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Polícia

Assim como estupro na Biologia, ex-acadêmica relata ‘vista grossa’ da UFMS em casos de assédio

Mulher foi orientada pela reitoria a 'deixar de lado' a denúncia porque o professor estava prestes a se aposentar
Thatiana Melo -
UFMS. (Foto: Nathalia Alcântara, Jornal Midiamax)

Após a condenação de um professor de biologia da UFMS (Universidade  Federal de Mato Grosso do Sul) por estuprar uma aluna em uma festa de  república, outras mulheres tomaram coragem para relatar casos de assédio sofridos durante a vida acadêmica na universidade. O professor condenado foi afastado pela reitoria na quarta-feira (13).

Uma ex-acadêmica, que terá o nome preservado, relatou em conversa com o Jornal Midiamax os anos de horror que passou com o assédio sexual de seu professor. Na época, a jovem tinha 20 anos e era bolsista em um projeto de extensão vinculado à universidade.

Para o Midiamax ela contou que o professor era o responsável pelo projeto e respeitado dentro da . Ainda segundo a ex-acadêmica, o professor era conhecido pelo ‘jeito carinhoso com as alunas’. Ele, segundo a vítima, tinha o costume de abraçar de forma demorada as alunas.

“Ele abusava de sua posição de autoridade para criar situações de constrangimento e intimidade inadequada com as alunas. Vivi muitas dessas situações ao longo desse período.”, disse a ex-acadêmica. Em uma das ocasiões, o autor chegou a falar dos seios da mulher.

Conforme o relato da ex-acadêmica, o professor sugeria que as alunas usassem saias e vestidos quando fossem até sua sala, sendo que em várias ocasiões, mencionava banhos de cachoeira, insinuando que seria “mais divertido” se todos tomassem banho sem roupa. O professor ainda tinha como hábito tocar as pernas das alunas durante conversas.

Ela disse que quando comentava sobre o comportamento do professor com outros alunos sempre ouvia que ‘era o jeitinho dele’. Depois de meses sendo assediada  pelo professor, ela tomou coragem de confrontá-lo, mas ele reagiu mal e parou de orientá-la. 

#meuprofessorassediador

Em 2017, uma hashtag começou a ganhar força nas redes sociais: #meuprofessorassediador. Muitos estudantes usaram o espaço para relatar situações de assédio vividas dentro da UFMS. Nisto, ela publicou seu relato e recebeu vários comentários de alunas que tinham passado pelo mesmo com o mesmo professor.

Com isto, a ex-acadêmica resolveu fazer a denúncia na ouvidoria e uma reunião foi marcada. Mas para a sua surpresa foi orientada a deixar de lado, já que o professor iria se aposentar logo mais. 

Denúncia ‘enterrada’ pela UFMS

Mesmo com a denúncia protocolada, a UFMS resolveu por não abrir um PAD (Procedimento Administrativo Disciplinar). “Esse posicionamento me trouxe uma sensação de impunidade e descaso. Mesmo com evidências anexadas à denúncia, a universidade escolheu não agir de forma justa.”, disse a ex-acadêmica. 

Na época, ela foi orientada a procurar ajuda psicológica. “O único suporte que me foi oferecido foi a sugestão de procurar o serviço de psicologia da instituição. No entanto, o profissional disponível era um homem, o que me deixou desconfortável, pois eu precisava falar sobre uma experiência de assédio”, relatou.

“O que mais me revolta é perceber como as instituições acadêmicas, que deveriam ser espaços de aprendizado e um lugar de segurança para nós, muitas vezes protegem seus professores em detrimento das alunas.”, finalizou a mulher.

Professor condenado por estupro

O professor de Biologia  foi condenado nesta semana a 8 anos de prisão em regime semiaberto, 9 anos após cometer o crime, pela juíza May Melke Amaral Siravegna. O autor também deverá pagar uma indenização de R$ 30 mil por danos morais. A decisão é em primeira instância, ou seja, cabe recurso. Enquanto isso, o professor segue dando aulas na UFMS.

A aluna, na época com 22 anos, estava dormindo em um dos quartos da república quando foi abusada pelo professor. Um

📍 Onde buscar ajuda em MS

Em Campo Grande, a Casa da Mulher Brasileira está localizada na Rua Brasília, s/n, no Jardim Imá, 24 horas por dia, inclusive aos finais de semana.

Além da DEAM, funcionam na Casa da Mulher Brasileira a Defensoria Pública; o Ministério Público; a Vara Judicial de Medidas Protetivas; atendimento social e psicológico; alojamento; espaço de cuidado das crianças – brinquedoteca; Patrulha Maria da Penha; e Guarda Municipal. É possível ligar para 153.

☎️ Existem ainda dois números para contato: 180, que garante o anonimato de quem liga, e o 190. Importante lembrar que a Central de Atendimento à Mulher – 180, é um canal de atendimento telefônico, com foco no acolhimento, na orientação e no encaminhamento para os diversos serviços da rede de enfrentamento à violência contra as mulheres em todo o Brasil, mas não serve para emergências.

As ligações para o número 180 podem ser feitas por telefone móvel ou fixo, particular ou público. O serviço funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, inclusive durante os finais de semana e feriados, já que a violência contra a mulher é um problema sério no Brasil.

Já no Promuse, o número de telefone para ligações e mensagens via WhatsApp é o (67) 99180-0542.

📍 Confira a localização das DAMs, no interior, clicando aqui. Elas estão localizadas nos municípios de Aquidauana, Bataguassu, Corumbá, Coxim, Dourados, Fátima do Sul, Jardim, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã e Três Lagoas.

⚠️ Quando a Polícia Civil atua com deszelo, má vontade ou comete erros, é possível denunciar diretamente na Corregedoria da Polícia Civil de MS pelo telefone: (67) 3314-1896 ou no GACEP (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial), do MPMS, pelos telefones (67) 3316-2836, (67) 3316-2837 e (67) 9321-3931.

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