Citado por Bolsonaro, Mandetta ‘explica’ o que presidenciável quis dizer sobre gengivite e mortalidade infantil
Presidenciável, Bolsonaro causou polêmica novamente ao falar sobre saúde bucal
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Entrevistado pelo programa Roda Viva desta segunda-feira (30), o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) causou polêmica ao novamente citar a relação de problemas bucais de grávidas com nascimento prematuro de bebês e mortalidade infantil. Dessa vez, o presidenciável chegou a citar o médico e deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM) como fonte dessa informação.
Durante a entrevista, Bolsonaro afirmou que Mandetta apresentou a ele um projeto que relacionava o tratamento da saúde bucal de grávidas com diminuição de mortalidade infantil. Essa não é a primeira vez que o candidato faz essa relação. No ano passado, causou polêmica ao associar saúde bucal com partos prematuros durante entrevista em Manaus (AM).
Ao Jornal Midiamax, Mandetta, que foi secretário de saúde de Campo Grande, deu mais detalhes sobre o assunto. O deputado explicou que na época em que comandou a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) incluiu no programa de pré-natal avaliação odontológica de gestantes.
“Pois a gengivite e a cárie dentária são diretamente ligadas ao parto prematuro. Assim reduzimos a prematuridade e a mortalidade infantil por consequência”, disse o político, que é médico ortopedista pediátrico por formação.
Mandetta também lembrou que Campo Grade venceu o Prêmio Brasil Sorridente duas vezes. “Além de termos reduzido a mortalidade infantil, nos tornando a menor em mortalidade entre as capitais”.
Questionado sobre a citação de Bolsonaro na entrevista, o político afirmou que o presidenciável já viu o deputado dizer que a atenção básica é fundamental. “Acho que neste sentido que ele me citou”, disse, sem detalhar se apresentou algum projeto a Bolsonaro.
Estudos
Pela segunda vez, a afirmação de Bolsonaro causa reação entre agências que checam fatos citados por políticos em discursos. Segundo a Agência Pública, com base em estudos de especialistas, não é possível estabelecer as exatas causas de prematuridade, e a saúde bucal não está nem entre os principais fatores de risco. Por isso, a afirmação de Bolsonaro é considerada falsa.
Estudos indicam que condições odontológicas como a infecção na gengiva, podem estar associadas ao parto prematuro ou de bebês com baixo peso. Mas alguns relatórios dessas pesquisas explicam que qualquer tipo de infecção, seja ela na boca ou em qualquer parte do corpo, leva à liberação de prostaglandinas e outras substâncias inflamatórias com atividade hormonal, que favorecem o trabalho de parto prematuro.
À agência, a pesquisadora e obstetra da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Giuliane Lajos, responsável pelos Estudos Multicêntricos de Investigação de Prematuridade (EMIP), explicou que não é possível estabelecer causa exata para partos prematuros, apenas fatores associados. “As infecções de maior risco para a prematuridade são a urinária e vaginal”, diz. (Colaborou Ludyney Moura)
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