A ética do eleitor em Campo Grande começa a escrever uma nova história em MS, diz Bernal

Um dia após sua vitória esmagadora e de pôr fim a hegemonia de 20 anos do PMDB no comando da Prefeitura de Campo Grande, o prefeito eleito Alcides Bernal (PP) foi à redação do Midiamax falar sobre a campanha, seus planos de governo e para dar um recado especial aos eleitores. Confira a entrevista na […]

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Um dia após sua vitória esmagadora e de pôr fim a hegemonia de 20 anos do PMDB no comando da Prefeitura de Campo Grande, o prefeito eleito Alcides Bernal (PP) foi à redação do Midiamax falar sobre a campanha, seus planos de governo e para dar um recado especial aos eleitores. Confira a entrevista na íntegra.

Estamos nos últimos meses do ano, quando decisões importantes precisam ser tomadas relacionadas, por exemplo, ao reajuste do IPTU. Existe a possibilidade de o senhor dar um presente de natal à população e congelar o IPTU?

Existe a possibilidade, nós vamos tratar desse tema com responsabilidade, nós não vamos fazer nada que comprometa a economia do município. A população de Campo Grande compreende perfeitamente e quer um prefeito que use do bom senso e que previna o município, mesmo que tomando decisões aparentemente impopulares. Agora, como eu tenho dito na campanha e, inclusive nas entrevistas, nós vamos nos informar de detalhes, nossos técnicos vão fazer essa verificação e havendo possibilidade concreta aí sim tomaremos essa decisão. Não posso te antecipar, a eleição terminou domingo (28). Essa é uma de nossas propostas, se for possível nós vamos fazer.

A população clama por melhorias na saúde, a reivindicação é praticamente uma unanimidade. Quais serão as primeiras medidas do senhor para começar a revolucionar o sistema, viabilizando promessas de campanha, como atendimento mais humanizado, mais médicos e menos espera por exames?

Existem medidas a curto, a médio e a longo prazo. A medida que a gente vai adotar a curto prazo é fazer um levantamento pra ver o que há de urgente para a gente poder estabelecer as prioridades. Eu, como disse, estou decidido a fazer um grande mutirão para que as pessoas possam ser imediatamente atendidas, com consultas com especialista e até mesmo os exames laboratoriais. Se a estrutura da prefeitura não permitir isso, dentro do que a lei determina e possibilita, nós vamos fazer parcerias para efetivar esse mutirão, a fim de normalizar esse atendimento. Depois, nós vamos tratar de ver a questão dos médicos, há uma carência de atendimento, nós temos que ver qual é a dificuldade, vou abrir um diálogo com os médicos, com os servidores públicos, vamos tratar da questão da remuneração. Eu tive contatos com os médicos e com os servidores e eles estão conscientes de que não da para mudar de um dia para o outro, não dá para resolver o problema já no começo da administração, mas de uma forma organizada, responsável, paulatina e progressiva nós vamos resolver essa injustiça que esse governo atual acabou fazendo com os trabalhadores. Então, vamos ver a questão da remuneração, verificar a possibilidade de pagamento por produtividade. É preciso um grande estudo para isso vou trazer pessoas que entendem de saúde pública e, principalmente, hospitalar que é um tema grave.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, comentou da possibilidade de o Governo Federal liberar recursos para construir o Hospital Municipal, como está essa discussão?

Nós temos bom relacionamento com o Governo Federal, o ministro das Cidades esteve aqui e ele até usou de uma figura de linguagem para expressar o nosso relacionamento, dizendo que as portas não vão ficar abertas, vão ficar escancaradas e com o ministro Alexandre Padilha da mesma forma, inclusive, sobre a agilização para que se torne realidade o compromisso de a médio prazo construir o Hospital Municipal, prá isso a bancada federal tem que estar atuante, especialmente o senador Delcídio que se propôs a apresentar emenda ao Orçamento da União ainda em novembro para ser implementada no ano que vem.

Acidentes no trânsito também tiram o sono das famílias campo-grandenses. Como começar a transformar às ruas em um ambiente mais fraterno e com menos vítimas?

Pelo que eu sei são 104 mortes este ano, mais de sete mil acidentes. O governo que está se encerrando não conseguiu resolver os problemas de morte no trânsito, implantou a indústria da multa, fez com que o trânsito se tornasse mais violento, nervoso, nós temos que investir em prevenção, fazer com que o trânsito tenha paz, cortesia e acima de tudo a consciência de que cada um tem que cuidar do outro e o sistema de sinalização, organização e ordenamento tem que ser moderno, eficiente e tem que ter no Poder Público o indutor da solução dos problemas. Penso que não é difícil de resolver, desde que se queira fazer, utilizando-se da própria estrutura que nós temos aí, não para aplicar multa, mas para orientar. Os fiscais de trânsito, os agentes de trânsito devem estar posicionados nos locais onde costumam acontecer mais problemas, mais acidentes. Nós temos que fazer que a população enxergue nos amarelinhos uma pessoa que vai ajudar a organizar o trânsito e não alguém que está com o talonário na mão para multar. Sobre a questão dos aparelhos que estão para flagrar aqueles que desrespeitam a legislação do trânsito, eles não podem estar para arrecadar, mas sim com um elemento para coibir o desrespeito às regras do trânsito.

