Impeachment deixa senador em segundo plano

O senador Delcídio do Amaral (PT) completa 15 dias na prisão nesta quarta-feira (9) e já começam a surgir boatos sobre possível delação premiada. Tudo começou quando o senador contratou o mesmo advogado  do doleiro Alberto Yousseff e de outros seis réus da Lava Jato, que em parte negociaram delação premiada.

A assessoria de Delcídio sempre negou a possibilidade de delação premiada, mas hoje Eduardo Marzagão, que assessora diretamente o senador, fazendo a maioria das visitas, não atendeu aos vários telefonemas.

A cada dia surge uma nova informação sobre  possível envolvimento de Delcídio com desvios na Petrobras. Ontem vazou a informação que em delação premiada o ex-diretor da Petrobras, Nestor Cerveró, teria dito que Delcídio recebeu US$ 10 milhões da multinacional Alstom  no governo de Fernando Henrique Cardoso, entre 1999 e 2001.

Segundo Cerveró, os 10 milhões de dólares foram recebidos de suborno da multinacional. Na época Delcídio era diretor de Óleo e Gás da Petrobras  e Cerveró um dos chefes dele. O suborno teria ocorrido para compra, às pressas, de uma turbina para uma termoelétrica que seria construída no Rio de Janeiro, quando o governo de Fernando Henrique Cardoso passava por problemas com apagão.

Ultimamente não há muitas informações sobre o dia do senador na cadeia. No começo só familiares o visitavam, até ele receber o apoio do presidente do PT, Antônio Carlos Biffi, e dos deputados federais Vander Loubet (PT), Zeca do PT e Dagoberto Nogueira (PDT).

As notícias sobre a prisão do senador continuam de maneira mais tímida, diante de toda confusão com pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), o que pode ter efeito positivo para o senador, que desaparece um pouco do noticiário, mas também negativo, visto que pode ser esquecido pelo próprio governo do PT, ficando por mais dias do que a defesa esperava na cadeia.

Delcídio depôs apenas no primeiro dia que ficou preso. Depois disso o assessor confidenciou que eles aguardavam novo depoimento para pedir que ele deixasse a prisão, mas isso acabou não acontecendo. Mesmo sem o depoimento a defesa acabou apresentando pedido de habeas corpus, que foi negado pela ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF).