Assassinatos e disputa acabaram em operação contra traficantes ‘ostentação’ em Campo Grande

Drogas vinham de Corumbá, onde ficava o fornecedor da quadrilha

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A disputa pelo controle do tráfico na região sul de Campo Grande, que culminou em diversos assassinatos, acabou na deflagração da Operação Facilem Vitam, na última segunda-feira (3), por equipes do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos e Resgate a Assaltos e Sequestros). 

A operação ocorreu depois de investigações da DHPP (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios e Proteção à Pessoa), onde apontava que Lucas Pereira da Costa mantinha contato com diversos traficantes e atuando, na maior parte das vezes, como fornecedor em grande escala, mas, também, por vezes, como traficante de pequena escala.

Lucas foi preso no dia 19 de dezembro de 2024, apontado como suspeito de homicídio, no bairro Moreninhas. Lucas estava residindo em um apartamento de alto padrão, na Rua Ricardo Brandão, quando foi preso. Durante as investigações, descobriu-se que Lucas tinha um fornecedor de cocaína em Corumbá.

Mensagens encontradas no celular de Lucas mostravam conversas frequentes com o fornecedor que estava com o contato salvo como ‘carro’. Entre as conversas pode-se notar que havia uma exigência de que a droga fornecida tinha que ser da marca ‘golfinho’. 

Fotos de maços de dinheiro eram enviadas por Lucas durante a troca de mensagens entre comprador e fornecedor. As investigações também descobriram comprovantes de transferências altíssimas para aquisição de drogas em nome de uma empresa de construção civil, que era de propriedade de um casal, que servia de ‘laranja’ para a quadrilha.

(Reprodução processo)

Também apurou-se que o contato “Hendriky Bitoca” seria um dos sócios/fornecedores de cocaína para Lucas, também integrante da organização criminosa. O teor das conversas entre Lucas e “Hendriky Bitoca” se refere quase exclusivamente ao tráfico de entorpecentes, o que deixou claro no decorrer das investigações que Lucas faz o intermédio entre o fornecedor das drogas em Corumbá e “Hendriky Bitoca”.

Isto porque, no diálogo em conversas por áudios, “Hendriky Bitoca” encomenda o transporte do entorpecente, encaminhando os comprovantes de pagamento dos respectivos valores, através de transferências bancárias fracionadas.

Foi descoberto que o codinome ‘Hendriky Bitoca’ era usado por Matheus Henrique Lemos Diniz, dono de uma empresa distribuidora de bebidas, usada para a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas. Outra empresa de fachada usada pela quadrilha, era de construção civil, para onde transferências bancárias altíssimas eram feitas. 

A quadrilha tinha veículos de luxo e teriam movimentado cerca de R$ 3 milhões com o tráfico. Foram pedidas as prisões temporárias de Matheus Henrique Lemos Diniz, Raphael de Souza, Claudilene Teixeira de Arruda, Augusto Cezar Pires da Costa, Elisangela Silva Lemos, Ketelyn Santana da Costa, Luiz Henrique Santos de Oliveira e Vivian dos Santos Paiva.

Alvo de operação, mulher emprestava conta para movimentar dinheiro do tráfico

Conforme apurado pela reportagem do Jornal Midiamax, uma mulher foi alvo de busca e apreensão no bairro Aero Rancho na manhã do dia 3 deste mês, pois a conta bancária dela seria usada para o tráfico. Contudo, a mulher nega ter conhecimento e envolvimento nos crimes que eram praticados.

Ainda de acordo com informações obtidas pelo Jornal Midiamax, a conta bancária citada na investigação seria usada por outra pessoa, que acabou presa em flagrante pelo Garras. O investigado seria amigo do ex-marido da mulher. 

A acusada teve apenas o aparelho celular apreendido. Na delegacia, ela foi ouvida, onde alegou não ter envolvimento com os fatos, e liberada.

Foram 15 endereços alvos de busca e apreensão, sendo dois em Corumbá. Diante da prisão dos seis investigados, os policiais apreenderam 14 armas de fogo, do tipo fuzil, pistola e revólver, sendo algumas delas escondidas em tubos de PVC.

“Alguns dos veículos estavam na garagem dos indivíduos, outros estavam em outros lugares para amostra. É uma forma de ostentação para o crime, os veículos foram avaliados em mais de R$ 1 milhão de reais. Uma das preocupações do Garras realmente foi desarticular e derrubar a parte financeira da organização criminosa, por isso a apreensão dos veículos”, afirmou o delegado Pedro Henrique Pillar Cunha. 

Além do dinheiro, veículos e armas de fogo, as equipes apreenderam grande quantidade de droga, como, por exemplo, a ‘escama de peixe’, conhecida pela modalidade mais pura da cocaína. “Em um dos locais poderia se destacar que era uma verdadeira refinaria da droga”, destacou o delegado. 

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