Após a condenação de um professor de biologia da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) por estuprar uma aluna em uma festa de república, outras mulheres tomaram coragem para relatar casos de assédio sofridos durante a vida acadêmica na universidade. O professor condenado foi afastado pela reitoria na quarta-feira (13).
Uma ex-acadêmica, que terá o nome preservado, relatou em conversa com o Jornal Midiamax os anos de horror que passou com o assédio sexual de seu professor. Na época, a jovem tinha 20 anos e era bolsista em um projeto de extensão vinculado à universidade.
Para o Midiamax ela contou que o professor era o responsável pelo projeto e respeitado dentro da UFMS. Ainda segundo a ex-acadêmica, o professor era conhecido pelo ‘jeito carinhoso com as alunas’. Ele, segundo a vítima, tinha o costume de abraçar de forma demorada as alunas.
“Ele abusava de sua posição de autoridade para criar situações de constrangimento e intimidade inadequada com as alunas. Vivi muitas dessas situações ao longo desse período.”, disse a ex-acadêmica. Em uma das ocasiões, o autor chegou a falar dos seios da mulher.
Conforme o relato da ex-acadêmica, o professor sugeria que as alunas usassem saias e vestidos quando fossem até sua sala, sendo que em várias ocasiões, mencionava banhos de cachoeira, insinuando que seria “mais divertido” se todos tomassem banho sem roupa. O professor ainda tinha como hábito tocar as pernas das alunas durante conversas.
Ela disse que quando comentava sobre o comportamento do professor com outros alunos sempre ouvia que ‘era o jeitinho dele’. Depois de meses sendo assediada pelo professor, ela tomou coragem de confrontá-lo, mas ele reagiu mal e parou de orientá-la.
#meuprofessorassediador
Em 2017, uma hashtag começou a ganhar força nas redes sociais: #meuprofessorassediador. Muitos estudantes usaram o espaço para relatar situações de assédio vividas dentro da UFMS. Nisto, ela publicou seu relato e recebeu vários comentários de alunas que tinham passado pelo mesmo com o mesmo professor.
Com isto, a ex-acadêmica resolveu fazer a denúncia na ouvidoria e uma reunião foi marcada. Mas para a sua surpresa foi orientada a deixar de lado, já que o professor iria se aposentar logo mais.
Denúncia ‘enterrada’ pela UFMS
Mesmo com a denúncia protocolada, a UFMS resolveu por não abrir um PAD (Procedimento Administrativo Disciplinar). “Esse posicionamento me trouxe uma sensação de impunidade e descaso. Mesmo com evidências anexadas à denúncia, a universidade escolheu não agir de forma justa.”, disse a ex-acadêmica.
Na época, ela foi orientada a procurar ajuda psicológica. “O único suporte que me foi oferecido foi a sugestão de procurar o serviço de psicologia da instituição. No entanto, o profissional disponível era um homem, o que me deixou desconfortável, pois eu precisava falar sobre uma experiência de assédio”, relatou.
“O que mais me revolta é perceber como as instituições acadêmicas, que deveriam ser espaços de aprendizado e um lugar de segurança para nós, muitas vezes protegem seus professores em detrimento das alunas.”, finalizou a mulher.
Professor condenado por estupro
O professor de Biologia foi condenado nesta semana a 8 anos de prisão em regime semiaberto, 9 anos após cometer o crime, pela juíza May Melke Amaral Siravegna. O autor também deverá pagar uma indenização de R$ 30 mil por danos morais. A decisão é em primeira instância, ou seja, cabe recurso. Enquanto isso, o professor segue dando aulas na UFMS.
A aluna, na época com 22 anos, estava dormindo em um dos quartos da república quando foi abusada pelo professor. Um
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