Logo após o acidente que terminou na morte da jovem Mariana Vitória Lima, de 19 anos, e na prisão do condutor, seu namorado Rafael Souza, também de 19 anos, uma das suspeitas iniciais recaía sobre uma possível briga entre o casal, onde ela teria tentado evitar que ele dirigisse embriagado, subindo no veículo. Com o avançar das investigações, ficou constatado – pela Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), e após audiência de custódia – que a morte ocorreu após uma “brincadeira” em que os dois subiram na parte dianteira do veículo, versão assumida pela defesa.

O caso dos jovens chamou a atenção do campo-grandense principalmente por misturar direção e álcool, já que o namorado de Mariana admitiu em depoimento à polícia que ele e a companheira beberam antes de dirigir. Em Campo Grande, policiais do BPMTran (Batalhão de Trânsito da Polícia Militar) registram, em média, de 15 a 20 ocorrências de motoristas dirigindo embriagados pelas ruas nos finais de semana.

A tenente Zélia da Conceição, a pedido do Jornal Midiamax, explicou o que pode ser feito para que tragédias como essa envolvendo Mariana sejam evitadas, uma vez que o casal estava em um aniversário de um primo do rapaz, consumindo bebida alcoólica, e assumiram o risco de dirigirem embriagados.

Tirar a chave do carro – a tenente explica que, se a pessoa que deseja assumir o controle da direção veicular for conhecida ou familiar, uma estratégia é tirar a chave do carro ou da motocicleta. “A pessoa que bebeu acha que está bem, mas o álcool afeta o sistema nervosos central e altera a percepção motora e sensória. Como no caso desses dois jovens, a bebida dá aquele euforismo, ainda mais se a pessoa tiver ingerido outras substâncias entorpecentes junto à bebida alcoólica”.

Oferecer carona ou chamar um motorista de aplicativo – Outra estratégia seria oferecer pagar uma corrida de carro por aplicativo, ou se a pessoa não estiver bebido também, oferecer carona. “Falar “eu te levo” ou “vai de ‘Uber’” é uma tentativa de salvar vidas. Assim como aquela pessoa que está bêbada, existem outras que estão circulando por aí, e às vezes até piores, apostando racha, principalmente de madrugada”, afirma a tenente.

“Cuidado com a blitz!” – Em certos casos, alertar para outros riscos que o motorista corre ao dirigir embriagado pode funcionar, caso ele não aceite de maneira amigável. Segundo a tenente, falar que ele pode ser parado por uma fiscalização da polícia de trânsito, faz com que ele repense assumir a direção. “Caso seja parado em alguma blitz e esteja embriagado, o motorista recebe uma notificação no valor de R$ 2934,70, de imediato tem a CNH (Carteira Nacional de Habilitação) recolhida, e depois é aberto um processo de suspensão onde ele pode ficar até 12 meses sem dirigir. Se for reincidente, a habilitação é cassada”, alerta.

O acidente

O casal estava junto há quatro meses. Eles foram à festa de um primo do jovem de carona. Após o evento, se dirigiram para a casa da vítima e saíram em um Toyota Etios para lanchar.

Como o estabelecimento estava fechado, eles decidiram ir para o apartamento do rapaz, no bairro Mata do Jacinto. O condutor deu duas versões diferentes sobre a colisão.

Na primeira, a jovem subiu no capô durante uma brincadeira. Na outra, ela tomou essa atitude para evitar que o rapaz dirigisse, por estar embriagado. À PMMS (Polícia Militar), ele declarou que os dois beberam vodca com energético na festa do amigo.

Em continuidade ao relato, o rapaz afirmou que estava na Avenida Arquiteto Rubens Gil de Camilo, sentido Via Park, quando perdeu o controle do carro em uma curva.

E neste momento bateu o carro em uma árvore e depois de um poste parando cerca de 30 metros à frente. Ele ainda revelou que após o acidente, pegou a namorada, que estava desacordada, nos braços e a colocou no asfalto. O jovem diz que passou a acenar para motoristas que passavam no local pedindo por socorro.

Em seguida apareceu um carro de cor preta, e o condutor acionou o socorro. Mariana teve múltiplas fraturas, uma delas no pescoço e havia marcas de pneu na barriga do jovem. O primeiro registro na delegacia o autuou por feminicídio e embriaguez ao volante, já que o resultado do teste do bafômetro acusou 0,89 mg/l.