Ferida aberta nas prévias pode tirar Valter do PMDB até o fim do mês

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O senador Valter Pereira é daqueles militantes que ajudaram o velho MDB a se transformar no PMDB, o maior partido político brasileiro da atualidade. Contudo, sua longa história que tem precisamente 44 anos na legenda pode ter um ponto final. Antes que se encerre o mês de abril, ele precisa dizer ao PSB se aceita ou não o convite para ingressar no partido. “As conversas realmente estão bem adiantadas. Tenho dialogado com a cúpula nacional e com os dirigentes aqui no Estado. Não impus qualquer condição. Se me filiar serei escravo do partidarismo tal qual sou no PMDB”, afirma.

Valter esclarece que está acertando o futuro de seus parceiros eleitorais principalmente no interior do Estado. “Há outras pessoas que precisam ser ouvidas. Estou conversando com os diretórios municipais do PMDB e tentando vencer as dificuldades locais”, explica. Valter quer evitar, por exemplo, que filiando-se a outro partido crie dificuldades eleitorais para militantes ligados a ele. “Tudo tem que ser acertado”, diz.

O PSB tenta a filiação de Valter desde o ano passado quando começou a disputa interna no PMDB entre o senador e o deputado federal Waldemir Moka (PMDB). Valter que queria concorrer à reeleição temia ser atropelado por Moka que tinha o apoio velado do governador André Puccinelli (PMDB). Valter ameaçou deixar o PMDB para tentar viabilizar seu projeto em outro partido. Os peemedebistas então decidiram-se pelas prévias.

O senador não admite ter saído magoado da disputa interna, mas as prévias deixaram sim feridas que não cicatrizaram. Na ocasião das internas, ele denunciou compra de votos por parte de Waldemir Moka e reclamou da interferência do governador a favor do concorrente.

André, aliás, disse em recente entrevista que não acredita que Valter deixará o PMDB. “Se o Valter fosse para outro partido ele desdiria toda a sua história de 40 anos. Eu não acho que ele faria ou fará isso. Ele tem história. Não acredito nisso. O Valter tem abrigo no PMDB e sabe. Se ele quiser concorrer a outro cargo, a deputado federal, por exemplo, eu diria com 100% de certeza que ele terá todo apoio. Tenho 99% de certeza de que ele se elegeria”, disse o governador em entrevista coletiva na sala de reuniões da Governadoria nesta semana.

Valter não vê a possível desfiliação como um desrepeito à sua história e rebate o governador. “Ele tinha que ter pensado nisso antes da interferência escancarada a favor do Moka nas prévias”, desabafa. O senador também considera que o PSB é um partido que tem ideários próximos ao PMDB, portanto não estará pisando nos valores que sempre defendeu. Caso migre de partido, ele não poderá disputar as próximas eleições, pois o prazo para filiações já esgotou.

Nacionalmente, o PSB tem como liderança mais expressiva o ex-ministro da Integração Nacional Ciro Gomes, pretenso candidato à presidência da República. Localmente, o partido não terá candidato ao governo do Estado e escolherá entre Zeca do PT e André Puccinelli na disputa pelo comando do Poder Executivo.

Valter até hoje nunca pediu votos para Zeca do PT, mas diz que se ingressar no PSB vestirá a camisa que a legenda escolher seja qual for. Entretanto, o presidente regional do PSB, Sérgio Assis, tem sido visto com freqüência em eventos públicos ao lado de André Puccinelli. Hoje mesmo esteve com ele em Coxim. O dirigente não retornou aos telefonemas da reportagem do Midiamax.

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