Puccinelli admite que paga R$ 3,8 mil para comissionado trabalhar quatro horas diárias
Puccinelli disse que paga o alto salário ao ser questionado do caso do ex-deputado Reginaldo Ferreira, do PRB, exonerado, mas conseguiu emplacar a esposa, Rosemary Bezerra, com o mesmo salário na governadoria.
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Puccinelli disse que paga o alto salário ao ser questionado do caso do ex-deputado Reginaldo Ferreira, do PRB, exonerado, mas conseguiu emplacar a esposa, Rosemary Bezerra, com o mesmo salário na governadoria.
O governador André Puccinelli (PMDB) declarou na manhã desta sexta-feira (15) que paga no mínimo R$ 3,8 mil para cargos comissionados trabalharem com a jornada de apenas quatro horas diárias. A confissão foi feita durante questionamentos sobre a quantidade de comissionados e os suspeitos de não cumprirem expediente.
Puccinelli entregou que paga o alto salário ao ser indagado especificamente sobre o caso do ex-deputado Reginaldo Ferreira, do PRB, que foi exonerado, mas conseguiu emplacar a esposa, Rosemary Bezerra, com o mesmo salário na governadoria. O governador afirmou que Rosemary não ganha o mesmo salário e acabou entregando os demais: “Existe com produtividade e sem produtividade. Com expediente de 8 horas, de 4 horas. Têm vários. Vai de R$ 3,8 mil, como mínimo, até R$ 7 mil como máximo bruto”, justificou.
O governador também admitiu que já recontratou 42 dos 143 comissionados exonerados no começo do ano, explicando que foram recontratados porque os chefes disseram que eram importantes. Ele negou que funcionários recebem sem trabalhar e disse que há um controle.
“Todos os que estão lotados estão trabalhando, como os que foram demitidos estavam trabalhando. O que eu disse: alguns eram ineficientes, outros eram acomodações políticas. É uma sacudida para melhorar o desempenho. Falem um que está nomeado e vão ver se trabalham. Podem ir lá ver”, desafiou.
Na prática, a facilidade não é tão grande como Puccinelli diz ser. O Midiamax foi impedido de entrar no prédio da governadoria para falar com alguns comissionados contratados como DGA-1, com salário que segundo decreto do próprio governo, é de R$ 4.873,01, com direito a mais 60% de representação, podendo chegar a R$ 7.796,81.
O chefe da comunicação de Puccinelli, Guilherme Filho, disse que a reportagem não entraria no prédio e poderia falar com os funcionários pelo telefone. “Não é o caso. Se você quer esclarecer se trabalham de fato, onde trabalha, tem como: liga para eles, para a assessoria de governo e não tem problema nenhum, a gente informa”. A reportagem ligou para tentar falar com uma das comissionadas, Rosemary Bezerra, pelo telefone, mas a secretária Rose informou, as 16h50, que o RH (Recursos Humanos) já estava fechado e não teria como saber onde a funcionária trabalhava.
As suspeitas de fantasmas na governadoria aumentaram depois de comentários feitos pelos próprios vereadores. O caso mais famoso é o do recém exonerado Juvêncio César da Fonseca, ex-senador e prefeito de Campo Grande. Juvêncio foi exonerado com 143 outros comissionados, pouco tempo depois do ex-vereador Athayde Nery (PPS) dizer que ele ganhava um ótimo salário, sem cumprir expediente.
Em novembro do ano passado, uma denúncia de filiados ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) também trouxe a tona as suspeitas de cargos fantasmas no governo de André Puccinelli (PMDB). Os filiados solicitaram afastamento do presidente estadual do PTB, Ivan Louzada, até que fossem esclarecidas denúncias de que o partido estaria “recebendo recursos indiretamente do Poder Público”, por meio da nomeação de 10 apadrinhados do presidente regional, na Casa Civil do governo de André Puccinelli. O presidente do PTB jovem em Mato Grosso do Sul, João Alfredo Vieira, é um dos acusados de receber e não cumprir expediente. Ele foi exonerado por Puccinelli no começo do ano, mas recontratado no dia 21 de janeiro.
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