Machismo e barreiras políticas mantêm bancada feminina minúscula na Assembleia Legislativa
Mesmo sendo maioria do eleitorado, mulheres garantiram apenas duas vagas no Parlamento Estadual e nenhuma na Câmara Federal
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Mesmo sendo maioria do eleitorado, mulheres garantiram apenas duas vagas no Parlamento Estadual e nenhuma na Câmara Federal
Das mais de 60 mulheres que se candidataram a deputada estadual nas eleições deste ano apenas duas conquistaram vagas na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul que tem 24 cadeiras. Dione Hashioka (PSDB) e a ex-prefeita de Eldorado Mara Caseiro (PTdoB) serão as representantes do gênero na Casa a partir de 2011.
O número é igual ao de hoje. Atualmente, Dione tem como parceira de bancada Celina Jallad (PMDB) que não concorreu neste ano, pois está deixando a política. A explicação que elas encontram para a tímida presença feminina no Parlamento vai desde a cultura machista às barreiras impostas pelo próprio meio político, como dificuldades em conseguir parcerias.
Ao longo de quatro mandatos na Assembleia Legislativa, Celina mostrou-se uma liderança aguerrida pela maior participação da mulher na política. Historicamente, as eleições para o parlamento estadual dão pouco espaço às mulheres. Celina já chegou a figurar como única mulher entre os deputados estaduais.
O motivo da baixa aceitação de candidatas a deputada é o mesmo há décadas, segundo Celina. “A questão do machismo ainda é muito arraigada na nossa população. O homem ainda é visto como o ser forte escalado para ser dominante no poder público”, analisa.
‘Mulher não acredita em mulher’
Experiente em eleições, Celina conta que a maioria do seu eleitorado sempre foi masculina. “Acho que a própria mulher não acredita na mulher”, lamenta.
Conforme Celina, em Mato Grosso do Sul, a mulher já provou que tem capacidade administrativa. Ela cita que no governo estadual, por exemplo, há mulheres comandando secretarias estratégicas. Contudo, avalia Celina, há conceitos que resistem ao tempo.
“A mulher ainda vende a imagem de fragilidade, sem ser frágil”, opina a deputada que já chegou a ocupar a presidência do PMDB Mulher Estadual e a vice-presidência do PMDB Mulher nacional.
‘Política não está fácil’
Tendo conquistado seu segundo mandato, Dione Hashioka (PSDB), avalia que a pequena ascensão de mulheres ao Poder Legislativo “não é uma questão de sexo”. Ela cita a existência de barreiras políticas que impedem o bom desempenho das candidatas nas urnas.
“Política não está fácil para quem está fora. Quem está na política já tem seus parceiros. Havendo poucas mulheres na política hoje, fica difícil para as outras entrarem”, comenta Dione.
Outra explicação possível para desempenho pífio nas urnas é a maior dificuldade das mulheres em terem acesso a dinheiro para fazer campanha.
Boa parte das mulheres que triunfam nas urnas descende de famílias tradicionais. A própria Celina é filha do ex-governador Wilson Barbosa Martins. Dione é esposa do ex-prefeito de Nova Andradina, Roberto Hashioka.
Eleições masculinas; mulheres coadjuvantes
Em MS, estas eleições foram predominantemente masculinas. Nenhuma mulher concorreu ao governo do Estado ou ao Senado. Elas apareceram apenas no cargo de vice-governadora ou nas suplências de senador.
A corrida pelas oito vagas à Câmara Federal teve 74 nomes, 50 homens e 24 mulheres. Nenhuma mulher foi eleita deputada federal.
A disputa pela Assembleia teve 268 nomes, sendo 200 homens. As 68 mulheres, inclusive, representam menos de 30% das candidaturas exigidas em lei, ficando claro que a maioria dos partidos não atingiu a cota.
A situação das candidaturas, mantém o já conhecido contraste com o eleitorado que é composto em sua maioria por mulheres. A página do TRE-MS (Tribunal Regional Eleitoral) aponta um eleitorado total de 1.702.511, sendo 872.535 (51,25%) mulheres e 829.976 (48,75%) homens.
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