Quem se envolve com drogas acaba votando no PT, disse parlamentar

O Partido dos Trabalhadores promete ir à Justiça contra o deputado federal sul-mato-grossense (DEM), que relacionou eleitores da legenda ao uso de drogas. O diretório regional petista já estuda como processar o parlamentar, disse neste sábado (16) o presidente Paulo Duarte.

“Vamos entrar com ação por esse desastre que ele falou. Ainda mais se tratando de maneira pejorativa de um tema que é problema sério de muitas famílias”, comentou Duarte. Lideranças locais petistas participam de congresso estadual nesta manhã, em Campo Grande.

As declarações de Mandetta foram feitas na quarta-feira (13), durante sessão da Comissão de Seguridade Social e Família, da Câmara dos Deputados, quando a discussão era sobre projeto de lei que trata da restrição do uso de aromatizantes e flavorizantes em bebidas alcoólicas.

“Eu vejo aqui o pessoal defendendo liberação da maconha. É a mesma coisa. O cara vai fazer maconha mais forte, mais fraca, embalada, não embalada… faz mal, dá câncer, pra que você vai liberar? Depois o cara começa na maconha, passa pra cocaína, vai no crack, acaba votando no PT no final do processo”, disse Mandetta. Em seguida, ele e alguns colegas começaram a rir.

Segundo Paulo Duarte, a imunidade parlamentar “não dá salvo conduto para ofender o partido e as pessoas que votaram na Dilma, são mais de 53 milhões de eleitores”. “Foi uma coisa horrível, irresponsável, uma acusação leviana. Ele tem direito de discordar do PT, mas não de querer manchar a história e trajetória do partido”, emendou o deputado federal Zeca do PT, que também participa da reunião petista neste sábado.

A declaração de Mandetta repercutiu em nível nacional. Ao portal Uol, a assessoria do parlamentar informou que ele foi apenas irônico e nem os colegas petistas de bancada se incomodaram com o comentário.

No Youtube, é possível encontrar o vídeo publicado no canal ‘Henrique Mandetta', sob o título “Mandetta satiriza PT e cria clima de descontração CSSF”. A assessoria e o parlamentar foram procurados pela equipe de reportagem, neste sábado, mas não foram localizados.

A reportagem do Uol sobre o caso lembra ações de improbidade administrativa, do MPF (Ministério Público Federal), nas quais Mandetta é citado. O deputado era secretário de Saúde da Capital quando surgiu o projeto do (Gerenciamento de Informações Integradas da Saúde) – este ano, o Ministério da Saúde determinou à Prefeitura a devolução de R$ 14,8 milhões (valores corrigidos) porque, apesar de o repasse de verbas ter sido feito, o sistema não saiu do papel.

“Ou ele estava com alguma coisa na cabeça ou está se escondendo atrás desse discurso fácil para não falar da bandalheira dele e da família dele”, retrucou Zeca, neste sábado. Mandetta é primo de Nelsinho Trad (PMDB), prefeito de Campo Grande na época do Gisa.