Por CPI, manifestantes contra a corrupção ameaçam acampar no prédio da Assembleia Legislativa
Fórum de Combate à Corrupção promete grande mobilização pelo afastamento de Puccinelli caso apareçam provas; Jerson vai encaminhar documento à Corregedoria
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Fórum de Combate à Corrupção promete grande mobilização pelo afastamento de Puccinelli caso apareçam provas; Jerson vai encaminhar documento à Corregedoria
A Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul pode virar acampamento de manifestantes até que a Casa de Leis instale uma CPI (Comissão da Parlamentar de Inquérito) para investigar declarações do deputado Ary Rigo (PSDB). O parlamentar que é primeiro-secretário da Casa aparece em vídeo detalhando suposta partilha de dinheiro público entre membros dos três poderes e revelando que cada deputado recebia R$ 120 mil por mês.
A ameaça de tornar a Assembleia um acampamento foi feita hoje por lideranças do Forúm Estadual de Combate à Corrupção composto por sindicalistas e movimentos sociais. Eles reuniram cerca de 200 pessoas que munidos de faixas, cartazes e apitos se manifestaram aos gritos na Assembleia Legislativa nesta manhã.
O manifesto cobra ainda o afastamento de autoridades citadas por Rigo na gravação entre as quais o governador André Puccinelli (PMDB) que seria beneficiário de R$ 2 milhões por mês do dinheiro partilhado. O governador nega ter recebido verba de forma irregular, porém já apresentou mais de uma versão para as declarações do deputado.
Rigo, aliás, já deveria ter sido ouvido pela Corregedoria da Assembleia que, segundo informações extra-oficiais, ainda não o convocou. Na semana passada, o corregedor deputado Maurício Picarelli (PMDB), disse que ouviria o depoimento do parlamentar, nesta semana. Hoje, Picarelli não se manifestou sobre o assunto.
Pivô do escândalo, Rigo não compareceu em plenário desde a divulgação das imagens, atitude que, aliás, irrita os colegas de Parlamento. Hoje, o deputado Pedro Kemp (PT), por exemplo, desabafou. “Já estou cansado disso. Quem deveria estar aqui para se explicar não está”, mencionou.
Com a presença e barulho dos manifestantes, a sessão durou apenas oito minutos o que gerou indignação e mais protestos no auditório com palavras de ordem contra os deputados e o governador.
Contudo, pouco tempo depois, uma comissão foi recebida pelo presidente Jerson Domingos (PMDB) na sala de reuniões da presidência. Jerson recebeu documento no qual os manifestantes pedem a abertura da CPI e punição aos envolvidos em corrupção. Também participaram do encontro os deputados petistas Pedro Kemp, vice-presidente da Casa e Amarildo Cruz.
Ao final do encontro, Jerson não falou com a imprensa, mas conforme os representantes da comissão, ele pretende encaminhar o pedido de CPI para a Corregedoria e prometeu discutir o assunto em plenário nas próximas sessões.
“Se preciso for nós vamos acampar na Assembleia. Só sairemos daqui quando a CPI for instalada. É uma situação que nos causa perplexidade”, disse o presidente do CDDH (Centro de Defesa dos Direitos Humanos) Marçal de Souza, Paulo Ângelo, durante entrevista coletiva após a reunião.
Na sequência da abertura da CPI, os manifestantes prometem monitorar todos os passos da comissão. Se de fato aparecerem indícios de partilha de dinheiro irregular, o movimento aumentará a pressão pelo afastamento das irregularidades. “O Fórum poderá fazer, por exemplo, uma grande manifestação para afastar o governador”, diz Ângelo.
O dirigente mencionou ainda que a Assembleia já foi alvo de outros suspeitas de irregularidades. “Esta Casa já foi acusada de ter jogo do bicho aqui dentro. Houve ainda suspeita de nepotismo. A gente foi deixando acumular e aí chega no desvio de dinheiro público”, afirmou.
O próximo alvo de cobrança dos manifestantes é o Tribunal de Justiça. A exemplo do que fizeram na Assembleia, eles querem entregar documento pedindo apuração sobre o suposto envolvimento de membros da corte no esquema. No vídeo, Rigo diz que repassava R$ 900 mil para desembargadores e cita o nome de Claudionor Duarte, desembargador e ex-presidente do TJMS.
Ontem, o Fórum de Combate à Corrupção levou ao menos 800 pessoas às ruas de Campo Grande. A manifestação teve inclusive a participação de acadêmicos UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e UCDB (Universidade Católica Dom Bosco) que se disseram apartidários e contra corrupção.
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