Em outra reunião com comissionados, Puccinelli manda que ‘se virem-se’ atrás de votos
Midiamax recebeu três áudios da reunião, que reforçam suspeita de pressão eleitoral com a participação do alto escalão do governo
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Midiamax recebeu três áudios da reunião, que reforçam suspeita de pressão eleitoral com a participação do alto escalão do governo
Outra reunião com 55 servidores estaduais comissionados e o governador, na sede do PMDB de Campo Grande, em 14 de agosto. Agora com os comissionados da Seprotur – Secretaria Estadual de Produção e Turismo. Puccinelli não só checou o voto de cada um dos presentes nos candidatos a vereador, como conclamou a todos a fazerem campanha em busca de mais votos para o seu candidato a prefeito, Giroto, do PMDB.
“O que a gente pede? Empenho no candidato a prefeito. Não é só…‘eu vou votar’. Cada um de vocês tem prestígio para mais de um voto. Então, se virem-se, redundantemente, tá? O que a gente pede é apoio, é convencer o amigo…convencer o inimigo vale dois, um que sai de lá , e um que vem pra cá”, asseverou Puccinelli.
O governador, como foi seguidamente chamado pelos presentes, imprimiu um tom descontraído à reunião, mas não deixou de pontuar com ênfase aquilo que considerava inegociável.
“Esses aqui que eu estou chamando, pra candidato a prefeito, não tem opção. Se tiver opção por outro, vai lá pro Vander, filia no PT, quando ele ganhar. Se tiver opção pelo Reinaldo, filia no PSDB, quando ele ganhar, e assim por diante. E vereador não, dentro da nossa coligação (…)”, asseverou o governador.
Também há frases emblemáticas de Puccinelli, que indicariam a participação direta dos secretários e funcionários de alto escalão do governo na checagem e cômputo dos votos dos servidores comissionados, de onde teria saído a lista. É única questão é quando e como a checagem foi feita. A Constituição Federal e a Lei Eleitoral estabelecem que ninguém pode revelar o seu voto, a não ser por livre e espontânea vontade.
“Mas aqui, eu este ano, eu fiz diferente, deixei as secretárias e os secretários para que eles os incumbissem (os auxiliares) em ver os cargos comissionados em quem votavam. Sem opção de candidato a Prefeito”, assegurou o governador.
Durante a reunião o governador citou nomes da cúpula da Seprotur. Um deles que estava presente na reunião era Jonathas Camargo, o superintendente de Indústria e Comércio da Seprotur. Uma de suas altas funções é articular a isenção de impostos para empresários que se instaram no MS. Assim, Jonathas conhece bem, e diretamente, o empresariado estadual.
O outro que falava diretamente com o governador, dando explicações sobre os comissionados, era Marcos Vinícius (declarou o voto), que poderia ser Marcos Vinicius Lordelo de Souza Neves, Ordenador de Despesas da secretaria, que ratifica as licitações.
O nome “Teresa” aparece três vezes nas gravações amadoras, e o de Paulo Engel uma. Tereza Cristina Corrêa da Costa Dias é a secretária da Seprotur e Paulo Engel o diretor-adjunto.
Como nesta ocasião: “Então eu não sei se foi a Tereza que viu ou se a Tereza incumbiu alguém de ver, tá?”
Ou quanto a rechecagem dos votos dos faltantes:
Puccinelli: Aurican Paiva Siqueira.
Marcos: Esse tá no BRDE… Governador.
Puccinelli – BRDE? Então o Gervásio tem que dar cópia aqui pro secretário e pra secretária e pro Paulo Engel (…) o terceiro… eu não te chamei de propósito que é pra você não induzir a erro (…) Camargo. Dá uma cópia pra eles, pra esses que não foram, conferir, rechecar, tá?
Ainda na reunião, a palavra ‘governador’ foi pronunciada algumas vezes pelos presentes e pelo próprio Puccinelli, em tom descontraído:
Puccinelli: Genival?
Genival: Aqui, governador. Giroto e Cícero Ávila.
Puccinelli: Mudou de Carla para Cícero.
Genival: É, foi a pedido aqui do nosso amigo Camargo.
Puccinelli: Então cê vai ficar com a Carla (risos). Qual é a tua vontade? Tá duro hein…na frente do Governador…já viu…
Genival: Sabe por que governador? …
Puccinelli: Cícero, tá ótimo. É companheiro, tá bom, tá bom”.
E, num sinal de que a reunião era definitiva quanto à escolha do voto, o governador foi bem declaro em determinar, mais de uma vez, que depois da lista ter sido checada por ele, não poderia mais haver mudanças. Como nos questionamentos abaixo:
Puccinelli: Gerônimo?
Gerônimo: Marcos Tiguman
Puccinelli: Você mudou?
Gerônimo: Mudei.
Puccinelli: Tiguman, então agora não muda mais”.
Ou então: Puccinelli: Tânia Sóter?
Tânia: Giroto e Cícero.
PuccinellI: Giroto e Carla tava aqui.
Tânia: Giroto e Cicero.
Puccineli: Depois do meu rechecar por favor não mudem. Tá bom? Ok?
Os áudios anônimos que chegaram ao Midiamax vieram em três arquivos separados de difícil compreensão e, apenas para a audiência do ouvinte, foram juntados para facilitar a compreensão, numa sequência que talvez seja a provável.
Veja outros diálogos:
Puccinelli: Nei Ribas Giroto e Flávio Nakao.
Puccinelli: Nakaia sabe o nº dele?
Nei Ribas – não, não é…
Puccinelli: – (…) você vai conseguir mais mil votos pra ele.
Puccinelli; Ana Gabriela? Você tá lotada no (…) também?
Ana – Seprotur.
Puccinelli – Na Seprotur? Porque (…)
Marcos: Porque ela foi nomeada tem uns dez dias, só.
Puccinelli: Você já percebeu que tá numa fria, né? Tá numa fria (risos).
Ana: É.
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