Foi publicada, no Diário Oficial do Estado desta segunda-feira (25), a ampliação do atendimento às vítimas de crimes no projeto Acolhida da DGPC (Delegacia Geral de Polícia Civil) de Mato Grosso do Sul. Agora foram incluídas famílias de vítimas de latrocínio (roubo seguido de morte), e atos infracionais (análogos a homicídio doloso, feminicídio de latrocínio).

A inclusão, a princípio, atende e .

Coordenadores de operação do Departamento de Polícia da Capital, do Departamento de Polícia Especializada, da Academia de Polícia e do Departamento de Polícia do Interior funcionarão como gestores do projeto em seus departamentos e a Acadepol fará as capacitações e treinamentos. 

Serão elaboradas ações para ampliar o projeto em Campo Grande por meio da Derf (Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos) e da Deaij (Delegacia de Atendimento à Infância e Juventude) para alcançar vítimas indiretas (familiares) de latrocínio e dos atos infracionais. Já em Dourados será por intermédio da Delegacia Regional do município.

A ampliação já havia sido anunciada em novembro do ano passado.

Projeto Acolhida

O objetivo é oferecer apoio e recursos necessários durante o processo de luto e recuperação, ofertando encaminhamento e atendimento mais rápido e humanizado a serviços de saúde e acompanhamento psicológico, auxílio funerário, inclusão em programas sociais e atendimento de demandas previdenciárias, orientações sobre inventário, entre outros atendimentos.

Um dos primeiros encaminhamentos do Projeto Acolhida foi oferecido pela 6ª Delegacia de Polícia Civil. O delegado Camilo Kettenhuber destaca a necessidade de atendimento mais humanizado aos familiares das vítimas.

“Não tínhamos nada destinado aos familiares que já estão enfrentando um momento tão difícil. Apresentamos o projeto em nossa delegacia e foi impactante. O familiar ficou impressionado com esse apoio. Não tínhamos nada parecido”, destaca.

O tipo de atendimento que os familiares das vítimas necessitam serão informados em um formulário semelhante ao Boletim de Ocorrência, registrados nas delegacias. As informações serão disponibilizadas no sistema que funciona de forma integrada para que os encaminhamentos sejam direcionados aos setores conforme às necessidades.

Latrocínio

O crime hediondo é uma forma qualificada do crime de roubo, com aumento de pena, quando a violência empregada resulta em morte. A pena é de 20 a 30 anos de prisão e multa.

Segundo dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), nos três primeiros meses de 2024 foram registrados 3 casos de latrocínio, o que significa um por mês.

O número é considerado maior, se comparado com o ano passado, quando tiveram 5 casos do crime no Estado.

Nos últimos cinco anos, foram mais de dez casos registrados em cada ano, sendo em 2020 o maior número de casos com 17 vítimas de roubo seguido morte.

Dois casos de grande repercussão desse crime, por exemplo, são o caso da pecuarista Andreia Aquino Flores, de 38 anos, assassinada asfixiada no dia 28 de julho de 2022 em um condomínio de luxo, em Campo Grande, e do professor Luciano Soares, de 41 anos, ocorrido em Nova alvorada do Sul, em janeiro do ano passado.

Andreia foi assassinada por funcionária que trabalhava na casa com ajuda de dois comparsas. O trio foi condenado ao todo em 72 anos de prisão.

Junto com a filha e o cunhado, a funcionária teria arquitetado o falso roubo. O cunhado foi chamado para executar o plano no dia 28 de julho de 2022. O trio teria se encontrado em uma pastelaria, no Tiradentes, para acertar detalhes do plano, três dias antes. Mãe e filha ainda teriam ido até uma loja para comprar um simulacro de arma de fogo e um boné.

Andreia estava na sala quando os autores entraram. O homem a agrediu, tampou a boca da vítima com um pano e a esganou, assim ela acabou desfalecendo. Após perceber a demora, a funcionária entrou na casa, encontrando Andreia já desacordada. Os suspeitos então levaram a vítima para o andar de cima.

A pecuarista foi colocada em um quarto, na cama, e a funcionária chegou a jogar água para ver se ela acordava. Os suspeitos fugiram e mãe e filha ainda mentiram sobre o sequestro.

Já no caso do professor, sete pessoas foram presas. A intenção do grupo era roubar o carro da vítima. Um dos indivíduos pulou o muro da residência e ‘lutou' com o professor, em seguida efetuou os disparos, dois no peito e um no pescoço.

A suspeita é que com o carro seriam realizados roubos e furtos em fazendas e depois o veículo seria levado para o Paraguai.

Sete presos envolvidos no latrocínio e objetos apreendidos com eles durante operação (Divulgação)