E sobre o transporte coletivo urbano, há chances de reduzir a tarifa?

Com relação à tarifa do transporte coletivo urbano, é uma questão muito séria é inconcebível que nós vivamos em uma cidade do porte de Campo Grande pagando a terceira tarifa mais cara. Chegou a hora de rever itens que fazem parte da planilha de custo, que certamente está aí encarecendo o serviço. Além disso, nós vemos o descontentamento por parte dos usuários, que pagam caro e não estão aí a vontade para utilizar o ônibus, porque quando você perde, chega atrasado no serviço. Ainda a pouco conversava com um empresário, ele me dizia que a empregada dele, que mora no Aero Rancho tem que pegar o ônibus as cinco horas para servir o café da manhã para ele 7h15. Sem ela perdesse, chegava às 8h15. Sabe o que aconteceu, ela pediu para sair porque não conseguia cumprir sua função, ou seja, o sistema integrando precisa ser pensado para o trabalhador. Na verdade, há uma insensibilidade da parte do órgão gestor, que não exige um número maior de veículos, um maior número de viagem, não há uma administração do sistema no sentido de encurtar as distâncias e facilitar a vida das pessoas. Nós vamos criar um novo sistema de transportes.

No debate, o falou em valorizar a Planurb. O que se vê em Campo Grande é um cidade espalhada territorialmente. Assim, seria conveniente a descentralização da secretaria, a exemplo do que existe em São Paulo com as subprefeituras, para melhor atender e conhecer de perto os problemas da população e buscar soluções? 

Incentivar a ocupação dos vazios urbanos, não permitir que especulação mobiliária suplante o interesse público e respeitar o meio ambiente. Sobre as subprefeituras, que o PT defendeu, eu penso que eles estão certos no sentido da descentralização, é preciso aproximar as pessoas da administração pública, nossa cidade por conta da falta de planejamento urbano cresceu de uma forma muito desorganizada, penso que esses conjuntos habitacionais que foram construídos sem muito critério distantes do centro não têm estrutura nenhuma e isso tudo concorre para dificultar, por exemplo, no transporte coletivo urbano, saneamento, enfim, problemas sérios.

No apagar das luzes licitações polêmicas foram fechadas, como do lixo e do transporte. O senhor planeja rever isso?

No debate, me reportei à reportagem da revista Isto É, de circulação nacional, e ali estavam claros questionamentos tanto do ponto de vista legal quanto moral. Quando me reportei ao fato de ter alguém com laços de parentesco com o prefeito eu fiz isso porque é algo imoral e os valores, o tempo de duração desse serviço, da maneira como foi concebida, no meu ver e falo isso sem conhecimento detalhado, é bom que se diga isso, é preciso ser revisto. Também lamento muito nota que saiu em jornal de circulação diária, chamando-nos de mentirosos, eu até vou exigir que esses empresários e o jornal façam sua retratação se for preciso por ação judicial para que a verdade impere e que fique desmarcada essa situação.

O senhor falou muito da participação popular, como ela irá ocorrer na sua administração?

Importante registrar que nós temos mostrado que no nosso governo haverá três pilares: da participação população, através dos conselhos, de audiências públicas e do governo itinerante. A prefeitura não ficará só no paço municipal, nós iremos aos bairros, por meio do projeto que vou criar, “prefeito nos bairros” para ter o contado direto com a dona de casa, estudante, aposentado, com o trabalhador. O segundo pilar é o da transparência e nós não vamos inventar nada, já está na lei da transparência, que muitos governos fizeram de conta que respeitaram, nós vamos fazer com que isso realmente exista e o terceiro fundamento é do planejamento, não da base do projeto às pressas. E para que tudo isso aconteça nós teremos a central dos projetos e vamos criar a ouvidoria municipal.

Em relação ao secretariado, quais serão os critérios para escolher sua equipe?

Técnico profissional, a máquina pública não pode servir de cabide de emprego e não de acomodação de políticos sem formação profissionais. Também será requisito fundamental comprometimento com o município. Vamos enxugar a máquina e não vamos perseguir ninguém, se tiver gente trabalhadora nós vamos aproveitar.

Tem chances de o senhor criar ou extinguir algumas secretarias?

