Vereador tenta usar ex-assessor para colocar servidores públicos contra Bernal

Presidente do Sisem ligado a um dos maiores opositores de Alcides Bernal na Câmara é acusado de tentar usar sindicato para interesses pessoais.

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Presidente do Sisem ligado a um dos maiores opositores de Alcides Bernal na Câmara é acusado de tentar usar sindicato para interesses pessoais.

O prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP), está iniciando o mandato com alguns problemas, segundo ele, criado pela antiga administração. Não bastasse as questões mais técnicas, que envolvem a criação de despesas extras, o prefeito também tem que encarar problemas de ordem política, criados para tentar deixá-lo como vilão frente à população.

Alegando insatisfação com saláriso, o presidente do Sindicato dos Servidores e Funcionários Municipais de Campo Grande (Sisem), Marcos Tabosa, organiza uma “paralisação de advertência” no dia 18 de fevereiro. Porém, o prefeito pede para servidores ficarem atentos, para não se tornarem massa de manobra de interesses de terceiros.

“O Marcos Tabosa tem uma liderança questionada. Outros sindicatos encaminharam relatos da grave conduta dele. É um funcionário ligado ao Saraiva (vereador Airton Saraiva-DEM), cumprindo missão de usar os servidores como massa de manobra para satisfazer o interesse dele. Não tem moral e credibilidade para alegar qualquer coisa contra a administração”.

O prefeito alega que há interesses políticos, orquestrados principalmente por pessoas que por mais de 20 anos foram beneficiados pela antiga administração. “O servidor tem que ficar atento para não ser usado por pessoas que querem fazer desgaste político. Todos vão ser pagos dentro do prazo e receberão o que é merecido. Os servidores têm que ficar alerta para não serem usados por quem mamou na teta do poder e agora perdeu a teta”.

O vereador Airton Saraiva é um dos principais opositores de Alcides Bernal, sendo o criador de alguns projetos criados para “engessar” a administração, com redução de suplementação e congelamento do IPTU, o que não aconteceu no governo de Nelsinho Trad (PMDB),que tinha Saraiva como um dos maiores apoiadores. “O Saraiva é o mais raivoso porque tomava conta de secretarias e se sentiu prejudicado pelo resultado eleitoral. Ele usa um assessor dele para fazer esta situação”, criticou.

O prefeito explica que Marcos Tabosa tenta usar o sindicato para criar estardalhaço. Ele conta que o mês ainda não tinha nem acabado e Tabosa já estava na Central de Atendimento ao Cidadão para tentar impedir o funcionamento, utilizando servidores para criar tumulto.

Salário de servidores

O prefeito Alcides Bernal afirmou que não haverá cortes nos salários de servidores. Ele explicou que algumas bonificações eram dadas por meio de um convênio, que venceu em dezembro de 2012. “Não foi renovado por interferência do sindicato, que criou movimento de conturbar. Mas, todos os servidores vão receber”.

O prefeito também falou sobre o dia de pagamento e prometeu que divulgará um calendário que indicará o dia que o servidor será pago: “O Pagamento até quinto dia é feito dentro do prazo. A partir de março vou divulgar uma agenda do pagamento. Mas, como vimos, um dia a mais ou a menos para quem quer reclamar é suficiente. Não estarei fazendo promessa para não cumprir. Todos vão ser pagos dentro do prazo e receberão o que é merecido”, garantiu.

Liderança questionada

Muitos servidores públicos não aprovam a liderança de Marcos Tabosa. Uma servidora, que preferiu não se identificar, alega que Marcos Tabosa “juntou uma turminha” e criou um sindicato que na administração de Nelsinho Trad (PMDB) nunca deu apoio ao servidor. “Até hoje não dá apoio. Foi uma criação do Nelsinho para ter uma relação com ele. Não era uma relação do sindicato, mas do Tabosa com ele”, criticou.

A servidora Maria das Dores Rocha, conhecida como Maria do Sisem, explica que Marcos Tabosa não deveria nem estar à frente do sindicato, visto que o mandato dele venceu em outubro de 2012. Para acabar com esta situação de desconfiança dos servidores, um grupo dentro do próprio Sisem está criando uma “Frente de Mobilização e Moralização Sindical”.

“Não temos interesse de confrontar. Nosso objetivo é reforçar e recuperar o sindicato para ter autonomia e representar os servidores que estejam se sentindo lesado no pagamento ou coisa deste tipo. Estamos entrando com uma ação para representar os servidores interessados em uma nova administração. Precisamos chamar novas eleições. O servidor precisa ser consciente que atuação do Tabosa é totalmente improcedente. Ele não pode mais atuar como presidente”.

Maria justifica que o Sisem precisa chamar eleições para eleger um presidente que defenda o servidor. “Não queremos oba-oba. Temos que reivindicar e não distorcer a realidade. Visar o interesse coletivo e não próprio. É incrível como um vereador se de ao prazer de manter um cidadão desta espécie representando ele, o gabinete e servidores. Não tem nem a prestação de conta do sindicato e queremos auditoria”, concluiu.

Denúncias

Em novembro de 2012 o Midiamax publicou uma denúncia de servidores públicos contra Marcos Tabosa. Eles o denunciaram na Justiça por suposto desvio de mais de R$ 120 mil dos cofres da instituição. Os servidores não compreendiam como que, com uma receita mensal de R$ 29 mil, e tendo recebido em 2011 R$ 1 milhão de imposto sindical e em 2012 mais R$ 350 mil, o sindicato tenha dívidas como IPTU atrasado.

De acordo com os servidores, extratos bancários apontavam um desfalque de mais de R$ 125 mil das contas do sindicato. Entre os valores que chamaram a atenção estão a compra de carnes em valor de R$ 34,2 mil em agosto e R$ 22,6 mil em julho, bem como duplicatas de R$ 15 mil. A ação na Justiça foi subscrita por 76 servidores, pelo vice-presidente, tesoureiro geral, diretores de base, Pedro Félix, Marco Antônio e Mario Giraldelli e o filiado Roberto Domingues Portilho.

Procurado pela reportagem a época, Tabosa negou as acusações e disse que a denúncia é fruto de uma briga interna no sindicato em que o grupo que se voltou contra ele tenta tomar o poder a qualquer custo. A reportagem tentou, mas não conseguiu contato com Marcos Tabosa e com o vereador Airton Saraiva nesta segunda-feira (11).

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