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Polícia

‘De embrulhar o estômago’: Família não descarta racismo em caso de menina negra agredida por pai de aluno

Em depoimento, pai disse que filho tem fobia a abraço e que estava defendendo criança
Thatiana Melo -
reprodução

A família da menina de 4 anos, agredida pelo pai de um aluno em uma escola municipal de , não descarta que o racismo tenha motivado a agressão, segundo a advogada Lione Balta Cardozo. Em depoimento, o pai do menino disse que o filho não gosta de abraços e estava defendendo a criança.

De acordo com a advogada da família da menina agredida, não é descartado o crime de racismo, mesmo o pai tendo falado que o filho teria fobia de toques, e por isso invadiu a escola para defendê-lo. “É um vídeo chocante, sem explicação plausível para o que aconteceu”, disse Lione.

A advogada da família explica que a menina não abraça o coleguinha, apenas encosta na criança que não repudia o toque da menina. “Não foi apresentado nada sobre a fobia que a criança teria”, disse a advogada, que ainda falou sobre as postagens de cunho nazista e racista feitas pelo autor em suas redes sociais. Em uma das publicações consta a frase “morte a negrada”.

Ainda segundo a advogada, no dia em que aconteceu o crime, o homem teria dito dentro da sala da diretora que era para o filho bater na menina se ela encostasse nele. 

Postagem suástica

O homem que agrediu uma menina de 4 anos, em uma escola municipal de Campo Grande, na segunda-feira (11), tem postagens de cunho racista nas redes sociais, com suástica, símbolo nazista.

Em uma delas, postada no dia 11 de outubro, época de eleições presidenciais, além de legenda contra o Partido dos Trabalhadores (PT), uma foto com duas impressões também foi compartilhada. Nos papéis, um deles com símbolo nazista e o outro com um desenho de uma arma de fogo, a legenda de ‘Morte a negrada’.

Vale lembrar que racismo e apologia ao nazismo são crimes, com penas de um a três anos de reclusão e multa.

Alegou que filho tem fobia a abraço

Segundo o depoimento do pai na DEPCA (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente), o homem falou que ficou nervoso com a situação, já que havia pedido para a professora afastar a menina de perto de seu filho, mas que nada foi feito.

Ele ainda disse à polícia que também fez o mesmo pedido para a diretora da escola, mas nada foi feito. Com isso, ele começou a ficar nervoso e falou que iria entrar para afastar as crianças, tendo sido impedido pela diretora. Na sequência, ele empurrou a diretora e foi até onde estava a menina, afastando de seu filho, pegou o menino e foi embora. 

Depois de sair da escola, ele voltou com o menino. Dessa forma, foi até a sala da diretora, que estava registrando o ocorrido em ata escolar. Já na sala da diretora, ele teria dito ao filho que se caso a menina ou qualquer outra criança se aproximasse dele, ele poderia bater. 

A Guarda Civil Metropolitana foi acionada e conduziu os envolvidos para a delegacia, onde foi lavrado um Termo Circunstancial de Ocorrência. 

Além da oitiva dos envolvidos e de testemunhas, foi analisado o vídeo da câmera de monitoramento da escola. Segundo a polícia, não surgiu qualquer indício de racismo. 

Em nota, a Semed disse que:

“A Secretaria Municipal de Educação (Semed) informa que os fatos aconteceram na manhã de ontem (11), na unidade mencionada. De acordo com o que foi apurado, o pai do menino estava no portão de fora da escola e aguardava o filho entrar na sala, quando observou que a colega abraçou a criança e se dirigiu às crianças vindo a empurrar a menina a fim de afastá-la de seu filho.

Ainda conforme a direção, a GCM (Guarda Civil Metropolitana) foi acionada e acompanhou o caso, sendo que a diretora e o homem foram encaminhados à delegacia, onde o caso foi registrado e está sendo investigado pelas autoridades competentes.

A Divisão de Acompanhamento Escolar (DAE) da Semed deu todo apoio à diretora da escola e às famílias, e está acompanhamento o caso. É importante ressaltar que a Secretaria de Educação presta apoio e solidariedade aos alunos envolvidos e repudia todo e qualquer ato de violência de qualquer natureza e contribuirá com os órgãos competentes na apuração do caso.“

A Fetems (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul) também se pronunciou sobre o caso, repudiando a ação do pai do aluno ao empurrar a menina negra dentro da escola. Confira a nota na íntegra:

“A FETEMS que representa mais de 25 mil trabalhadores da Educação Pública de MS vem a público repudiar ato de racismo, cometido por um pai, contra uma criança, dentro de uma Escola da Rede Municipal de Campo Grande, ocorrido no dia 11 de Março. No Brasil, o racismo é estrutural e institucional. Isso significa reconhecer que todos que nascem imersos nessa cultura estão sujeitos a reproduzir e renovar o racismo no cotidiano. E na Escola não é diferente. Na Escola acontecem e se repetem os mesmos comportamentos que são presentes na sociedade: racismo, machismo, preconceito e discriminação. A FETEMS que historicamente desenvolve ações afirmativas em combate ao racismo, o preconceito racial e discriminação de qualquer natureza, neste momento não poderia deixar de registrar e repudiar tal fato, exigindo responsabilização contra o agressor, tanto quanto ao ato de racismo, assim como o fato de o sujeito invadir uma unidade escolar e agredir a diretora e a professora em pleno exercício profissional. A educação e a escola, pelo papel importante e transformador que têm, não podem calar diante de situações de racismo. É papel da educação e da escola fazer o trabalho pedagógico de combater o racismo: repensar as atividades, o currículo e os materiais pedagógicos, como determina, há mais de 20 anos, a Lei 10.639/2003, que tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas, a fim de que a escola possa contribuir para superação do racismo. Vivemos numa democracia e não admitimos nenhum ato de racismo, homofobia, misoginia, machismo, ou qualquer outra forma de preconceito. A FETEMS continuará a defender uma escola pública, de qualidade social, laica e democrática que respeita a diversidade e a luta de gênero e contra o racismo.”

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