Em meio à avalanche de denúncias, vereadores também culpam eleitor por compra de voto
Vereadores que estão livres de processos negam irregularidades, dizem que não sabem de esquemas de troca de voto por combustível e ainda cobram a população, para que a prática denunciada acabe
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Vereadores que estão livres de processos negam irregularidades, dizem que não sabem de esquemas de troca de voto por combustível e ainda cobram a população, para que a prática denunciada acabe
A Câmara de Campo Grande pode enfrentar uma avalanche de cassações nos próximos meses. Dos 29 vereadores, cinco – Mário César (PMDB), Thais Helena (PT), Delei Pinheiro (PSD), Paulo Pedra (PDT) e Alceu Bueno (PSL) – enfrentam processo na Justiça Eleitoral, onde são investigados por denúncia de compra de voto, feita por meio de doação de combustível.
Vereadores que estão livres de processos negam irregularidades, dizem que não sabem de esquemas de troca de voto por combustível e ainda cobram a população, para que a prática denunciada acabe. Segunda mais votada em Campo Grande, a vereadora Rose Modesto (PSDB) acredita que a população tem uma função muito importante nesta luta contra a corrupção.
“Mais do que nunca, passa pelo eleitor esta decisão. Na verdade, a mudança que o povo quer não vai partir tanto do comportamento do político como do próprio comportamento do povo. O eleitor que pode definir e isso que é o mais interessante”, analisou.
A avaliação de Rose é a mesma do vereador Chiquinho Telles (PSD), que também chama para a população a responsabilidade no combate a prática ilegal. “O eleitor também tem sua parcela de contribuição nisso. Se não tem o eleitor que se vende, não tem o político que compra. Nunca disputei eleição com dinheiro. Nós vencemos na raça. Com pouca estrutura. Quem tem que responder é quem gastou muito dinheiro na campanha. Sou a favor de que, se está errado, está na lei, tem que cumprir”, opinou.
Vereador mais votado em Campo Grande, o ex-governador Zeca do PT ressalta que a Justiça Eleitoral está tomando as providências e vem cassando quem pratica estas irregularidades. O vereador nega irregularidades na campanha dele e comemora os inúmeros casos de prefeitos cassados em Mato Grosso do Sul.
“Eu tenho orgulho de dizer que já fui candidato a prefeito, duas vezes a governador, deputado estadual, vereador mais votado e nunca admiti este comportamento. Fui eleito andando à pé. Não tinha nada. Percorria eu e minha mulher com um grupo de companheiros simpatizantes em todas as ruas de Campo Grande. Eu abomino esta prática. Isso não contribui. Ao contrário, isso fragiliza a democracia e tem que ser banida da prática político-eleitoral”, avaliou.
Terceiro mais votado em Campo Grande, o vereador Paulo Siufi (PMDB) afirma que nunca distribuiu kit combustível ou negociou adesivo em carro. Ele assegura que os adesivos da campanha dele são dados a pacientes, amigos ou familiares, que espontaneamente divulgam o mandato. “A gente faz adesivagem nos semáforos como todos os partidos fazem. Fiz vários finais de semana, inclusive sendo noticiado. Em relação ao que os outros fazem, não sei dizer”, concluiu.
O vereador Carlão (PSB) lembra que a legislação é clara com relação ao que pode ou não ser feito na campanha. Porém, atenta que é preciso investigar tudo, para não correr o risco de cair no “denuncismo”. Na avaliação do vereador, a Justiça deveria ser mais ágil e julgar o processo antes da diplomação dos eleitos. “Tem que mudar as leis eleitorais. Os vereadores foram eleitos. A vontade do povo tem que ser respeitada e o Judiciário tem que tomar a decisão antes da posse. Agora, não vou afirmar se teve ou não compra, mas está prejudicando o trabalho da Câmara”, finalizou.
O Caso
O Ministério Público Eleitoral denunciou os quatro vereadores (Thais, Alceu, Pedra e Delei) por suposta troca de combustível por voto. A Justiça encontrou requisições de vale combustível em um posto na avenida Cel. Antonino, constando placa de veículos ou nome de beneficiários, mesmo com nota emitida em nome dos candidatos. Durante a investigação a Justiça teria apreendido lâminas de cheque e R$ 16 mil em espécie. Porém, os vereadores negam irregularidades e afirmam que os vales referem-se a contratados como cabo eleitoral.
Recentemente, a juíza Elisabeth Rosa condenou o presidente da Câmara, Mário César (PMDB), à perda imediata do mandato, inelegibilidade por oito anos e ao pagamento de multa de 50 mil UFIR (R$ 53 mil de multa). Ele foi acusado de compra de votos por meio de distribuição de combustível nas eleições de 2012. Porém, conseguiu liminar e continua com o mandato até o julgamento da ação pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE).
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