Se vender o voto, não adianta ir às ruas contra a corrupção, alertam promotores
Campanha do MP quer combater a venda de votos
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Campanha do MP quer combater a venda de votos
De nada adianta sair às ruas para protestar contra os escândalos de corrupção evidenciados em Brasília se exercermos o direito do voto de forma viciada e criminosa nas eleições municipais. Essa é mensagem que promotores de Justiça transmitiram nesta segunda-feira (19) durante o lançamento da campanha “Voto vendido, futuro perdido”, na sede do MPE (Ministério Público Estadual) em Dourados, a 228 quilômetros de Campo Grande.
Direcionada aos eleitores que irão às urnas no próximo dia 2 de outubro, essa campanha alerta sobre as consequências da troca de favores na hora da escolha de um candidato. Vendido por uma cesta básica, alguns litros de combustível ou qualquer outra coisa, o eleitor outorga ao candidato comprovadamente corrupto o direito de decidir seu destino pelos próximos quatro anos, enquanto perdurar seu mandato.
“Aquele que compra o voto é corrupto, aquele que se vale desse ilícito para a compra do voto é corrupto, e se ele o fez durante o período eleitoral, por óbvio que será também corrupto após assumir o cargo. Ninguém deixará de ser corrupto com a simples assunção do mandato. Se é corrupto antes por óbvio que será depois”, ponderou o promotor Luiz Gustavo Camacho Terçariol, que atua na 18ª Zona Eleitoral da Comarca.
No entanto, o promotor ressaltou que o foco direto dessa campanha é nosso eleitor. “Essa campanha tenta lançar ao olhar dessas pessoas a mensagem de que a compra do voto é crime, é corrupção, mas a venda do voto é igualmente crime, é igualmente corrupção”, pontuou, citando que a pena prevista para esse crime é de até 4 anos de reclusão.
“O propósito dessa campanha é conscientizar o eleitor que o voto é um direito sagrado conseguido a duras penas pelos nossos antepassados. E não deve ser em nenhum tipo de hipótese ser vendido ou alienado por qualquer bem ou valor que seja. Quem vende o voto, vende o futuro de seus filhos. Quem vende o voto, troca uma escola por uma esmola. Quem vende o voto perde o direito e a moral de cobrar de seu candidato após a eleição. Porque o candidato já comprou o eleitor, o eleitor a ele pertence, então nada mais ele pode exigir desse candidato”, asseverou.
Terçariol enfatizou a importância do voto consciente, crítico e sem amarras a favores. “Se trocar um voto por uma cesta básica, por 20 litros de combustível, se trocar o voto por uma conta de água, isso nós iremos ver os reflexos nos próximos quatro anos. Às vezes os benefícios desse voto vendido você usufrui por minutos, talvez dias, mas os malefícios se perpetuam pelo menos por quatro anos”.
Para Ricardo Rotunno, promotor destacado para a 43ª Zona Eleitoral, “quem vende o voto não é eleitor, é criminoso”. Ele ponderou que o voto limpo exige uma imensa responsabilidade, citou os escândalos de corrupção evidenciados pela Operação Lava-Jato e destacou que de nada adianta sair às ruas para protestar contra os desmandos da política sem que antes tenha havido a “escolha livre de nossos representantes”.
Com abrangência em Dourados, Douradina e Itaporã, as 18ª e 43ª Promotorias Eleitorais reforçaram o apelo para que situações de compra de votos sejam denunciadas. Nos sites do MPF (Ministério Público Federal) e TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso do Sul) são disponibilizados canais para as denúncias desses crimes eleitorais.
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