Apesar da fome nas aldeias, Funai deve perder 600 toneladas de comida em MS

Produtos deveriam ter sido distribuídos em dezembro

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Produtos deveriam ter sido distribuídos em dezembro

Para ajudar a quem mais precisa e impedir um desperdício maior de alimentos, o Governo de Mato Grosso do Sul entrou em contato com o Exército e criou uma força-tarefa com cerca de 65 voluntários para levar aos indígenas do Estado cestas alimentares de responsabilidade da Funai (Fundação Nacional do Índio), do Governo Federal, que estão estocados desde dezembro na Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), no Indubrasil, em Campo Grande.

Das 900 toneladas estocadas, 300 serão entregues às comunidades indígenas, em uma verdadeira operação de guerra, na região Sudoeste de Mato Grosso do Sul, a partir do próximo dia 8, graças à iniciativa da Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho (Sedhast). As outras 600 toneladas estão muito próximas da validade e não poderão mais ser distribuídas.

Descaso

Alegando dificuldade logística, a Funai deixou o alimento estocado e não fez essas cestas chegarem aos indígenas, que dependem da ajuda do Estado para sobreviver. Agora, o Governo do Estado irá entregar 11.645 cestas alimentares para as cidades de Antonio João, Ponta Porã, Bela Vista, Laguna Carapã, Eldorado, Sete Quedas, Dourados, Amambai, Caarapó, Paranhos, Tacuru, Japorã, Coronel Sapucaia e Aral Moreira. Os dados são da coordenadora de apoio ao Sisan (Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional), Luciene Almeida.

Hoje, o Governo do Estado já atende 15 mil famílias indígenas de nove etnias por meio do programa Segurança Alimentar. O número ainda está longe de atender todos os 72 mil indígenas que, em sua maioria, vivem em uma situação de pobreza em Mato Grosso do Sul, mas já é possível ver uma diferença no tratamento dado aos índios em relação aos governos anteriores, mesmo diante de um cenário de desconfiança por conta de o governador Reinaldo Azambuja ser produtor rural.

Novidade

É a primeira vez que o Governo de Mato Grosso do Sul cria uma política específica para aquela população, inclusive com a criação da Superintendência de Política Indígena, que é ligada à Sedhast e está sob comando da terena Silvana Dias de Souza Albuquerque.

Outra mudança foi com relação a regularidade e qualidade do alimento fornecido aos povos indígenas. Agora, as cestas são entregues todos os meses. São 405 mil quilos de alimentos. Cada uma das 15 mil cestas pesa 27 quilos e contém arroz, feijão, óleo, fubá, farinha, leite, charque, sal e macarrão, mas os próprios indígenas de cada comunidade escolhem se algum desses itens deve ser substituído. “Estamos sempre em contato com as comunidades. São os indígenas que dizem o que precisa ser substituído por conta da qualidade ou dos seus hábitos alimentares. Recentemente mudamos a marca do leite por uma melhor”, explicou a superintendente dos Benefícios Sociais, Angela Nunes.

Para o segundo semestre, o Governo prevê outras ações complementares como a constituição da Polícia Comunitária Indígena, que respeita as características dessa população, e a implantação de um projeto de prevenção às drogas nas aldeias.

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