Vou analisar agora, vamos montar uma equipe técnica para estudar tudo isso. Ainda é muito cedo para decidir, a eleição terminou ontem.

Muitos ataques foram desferidos na campanha, isso pode comprometer a relação do senhor com o governador André Puccinelli (PMDB), com a Câmara Municipal?

A relação será de respeito, muito diálogo e a esperança é de que eles queiram o melhor para Campo Grande. Nós vamos estar conversando com os vereadores. Com o governador, nossa relação será institucional e republicana, o que eles fizeram na campanha eleitoral foi muito grave, uma campanha rasteira, com material apócrifo, vídeos forjados, acusações levianas, transformaram a campanha numa guerra suja, isso eu abomino. Agora, cada um sabe o que quer, cada um colhe o que planta.

O senhor vai procurar o governador para conversar?

Não, vou deixar fluir naturalmente. Tenho comigo o seguinte, o governador do Estado não pode virar as costas para Campo Grande, não pode virar as costas para o povo. Agora, eu tenho um bom relacionamento com o Governo Federal e o André Puccinelli não é o dono do Estado, da máquina pública, ele é um servidor, eleitor para gerir o Estado e o Estado é composto de municípios, as famílias vivem nos municípios. Nós temos um compromisso de trabalhar pela nossa gente e o governador tem esse compromisso, ele agindo dessa maneira contará com certeza com o nosso respeito e vamos trabalhar juntos. Se ele não agir dessa maneira, eu lamento muito e eu não vou ficar parado esperando ele fazer a parte dele. A população acompanhará de perto e fará seu julgamento.

O senhor irá administrar quase um terço do eleitorado sul-mato-grossense e por sair das urnas com uma vitória esmagadora será peça chave nas eleições de 2014. O senhor já pensou como definirá seu apoio? Por ter contado com a parceria do senador Delcídio do Amaral (PT) no segundo turno, poderá reproduzir apoio a ele na em 2014?

Delcídio conta com o nosso carinho, ele é um grande senador, como bem ele disse, ele é um soldado que vai estar do nosso lado ajudando administrar e ele é o nome que todo mundo sabe que está posto aí como pré-candidato a governador, mas o tempo vai passando e a gente vai construir isso aí, é um caminho. Vou focar em fazer administração que atenda o povo que votou para o Alcides Bernal ser prefeito, então eu tem que corresponder a esse anseio. Agora, campanha eleitoral, 2014, está se aproximando e sem dúvida começa as articulações, o Delcídio conta com o meu carinho. A política, como bem diz o Delcídio do Amaral é feita de gestos. Eu completaria e a frase é minha, a política é feita de atitudes.

Qual a mensagem do senhor para a população campo-grandense?

Eu quero fazer uma homenagem a ética, a lisura como se comportou o eleitor campo-grandense, em sua maioria, que no silêncio e até no anonimato acompanharam os fatos e no dia da eleição foi lá, de forma pacífica, ordeira e depositou o seu voto de confiança. Eu acho que esse momento democrático, começa a escrever uma nova história no nosso município que terá reflexo no Estado. O eleitor demonstrou uma maturidade cidadã fantástica. Eu quero agradecer a Deus em primeiro lugar e, logo na sequência, as pessoas que não se submeteram ao interesse de gente que se acha poderosa. Eu quero agradecer aos mais humildes, porque nós começamos nosso trabalho nas periferias e eles diziam, queremos alguém que tenha coragem de ousar enfrentar um sistema, do qual muitos têm medo. Então, eu quero aproveitar o Midiamax para dizer, muito obrigado Campo Grande por me dar essa oportunidade de administrar este município que é maravilhoso, lindo e que tem um povo fantástico. Também reconhecer a qualidade e a razão científica que há nas pesquisas de opinião que são realizadas com seriedade, portanto, têm credibilidade. Vejo, por exemplo, no DATAmax esses requisitos: fez pesquisas, registrou, divulgou e o resultado bateu. Quero registrar aqui também minha homenagem aos jornalistas, a todos os que escreveram, fizeram a matéria e de repente não tiveram condições de ver sua matéria divulgada da maneira que foi preparada, por isso, eu rendo homenagem a todos. Quero agradecer também a todos os órgãos que acompanharam em especial ao Midiamax, que foi a trincheira da verdade, cuja a linha editorial se destacou e hoje sem dúvida nenhuma é o melhor site de notícias do Mato Grosso do Sul, onde nós podemos ver todos os fatos apresentados como eles aconteceram, sem nenhum exagero, sem forçar a barra e que defendeu o mais importante de tudo, que é o cidadão, o direito que ele tem ser informado corretamente.

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O Presidente da ASMMP, Fabrício Secafen Mingati, que também assinou a nota conjunta (Reprodução, MPMS)