Desvios em dois lotes da obra já chegam a R$ 8 milhões

Na inauguração da pavimentação asfáltica da MS-040, entre Santa Rita do Pardo e Campo Grande, o ex-governador André Puccinelli (PMDB), dois dias antes de deixar o governo, afirmou que a obra, de quase R$ 300 milhões, só foi possível porque a presidente afastada, Dilma Rousseff (PT), facilitou liberação de recursos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Pelo menos R$ 8 milhões foram desviados em dois dos 10 lotes da rodovia, segundo investigações das Operações Lama Asfáltica e Fazendas de Lama.

A MS-040 era um dos principais projetos do pacote de obras lançado por Puccinelli, e gerenciado por Edson Giroto, então secretário de obras do peemedebista, chamado de MSForte2, que custou R$ 3,6 bilhões, sendo que pouco mais de R$ 1 bilhão foram de recursos obtidos junto ao BNDES.Dilma ajudou André a liberar verba investigada por desvios na MS-040

“Conseguimos graças ao equilíbrio financeiro nosso e ao reconhecimento dessa condição pelo Governo Federal. Agradecemos, também, então à presidente Dilma, que nos ajudou a acelerar esse processo. Fomos dos primeiros a assinar o BNDES Estados”, disse Puccinelli na inauguração da obra, ao lado de políticos.

Informações obtidas pelo Jornal Midiamax revelam que dos 10 lotes licitados pelo governo para pavimentação da MS-040, dois foram vencidos por empresas investigadas na Lama Asfáltica, e os desvios já chegam a cerca de R$ 8 milhões.

Segundo as investigações, houve fraude na execução da obra, irregularidades na medição e direcionamento de licitação.

Falsidade

Para conseguir os recursos junto ao BNDES, o governo Puccinelli apresentava declarações falsas ao banco, tanto da medição da obra, quanto da transparência de aplicação de recursos. Ao todo, incluindo recursos próprios, apenas na segunda gestão, André gastou quase R$ 1,5 bilhão em obras infraestrutura e logística, setores com atuação direta de Giroto e do empreiteiro João Amorim.

Foram pavimentados 210 kms na MS-040, além da substituição de pontes de madeira por pontes de concreto. Pelo empreendimento, o ex-governador recebeu da Câmara de Santa Rita do Pardo o título de Cidadão Santa Ritense.

Operação

A Fazendas de Lama contou com um efetivo de 201 policiais federais, 28 da Controladoria Geral da União e 44 da Receita Federal, que cumpriram 28 mandados de busca e apreensão e 15 mandados de prisão temporária, bem como 24 mandados de sequestro de bens de investigados.  Ao todo, R$ 43 milhões em bens foram bloqueados e oito pessoas tiveram a prisão temporária revertida em prisão preventiva.

Nesta segunda fase da Operação, a Força Tarefa da PF, RF e CGU, ampliaram o foco dos trabalhos, incluindo além da apuração de desvios de recursos públicos, investigações sobre lavagem de dinheiro do grupo, classificado como ‘organização criminosa’ pelos agentes.