Imagens de acidente de trem na Argentina não poderão ser recuperadas

Os arquivos do disco rígido com as imagens da cabine do trem que descarrilou no último sábado (19), em Buenos Aires, não poderão ser reparadas, informou a Justiça da Argentina. O disco, que continha imagens do condutor do veículo, Julio Benítez, nos momentos anteriores ao acidente na Estação Once, seria utilizado para analisar como ocorreu […]

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Os arquivos do disco rígido com as imagens da cabine do trem que descarrilou no último sábado (19), em Buenos Aires, não poderão ser reparadas, informou a Justiça da Argentina.

O disco, que continha imagens do condutor do veículo, Julio Benítez, nos momentos anteriores ao acidente na Estação Once, seria utilizado para analisar como ocorreu o episódio. O acidente deixou 80 pessoas feridas, entre elas, o próprio condutor.

O juiz federal Ariel Lijo, responsável pelo caso, recebeu ontem (22) um informe de uma empresa privada especializada que assegurou que o material tem um dano irreparável. Anteriormente, peritos da Polícia Federal argentina já haviam tentado recuperar o equipamento, sem sucesso.

O disco rígido foi encontrado na mochila do condutor em estado de deterioração. Sua recuperação era importante para determinar as causas do acidente. Em especial, para saber se Benítez acionou os freios momentos antes do impacto contra um muro de contenção do terminal.

Em depoimento à Justiça, o condutor assegurou que não se lembrava de ter tirado o disco rígido do equipamento instalado na cabine.

Benítez continua detido no Palácio da Justiça, em Buenos Aires, para onde foi levado depois de ter sido submetido a exames clínicos e psicológicos para detectar os motivos pelos quais disse ter apenas vaga lembrança do acidente. Anteriormente a esses exames, o condutor já havia sido examinado em um hospital da cidade e liberado quando se constatou que seu estado de saúde era estável e sem risco.

Ontem, Benítez foi atendido por especialistas do Corpo Médico Forense, que continuaram a fazer exames complementares ordenados pelo juiz Ariel Lijo. Entre esses exames estão os toxicológicos, cujos resultados ainda não foram concluídos. Outro exame que será feito é a análise de DNA com o sangue encontrado no disco rígido com as imagens da cabine.

Sem acesso às imagens da cabine do maquinista, o juiz Ariel Lijo analisou um vídeo de uma hora e 21 minutos de duração com imagens de uma câmera localizada na cabine de segurança do último vagão – de onde se pode ver Benítez bocejar, cochilar, sair e entrar várias vezes da cabine de controle.

As últimas imagens são do momento do impacto, quando o segurança no último vagão bate as costas contra a parede da cabine, enquanto se escuta um grito “mais uma vez bateu”.

O guarda prestou depoimento como testemunha e assegurou que o trem não freou quando entrou na Estação Once e que o trajeto anterior havia sido feito sem inconvenientes – a mesma versão de Benítez, que disse ter sentido subitamente falta de ar e só lembrar de flashes do que ocorreu.

No entanto, um dos feridos no acidente, Rubén Siriani, apresentou queixa à Justiça e, por meio desse processo, o advogado Gregório Dalbón solicitou o estabelecimento da relação entre a organização A Fraternidade, à qual é filiado o maquinista, e a União Ferroviária, o sindicato da categoria.

O advogado, que representa as vítimas de um acidente na mesma Estação Once, em 2012, que completou hoje 20 meses, pediu que se busquem eventuais elementos que permitam comprovar se Benítez pode ter planejado o episódio com autoridades do sindicato ao qual pertence.

Dalbón também pediu declarações testemunhais do representante da organização A Fraternidade, Omar Maturano, e do integrante da União Ferroviária, Rubén Sobrero.

O Ministério do Interior e Transporte determinou que uma comissão de investigação apure as causas do choque do trem. O acidente de trem na Linha Sarmiento, que havia partido de Moreno, ocorreu às 7h25 do último sábado, quando o veículo conduzido por Julio Benítez entrou na Estação Once a 22 quilômetros por hora (km/h).

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