Réu por matar militar na Avenida dos Cafezais é condenado a 21 anos de prisão em regime fechado
Sidnei Cleber Alves também foi condenado a pagar indenização à esposa do militar e ao irmão dela
Lívia Bezerra –
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Sidnei Cleber Alves foi condenado na tarde desta quarta-feira (30) a 21 anos de prisão pela morte do militar do Exército Dionathan Goldoni Vilhalba, ocorrida na Avenida dos Cafezais, em Campo Grande. Ele é o único identificado dos três suspeitos submetido ao julgamento, quase dois anos após o crime.
Sidnei também era acusado de tentar matar a esposa de Dionathan, Arielly Monteiro Barroso, e o irmão dela, Juely Lescano Barroso. Apesar de negar o crime aos jurados, ele foi condenado por homicídio qualificado consumado contra o militar e condenado a dez meses e 15 dias de detenção por lesão corporal contra Arielly.
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Já em relação à tentativa de homicídio contra Juely, Sidnei foi absolvido pelo Conselho de Sentença. Com isso, a pena a ser cumprida é de 21 anos, 10 meses e 15 dias, em regime fechado.
Além da condenação, o Tribunal do Júri fixou uma indenização mínima por danos morais que deve ser paga as vítimas, sendo R$ 10 mil para Arielly (esposa de Dionathan) e R$ 5 mil para Juely.
Os valores devem ser corrigidos monetariamente desde a data da decisão, e com juros de mora de 1% ao mês, contados da data do homicídio.
Julgamento
No dia do crime, 14 de dezembro de 2022, Arielly, Juely e Dionathan almoçavam em um terreno ao lado da loja de variedades do casal quando foram surpreendidos por três homens em um Uno vermelho. A testemunha relata que dois atiradores descerem e passaram a disparar na direção das vítimas.
O primeiro tiro não atingiu ninguém e as três vítimas correram, mas Sidnei teria conseguido balear a perna do militar do Exército, que caiu no chão, conseguindo se levantar em seguida. Dionathan tentou fugir novamente, mas foi atingido na barriga e caiu ao solo. A esposa tentou ajudá-lo, sendo baleada na perna como uma forma de aviso para ir embora.
Arielly conseguiu entrar na loja enquanto Sidnei ‘descarregou’ a arma no marido dela. O outro atirador baleou Juely. O trio fugiu em seguida e trocou o Uno vermelho por um Polo branco. Vizinhos e outros familiares de Arielly conseguiram socorrer as vítimas até a Santa Casa, mas Dionathan morreu no trajeto
A mulher teve que passar por cirurgia, contudo, conseguiu realizá-la após o velório do companheiro de 10 anos. Hoje em dia, convive com o trauma. “Além da mente, ficou a cicatriz marcada na pele. Não tem um dia que eu não pense no que aconteceu. Antes de dormir, é insônia, ansiedade. Mas não tem o que fazer, tem que seguir”, declarou.
A viúva relatou que o marido não possuía desavenças com ninguém e não sabe o porquê do ocorrido. A única coisa que lembra é que, antes do homicídio, o pai dela comprou uma corrente de ouro, contudo, devolveu por não se tratar de uma peça verdadeira. “Mas não teve atrito nenhum”, pontua.
“Sou inocente”
Sidnei foi o único dos três suspeitos a ser identificado, tanto por Arielly, quanto por uma cunhada dela que presenciou o tiroteio. O réu relata ser proprietário do Uno vermelho, mas afirma que o carro estava penhorado para o dono de um lava-jato na época do crime. “Não tem documento, tudo no ‘boca-a-boca’”.
Quanto aos fatos, diz ser completamente inocente. No relato dele, estava na Santa Casa na semana anterior ao homicídio. Ele conta ter deixado o hospital na sexta-feira (9) após passar 5 dias internado em decorrência de um acidente de trânsito. Contudo, não conseguiu comprovar a estadia no hospital.
Já na quarta-feira em que Dionathan foi assassinado em plena luz do dia, afirma que passou pelo local apenas em um carro de aplicativo, pois seguia para um atacadista na Avenida dos Cafezais na companhia da irmã e da sobrinha, de 6 anos.
O homem foi preso no dia 11 de agosto de 2023, quando já estava detido em Minas Gerais por tráfico. Alega que apenas soube que era acusado do crime quando foi intimado dentro do presídio. “Fiquei sabendo quando chegou para mim (sic.) assinar a citação”, afirma.
Ele conta que não conseguiu ir atrás de provas por estar preso. “Tentei mandar ‘bereu’ (carta) para tentar falar com o defensor, chegava na minha assistente social, mas nada […] Minha mãe é idosa, é a única pessoa que tenho aqui. Ela ainda nem foi me visitar porque não tem condições, então não tive como pedir para ela também”.
Finaliza ressaltando a inocência: “Eu sou problemático, viu? Tenho um monte de processos, mas nunca matei ninguém, nunca. Fiz, trafiquei, roubei, porque minhas condições não eram boas, mas matar não”.
Morto ao meio-dia
Conforme relato de testemunhas, Jonathan estava almoçando em um estabelecimento quando os três suspeitos chegaram em um Uno vermelho. Dois homens desceram do carro e fizeram os disparos.
A princípio, o local seria o comércio de uma das vítimas. As três vítimas foram socorridas pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), mas, segundo familiares, Jonathan não resistiu.
O cunhado de Jonathan ficou em estado grave, entubado na Santa Casa de Campo Grande. Já a mulher sofreu ferimentos nas pernas e foi levada para o posto de saúde. Ainda segundo relato das testemunhas, os bandidos teriam abandonado o Uno vermelho e fugido em um Polo branco.
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