Segundo funcionário, empresa escondeu tanque e desperdiçou vários caminhões de cimento com erros

 

O governador eleito, Reinaldo Azambuja (PSDB), afirmou que não investirá dinheiro no enquanto não fizer uma auditoria. A declaração de Azambuja não agrada o grupo de (PMDB). Porém, basta uma conversa rápida com funcionários de empreiteiras para descobrir que foram inúmeros casos de desperdício de dinheiro público na criticada obra que o governador classifica como “emblemática”.

O Midiamax conversou com o representante de uma das empreiteiras subcontratadas que está há meses trabalhando no aquário. Em pouco tempo ele detalhou vários casos de desperdício por conta de erros no projeto. A lista inclui até um aquário inteiro escondido no meio da obra por conta de um erro no projeto.

“Teve um tanque que perderam, isolaram. Fizeram ele e concretaram tudo, mas saiu do projeto. Fizeram errado e ele já estava pronto. Foram oito caminhões ou mais de concreto só com este tanque. Gastou muito concreto com fundação, laje e paredes”, contou.

O funcionário conta que a Egelt, que tomava conta do projeto, cometeu vários erros, a começar pela estrutura do aquário. Segundo denúncia, a empresa fez a estrutura com pilar e arco de concreto, mas teve que derrubar tudo e refazer porque estava errado.

“Estava na metade e mandaram derrubar. Tiveram que fazer tudo de estrutura metálica. Foram várias coisas erradas. Jogavam dois caminhões de massa fora todos os dias. Faziam dois caminhões de massa e não usavam nem a metade de um. Ai jogava tudo fora”, detalhou.

O funcionário relatou erros até no plantio de gramas, que acabou gerando mais despesa desnecessária. “A grama, já estavam plantando tudo até lá embaixo. Mas, não fizeram a drenagem e tiveram de arrancar tudo. É um ganhando dinheiro do outro. Como a máquina arrancou tudo, perdeu a grama e ganharam dinheiro para fazer tudo de novo. Agora arrumou mais R$ 34 milhões”, criticou.

Obra milionária

Previsto para custar R$ 84.749.754,23, o aquário contabiliza inúmeras suplementações que já fazem o preço passar da casa dos R$ 200 milhões, embora Puccinelli viva sustentando que não passa de R$ 155 milhões.

Em outubro ele disse ao Midiamax que os R$ 14,9 milhões que a Petrobras está gastando no Aquário do Pantanal, em Campo Grande, não entram na soma de R$ 154 milhões em verbas públicas já consumidas pelo projeto.  Com isso, a obra já chegaria a R$ 169 milhões, que somados aos R$ 34 milhões carimbados pela Assembleia, já chega a R$ 203 milhões.

No mesmo dia ele comentou que a obra não foi concluída no prazo porque “as empreiteiras não deram conta de terminar”. Depois, corrigiu-se: “não é que não deram conta, é que quebrou o aquário” – um acidente danificou algumas das placas de acrílico de parte dos tanques.

Atraso

Puccinelli prometeu entregar o aquário pronto antes do final do mandato, mas a três dias do fim, a obra está longe do planejado inicialmente.  Os empreiteiros não concluíram a parte administrativa; o aquário principal; passarela; forro; paisagismo e começaram a encher apenas um dos tanques.  

Chamado de “elefante branco” e até de “abacaxi deitado” por deputados e por parte da população, a obra de Puccinelli nem foi concluída, mas já tem mais motivos para envergonhar do que para exaltar o idealizador.

O aquário é alvo de inquérito do Ministério Público Estadual, por denúncia de superfaturamento e críticas sobre a real necessidade da obra, quando o Estado carece de serviços básicos, como saúde e segurança. Recentemente, uma das empresas contratadas relatou outros problemas na obra, anunciando calote e até sumiço de material.

Com tantos problemas, Puccinelli pode até passar a vergonha de ver a família de Manoel de Barros rejeitar dar o nome do poeta ao aquário. O deputado Marquinhos Trad (PMDB) decidiu ouvir a família antes de dar nome do poeta ao aquário, como propôs Felipe Orro (PDT). Há quem duvide que a família aceitará dar o nome do poeta ao aquário, diante de tamanhos problemas. A reportagem tentou falar com engenheiros, mas ninguém deu entrevista.