Reforma de gabinete repercute na Câmara, mas vereador assume os custos

Parlamentar revelou ter comprado 28 metros de porcelanato 

Causou ‘burburinho’ na Câmara Municipal de Campo Grande a reforma do gabinete de um vereador estreante na Casa, que investiu na colocação de porcelanato e derrubada de algumas paredes da sala que era ocupada pelo antigo ‘chefe’.

Servidores da Casa ouvidos pelo Jornal Midiamax questionam a reforma do gabinete, em um momento em que Prefeitura de Campo Grande anunciou um ‘enxugamento’ da máquina pública com redução de secretarias, para poder colocar a ‘casa em ordem’, pagar os salários e quitar as dívidas, e que os próprios vereadores decidiram por manter seus salários no mesmo valor (R$ 15 mil) e não usufruir do reajuste já aprovado anteriormente.

“Tinha alguns defeitos, como um pedaço do teto caindo, uma goteira, e nós estamos arrumando o forro, colocando piso por cima e também ranquei algumas paredes (sic)”, revelou o parlamentar.

No local em obras, a reportagem encontrou os trabalhadores que aceleram para concluir a obra antes do início das sessões legislativas, bem como alguns móveis empoeirados posicionados do lado de fora do espaço que será ocupado por Papy, que até 2016 era ocupado pelo agora deputado estadual Herculano Borges (SD). 

Papy revela que era funcionário da Câmara, lotado no gabinete do próprio Herculano, e destaca que fez questão de fazer a reforma antes mesmo se receber seu primeiro salário como vereador. Ele nega que a obra seja ‘extravagante’, como disse ter ouvido, apenas quer um lugar ‘mais bonito e agradável para receber a população’.

Papy foi eleito com pouco mais de 4 mil votos e além de vereador é pastor na Comunidade Cristã El Shaday, em Campo Grande, igreja comandada por seu pai, o hoje apostolo Edilson Vicente da Silva.

Reformas 
Retornando à Casa, Dr Loester (PMDB) passou a ocupar o gabinete da frente de Papy, que era utilizado pelo ex-vereador Vanderlei Cabeludo (PMDB). Ele diz que não pretende seguir o exemplo do colega de porta. 

“Passei só dar uma olhada aqui no meu gabinete. Ainda estou definindo quantas pessoas vão trabalhar comigo. Quanto à reforma, pretendo somente renovar a pintura e lavar tudo aqui, mas trocar piso não vejo necessidade, até por que do meu bolso não vou pagar”, disse o parlamentar.

O vereador Dr. Livio Leite (PSDB) reeleito, trocou de gabinete e pretende fazer algumas mudanças estruturais.

“Vim para este que era da Carla [ex-vereadora Carla Stephanini (PMDB)] por ser maior e pretendo juntar duas salas em uma, colocar uma divisória de vidro para dar mais transparência de modo geral e instalar minha mesa de reunião. Passo de suplente para efetivo. Vou pedir para a Casa custear por que acho que não é nada muito caro, mas se não aprovarem irei pagar do meu bolso”, disse o tucano.

Dentre os demais gabinetes não foi visto nenhum tipo de reforma e inclusive praticamente todos estavam fazendo atendimentos. 

A Câmara

Procurada pela reportagem, a assessoria da Casa de Leis explicou que a Câmara até ajuda financeiramente com alguma reforma ou mudança dentro dos gabinetes, mas tudo depende da avaliação por parte da presidência quanto a necessidade ou não.

Ainda de acordo com a assessoria, não há um limite estabelecido sobre reformas e se caso o parlamentar queira fazer por conta e trocar toda a estrutura do local nada impede, desde que pague do bolso próprio.

Com relação aos procedimentos de reforma, a assessoria informou que cada vereador envia um ofício para a Casa especificando planejamento da obra, que será analisado pela Presidência antes de uma resposta.

Até esta quinta-feira (12), a Câmara confirmou que já recebeu alguns ofícios, mas não revelou quais vereadores o fizeram nem o custo total solicitado.