Nas ruas, eleitor diz que manobra tirou Dilma, mas maioria mantém apoio a saída

Diálogo entre Jucá e Machado vazou nesta segunda

O diálogo entre o ministro do planejamento Romero Jucá (PMDB-RR) e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado caiu como uma bomba no meio político. Em Campo Grande, o que se ouve nas ruas é que a ‘manobra’ pode sim ter afastado Dilma Roussef da presidência.

Na gravação de março do ano passado, Jucá fala com Machado sobre pacto para retirar a presidente do poder e deter avanço da Operação Lava Jato. “Rapaz, a solução mais fácil era botar o Michel”, diz Machado. Na conversa Jucá e Machado ainda avaliam que a prisão de Delcídio do Amaral foi uma ‘cagada’.

Para a estudante, Maria Luiza Venâncio, 20, a política de Temer é melhor que de Dilma. “Ele está se saindo bem, mas o problema é o sistema. O poder emana do povo, por isso, precisamos buscar o melhor para gente. E com ele, a sociedade percebeu que tem poder”, afirma ela.

“Eu acredito que estavam querendo tirar ela do poder, mas eu torcia mesmo para ele assumir. Acredito que o corte de gasto é necessário e vai dar resultado”, cita a esteticista Maria Holanda Guerra, 58.

O aposentado Virgilio Luiz Pinto, de 78 anos, também acredita na ‘manobra’. “Podem ter tirado ela mesmo, eu acredito. Mas a coisa está tão difícil, que está impossível até para o Temer. Em poucos dias, ele fez grandes mudanças, quero ver é mudar de vez o país, isso sim é complicado”, cita.

Sobre o pacto, o Grupo Avança Brasil, contra governo Dilma, não descarta a manobra. “Nos nossos grupos ouvimos gente dizendo que não foi vazado pela PF, que pode ter sido recortado, não sabemos ao certo. Mas, estamos no meio de uma guerra de gigantes. O que tramam lá dentro é outra historia. Não sei qual a intenção. Mas, estamos no fundo do poço, economicamente, falando. Precisamos agora de metas a curto, médio e longo prazo para se recuperar”, disse uma das representantes, Fabricia Salles.

“Eu sou contra algumas mudanças do Temer, mas acho que já precisamos mesmo mudar. Eu ouvi que ele quer aumentar o tempo para aposentar, pra mim só faltam três anos. Se ele aumentar, complica. Nós, brasileiros, somos um povo muito sofrido”, lembra a do lar Aparecida Bebert, 55.

 “A esperança é que ele possa fazer ainda mais porque quem exerce um cargo como esse tem que ter responsabilidade”, finaliza Antoliano. 

Jucá se licencia

Nesta tarde, o ministro do Planejamento disse que vai se licenciar do cargo a partir desta terça-feira (24) até o Ministério Público Federal se manifestar sobre as denúncias contra ele.

De acordo com a reportagem, em um dos trechos da gravação Jucá disse que “tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria”.

Ao ser questionado sobre o trecho, ele afirma que estava se referindo ao cenário da economia do país, e não a uma paralisação da Lava Jato.

“Estava falando em delimitar as responsabilidades, que é dividir quem tem culpa e não tem culpa. Delimitar responsabilidade não é parar a investigação. Não tem esse diálogo, nessa conversa”, disse, argumentando que o jornal usou “frases soltas dentro de um diálogo”.

“A análise que fiz e comentários que fiz com o senador Sérgio Machado [ex-presidente da Transpetro, subsidiária da Petrobras] são de domínio público. Disse o que tenho dito permanentemente a jornalistas, em entrevistas e debates”, afirmou.