Julgamento de Ronnie Lessa, acusado de matar Marielle, é suspenso após 10 horas 

Julgamento acontece 6 anos após atentado

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Ronnie Lessa estava preso em Campo Grande desde 2019 (Reprodução)

O julgamento de Ronnie Lessa pelo assassinato de Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes, ocorridos em 2018 foi suspenso após 10 horas de sessão. Ronnie Lessa estava encarcerado desde 2019, no Presídio Federal de Mato Grosso do Sul, quando em junho deste ano foi transferido para São Paulo. 

O julgamento está sendo realizado no 4º Tribunal do Júri da Justiça do Rio de Janeiro. Estão sendo julgados além de Lessa, o ex-sargento da Polícia Militar, Élcio de Queiroz. Marielle foi atingida por três tiros na cabeça e um no pescoço e Anderson levou ao menos três tiros.

O julgamento deve recomeçar nesta quinta-feira (31), por volta das 8 horas e a sentença pelo crime com as condenações pode ser divulgada na manhã desta quinta, segundo a CNN.

Durante o primeiro dia de julgamento, além dos réus Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, foram ouvidas nove testemunhas, sendo sete indicadas pelo Ministério Público estadual e duas pela defesa de Ronnie Lessa. A defesa de Élcio Queiroz desistiu de ouvir testemunhas.

Ainda segundo a CNN, após o depoimento de nove testemunhas, os réus foram ouvidos. O primeiro a se pronunciar foi Ronnie Lessa. Ele afirmou que a motivação para executar a vereadora foi financeira e que ganharia R$ 25 milhões para cometer o crime. “Eu fiquei cego; minha parte eram R$ 25 milhões. Podia falar assim: era o papa, que eu ia matar o papa, porque fiquei cego e reconheço. Vou cumprir o meu papel até o final, e tenho certeza absoluta de que a Justiça será feita”, afirmou o ex-policial.

Delação premiada

Em um vídeo exibido em maio deste ano, Lessa revelou que a proposta do assassinato de Marielle veio dos irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, e que ficou impactado com a proposta recebida. “Era muito dinheiro envolvido. Na época, daria mais de US$ 20 milhões. A gente não está falando de pouco dinheiro (…) Ninguém recebe uma proposta de receber US$ 10 milhões simplesmente para matar uma pessoa. Uma coisa impactante realmente”, disse segundo o Portal UOL.

Ainda de acordo com Lessa, o empreendimento que instalaria depois de receber loteamentos clandestinos, na zona oeste do Rio de Janeiro, seria para criar uma nova milícia, mas que não tinha prazo para começar. “Então, na verdade, eu não fui contratado para matar Marielle, como um assassino de aluguel. Eu fui chamado para uma sociedade”, falou Lessa na delação premiada.

De acordo com a delação do ex-policial, Marielle era considerada uma ‘pedra no caminho’, já que fazia várias reuniões com lideranças comunitárias. Lessa ainda revelou que se reuniu com os mentores do crime por três vezes, sendo duas antes do assassinato e uma depois do crime. 

Lessa ainda teria citado em sua delação, o delegado Rivaldo Barbosa como um dos autores intelectuais do crime. Ele foi apontado como “peça-chave” na consumação dos homicídios de Marielle e Anderson Gomes. De acordo com Lessa, o delegado teria cuidado para que os suspeitos não fossem incomodados pelo inquérito aberto para investigar o crime.

Condenação por contrabando de armas

Em fevereiro deste ano, Lessa teve a pena ampliada pela Justiça. Lessa foi condenado a seis anos e oito meses de prisão em regime semiaberto por contrabando de peças de arma de fogo pela Justiça do Rio de Janeiro. As peças de armas eram enviadas pela filha, nos Estados Unidos, depois do ex-policial fazer as compras pela internet. Os envios das peças foram entre 2017 e 2018, segundo denúncia do Ministério Público. De acordo com o Jornal O Dia, o processo é um desdobramento de uma apreensão realizada em 2019, na residência de um amigo de Lessa, na zona Norte do Rio. 

Em novembro de 2023, Ronnie Lessa teve a pena ampliada no processo do sumiço de armas do assassinato da vereadora Marielle Franco. O ex-policial militar teve a pena ampliada de quatro anos e meio para cinco anos, além de 16 dias-multa e o cumprimento da pena em regime fechado. Elaine Pereira Figueiredo Lessa (esposa de Ronnie), Bruno Pereira Figueiredo, José Márcio Mantovano e Josinaldo Lucas Freitas também tiveram as penas ampliadas. Eles haviam sido condenados a quatro anos de prisão em regime aberto.

Conteúdos relacionados