Paulo Passos não revela se Rose Modesto continua sob investigação ou ‘escapou’

Vice de Reinaldo foi flagrada em áudios, mas não foi denunciada

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Vice de Reinaldo foi flagrada em áudios, mas não foi denunciada

Flagrada em áudios e citada nas gravações realizadas com autorização judicial que fizeram o Ministério Público Estadual agir na suspeita de que um golpe foi organizado para cassar Alcides Bernal (PP) do cargo de prefeito, a vice-governadora e pré-candidata a Prefeitura de Campo Grande pelo PSDB, Rose Modesto, não consta no relatório final do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) entregue ao TJ nesta terça-feira (31).

Ela era vereadora na época da cassação e demonstra nas conversas flagradas grande intimidade com Gilmar Olarte, denunciado no mesmo relatório por associação criminosa e corrupção ativa. Em dezembro, quando vazou relatório parcial das investigações sobre a cassação, vereadores chegaram a dizer que se rebelariam caso fossem incriminados e Rose escapasse.

Entretanto, o procurador-geral do MPE (Ministério Público Estadual), Paulo Cezar dos Passos, não respondeu na coletiva de imprensa marcada para anunciar detalhes da denúncia oferecida, qual a situação específica da atual vice-governadora tucana. Ele se limitou a dizer que parte do processo foi desmembrado ‘ou por não haver elementos suficientes para a denúncia, ou por terem foro privilegiado’.

Paulo Passos não revela se Rose Modesto continua sob investigação ou 'escapou'Ele não confirmou se Rose, recentemente anunciada como pré-candidato do PSDB justamente à Prefeitura de Campo Grande, faz parte do rol de investigados que foram encaminhados para acareação em instâncias superiores.

Rose é uma das personagens que é citada na primeira fase da operação. Na época vereadora, Modesto deu um dos 23 votos que cassou o mandato do prefeito Alcides Bernal (PP), assim como o deputado federal Elizeu Dionízio (PSDB), que também era vereador e votou pela cassação. Do mesmo partido, ficou na denúncia apenas o atual presidente da Câmara dos Vereadores, João Rocha.

Relatórios do MPE e TCE

Rose chegou a prestar depoimento ao Gaeco em setembro de 2015, e afirmou que era na condição de testemunha. Na oitiva, que aconteceu na sede da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) devido à prerrogativa de ser, na época, secretária de uma pasta ( Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho – Sedhast). Ela ainda jogou a ‘culpa’ pelo voto a favor de cassar Bernal em pareceres técnicos do MPE (Ministério Público Estadual) e do TCE (Tribunal de Contas do Estado), que reprovaram as finanças do chefe do Executivo, caracterizando improbidade administrativa.

Alcides Bernal, já na sessão em que foi cassado, denunciou que estava sendo vítima de um golpe. Mesmo assim, só veio à tona o caso após vazarem de investigações da Polícia Federal áudios com fortes indícios da suposta articulação pela cassação objetivando vantagens.

‘Morena mais linda’

Para negar que tenha participado do esquema investigado na Coffee Break, Rose disse que participou da campanha de Bernal durante o segundo turno das eleições de 2012. Todavia, grampos telefônicos autorizados pela justiça resultantes das investigações da operação ADNA, que apurou a utilização de cheques em branco e esquema de agiotagem em troca de vantagens na Prefeitura, sugerem que a vice-governadora mantinha forte relação com o vice-prefeito afastado, Gilmar Olarte.

Um dos arquivos de áudio divulgados registra uma ligação de Rose para Olarte, ocorrida em 2014. Ele atende a chamada e ela pergunta: “quem é a morena mais bonita de Campo Grande?”.

Em outro arquivo de áudio também da operação ADNA, o diálogo entre duas ex-servidoras da Câmara dos Vereadores, Anny Cristina Silva Nascimento e Marly Débora, captada dias antes da cassação de Bernal, revela que Rose, então vereadora, era peça certa para ser a titular da Semed (Secretaria Municipal de Educação) tão logo Olarte assumisse a Prefeitura. Ela também receberia cerca de R$ 7 milhões, conforme traz a gravação. Rose não foi confirmada na Semed, mas quem assumiu o posto foi Ângela Maria Brito, também do PSDB, por sugestão de Modesto.

Mais um arquivo traz Rose, ainda vereadora, negociando pagamentos a um fornecedor da Semed, mesmo sendo ela membro do Legislativo. No áudio, ela avisa que está na companhia de ‘Edinho’, forma como Modesto refere-se a Edson Godoy, um dos braços direitos de Olarte, de quem também foi ex-superintendente de Comunicação Social e secretário adjunto da Sedesc (Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo, Ciência e Tecnologia e Agronegócio).

Mesmo assim, o procurador-geral do MPE preferiu não confirmar se a vice-governadora estaria sendo beneficiada pelo foro privilegiado, no caso, as instâncias superiores do Tribunal de Justiça, ou se as provas reunidas teriam sido consideradas insuficientes, livrando assim a vice-governadora de Reinaldo Azambuja (PSDB) da Operação Coffee Break.

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