícia Federal autorizações genéricas de interceptações telefônicas, o que abria espaço para gravações clandestinas, mandava inflar dados divulgados à imprensa sobre apreensão de bens e abrir inquéritos com base em cartas anônimas para legalizar gravações.
Ex-diretor de secretaria da 3ª Vara Federal em Campo Grande, Jedeão foi exonerado em julho do ano passado, após 22 anos como comissionado atuando próximo de Odilon. Ele é alvo de ação penal na qual é acusado de desviar recursos apreendidos em ações que corriam na unidade.
Segundo a denúncia do MPF (Ministério Público Federal) aceita pela justiça, as investigações da Polícia Federal indicaram 26 episódios de sumiço de valores, justamente na vara que processa acusados de lavagem de dinheiro, comandada pelo juiz federal Odilon de Oliveira, personagem inspirador até de filme em razão da atuação contra o crime organizado e nacionalmente conhecido por ser alvo de ameaças de morte.
Para Jedeão, algumas das ameaças eram reais, mas outras, superdimensionadas, a fim de manter a aura de magistrado implacável e inimigo dos criminosos. Ele também diz que, à época em que foi exonerado, procurou o juiz para se explicar.
Odilon gravou a conversa e a entregou para a PF. Segundo Jedeão, a partir daí ele passou a ser acusado de irregularidades diversas, as quais ele nega, que somadas representariam um desvio de R$ 10 milhões. A PF não encontrou o destino do suposto valor desviado.
O ex-diretor disse que começou a receber ameaças veladas de morte e passou a temer pela sua segurança. Há dois meses, decidiu entregar à Procuradoria da República em Campo Grande uma proposta de colaboração premiada, que ainda está sob análise do órgão.
A reportagem da Folha de S.Paulo diz ter localizado em um cartório de registro público do interior de São Paulo um texto de 23 páginas registradas por Jedeão.
Em um dos trechos, o ex-diretor disse que o juiz costumava autorizar interceptações de telefonemas cujos números eram encaminhados em anexos, sem a descrição detalhada do objetivo de cada gravação, abrindo espaço para o que ele chamou de “barriga de aluguel”.
OUTRO LADO
O candidato pelo PDT ao governo de Mato Grosso do Sul, Odilon de Oliveira, negou irregularidades na concessão de interceptações telefônicas quando juiz federal em Campo Grande (MS) e disse que as acusações do ex-diretor da 3ª Vara Federal, Jedeão de Oliveira, “têm fundo político”.
“Os ofícios para interceptação são encaminhados com a relação. No teor do ofício, já consta a relação. É então humanamente impossível, mesmo porque as empresas de telefonia não fazem monitoramento sem que no ofício conste a relação dos telefones.”
O juiz negou ter inflado dados de balanços de apreensões divulgados à imprensa. Ele disse, porém, que há diferenças entre os dados que constam da base nacional de bens apreendidos do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e “a realidade processual”.
“Muitas vezes não bate com o que está apreendido no Brasil, em qualquer vara. Porque muitas vezes o juiz não alimenta, quer dizer, a Justiça não alimenta aquele cadastro nacional no tempo certo. Muitas vezes não tem condições técnicas de alimentar, pois é um cadastro muito falho. Os bens constantes do cadastro nacional nunca conferem com a realidade processual.”
O juiz disse que processos de monitoramento telefônico eram guardados no cofre de sua sala porque “são ultrassigilosos”.
Sobre a escolta da PF, Odilon disse que nenhum policial se recusou a fazer o trabalho. “Os agentes, todos eles, nunca se recusaram a prestar serviço. E todos os deslocamentos meus são registrados em livros de ocorrência. […] Isso é simplesmente conversa de pessoas que querem vingança, querem se vingar porque eu fiz a apuração.”
Odilon disse que o ex-diretor “enganou o juiz da vara, enganou a corregedoria” e por isso as 13 correições feitas pelo TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região não teriam localizado as irregularidades na vara.
“Ele quer jogar lama no ventilador para atingir qualquer pessoa e afastar dele qualquer possibilidade [de investigação].”
Em nota, a Superintendência da PF em Mato Grosso do Sul afirmou que “em todas as suas investigações, atua dentro da mais estrita legalidade. Todas as representações e diligências são objeto de controles rígidos, seja internamente (por meio das Corregedorias), seja em âmbito externo pelos órgãos de controle”.
Jedeão negou qualquer interesse eleitoral nas suas declarações, disse que não teve contato com campanhas de adversários de Odilon e afirmou que registrou o termo em cartório para preservar sua integridade física.
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