Calheiros diz que Aécio ‘com medo da Lava Jato'

Novos áudios envolvendo o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, foram divulgados pelo Jornal Folha de São Paulo. Desta vez, uma conversa com o presidente do Senado, (PMDB-AL), que diz apoiar uma mudança na lei sobre delação premiada, com o objetivo de impedir um preso de se tornar delator, como tem sido feito na Operação Lava-Jato.

Em uma das conversas, Machado diz que deveria ser feito um “pacto” para “passar uma borracha no Brasil”. Renan responde dizendo que “antes de passar a borracha, precisa fazer três coisas” e inicia a lista: “primeiro, não pode fazer delação premiada preso. Primeira coisa. Porque aí você regulamenta a delação”.

Machado pergunta por que Dilma não ‘negocia' com os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e Renan responde: “porque todos estão putos com ela”. Segundo ele, alguns políticos temem o avanço da Lava Jato. “Aécio está com medo”, afirma o peemedebista, que em seguida diz ter sido procurado pelo senador e ex-presidenciável tucano, que teria dito “Renan, queria que você visse para mim esse negócio do Delcídio, se tem mais alguma coisa”.

Procurado pela Folha, Renan informou por meio da assessoria que “os diálogos não revelam, não indicam, nem sugerem qualquer menção ou tentativa de interferir na Lava Jato ou soluções anômalas. E não seria o caso porque nada vai interferir nas investigações”.

“Em relação ao senador Aécio Neves, o senador Renan Calheiros se desculpa porque se expressou inadequadamente. Ele se referia a um contato do senador mineiro que expressava indignação –e não medo– com a citação do ex-senador Delcídio do Amaral”, diz nota emitida pela assessoria de Renan.

O Supremo afirmou que seu presidente, Ricardo Lewandowski, “jamais manteve conversas sobre supostas ‘transição' ou ‘mudanças na legislação penal' com as pessoas citadas”, isto é, Renan Calheiros e Sérgio Machado. O STF, segundo a nota, “mantém relacionamento institucional com os demais Poderes” e o Lewandowski “participou de diversos encontros, constantes de agenda pública, com integrantes do Poder Executivo para tratar do Orçamento do Judiciário e do reajuste dos salários de servidores e magistrados”.

A Executiva nacional tucana também respondeu à Folha em nota e revelou que pretende acionar juridicamente Sérgio Machado. “(É) inaceitável essa reiterada tentativa de acusar sem provas em busca de conseguir benefícios de uma delação premiada. Fica cada vez mais clara a tentativa deliberada e criminosa do senhor Sérgio Machado de envolver em suspeições o PSDB e o nome do senador Aécio Neves, em especial, sem apontar um único fato que as justifique. As gravações se limitam a reproduzir comentários feitos pelo próprio autor, com o objetivo específico de serem gravados e divulgados.”