Polícia vai intimar pai de bebê que caiu de apartamento para apurar ausência que sobrecarregou mãe

Sem nem registrar a filha de 4 meses, pai procurou Conselho Tutelar para pedir a guarda da bebê

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Criança caiu do 3º andar (Foto: Nathalia Alcântara, Midiamax)

A Polícia Civil, através da Depca (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente), irá intimar o pai da bebê de 4 meses, que caiu do apartamento, no bairro Aero Rancho, em Campo Grande, para prestar esclarecimentos. A polícia vai investigar a responsabilidade do homem na ausência enquanto pai. O Midiamax apurou que pai da bebê não havia sequer registrado a filha, mas procurou o Conselho Tutelar, nesta quarta-feira (13), para solicitar a guarda da criança.

Segundo a delegada Nelly Macedo, testemunhas já foram ouvidas e agora tanto o pai da bebê como o pai das outras crianças serão intimados a depor para apurar a responsabilidade dos homens pela ausência paterna das três crianças.

“Podemos perceber que esta mãe estava sobrecarregada há algum tempo com três crianças sozinha. Então, vamos apurar uma possível responsabilização deles, e ver se estavam cumprindo com as obrigações”, disse a delegada.

Tia das crianças disse à reportagem que a mulher não recebia pensão de nenhum dos ex-companheiros e que sustentava as crianças sozinha, trabalhando de tarde até a madrugada na Feira Central de Campo Grande. Ela não tinha parentes na cidade.

Dias antes do acidente, a mulher publicou no grupo de WhatsApp do condomínio que procurava uma babá para cuidar dos três filhos. A licença maternidade dela, que é de 4 meses, estava prestar a acabar.

A bebê estava no colo da irmã de 7 anos, quando caiu da janela do apartamento do 3º andar, no Aero Rancho. A mãe foi presa por abandono de incapaz.

Queda do 3º andar

A criança de 7 anos que estava cuidando da irmã de 4 meses, que caiu da janela de um apartamento, no condomínio CH8 no Aero Rancho, em Campo Grande, tentava acalmá-la quando aconteceu a queda.  O caso aconteceu na noite de terça-feira (12). Além da menina e da bebê de 4 meses, uma terceira criança de 3 anos também estava na casa. Nenhum adulto estava na residência.

Segundo disse ao Jornal Midiamax o delegado Gabriel Desterro, que atendeu o caso, a menina contou que a bebê estava agitada e ela teria ido até a janela para mostrar o movimento da rua para a irmã. O apartamento fica no 3º andar, a cerca de 15 metros de alturas. A menina teve de subir na cama e, nesse momento, a bebê empurrou com os pés a irmã de forma brusca.

Com isso, a menina de 7 anos acabou se desequilibrando e a bebê caindo da janela do apartamento. A mãe das crianças continua presa e na delegacia negou que deixasse os filhos com frequência sozinhos. Segundo o delegado, o apartamento estava insalubre, muito sujo, com fezes no ambiente e louças para lavar.

Não havia proteção na janela de onde a bebê caiu. A criança foi socorrida e levada para a Santa Casa e o estado de saúde é grave. As crianças foram entregues para o Conselho Tutelar. Inicialmente o caso será registrado como abandono de incapaz. 

Denúncia no Conselho Tutelar

A criança de sete anos não estava estudando. A escola, onde a menina estava matriculada, procurou o Conselho Tutelar por duas vezes para denunciar a ausência da criança.

A primeira denúncia feita pela escola foi no dia 11 de novembro de 2022, relatava a evasão escolar já que a criança não estava realizando as atividades pedagógicas. A outra denúncia feita pela escola foi registrada no dia 17 de maio deste ano pelo mesmo fato. Os dois casos são anteriores ao nascimento da bebê que tem 4 meses.

O Conselho Tutelar Sul confirmou as denúncias sobre a ausência da menina na escola e disse que a mãe foi chamada ao Conselho e não compareceu.

A Prefeitura foi procurada pela equipe de reportagem do Jornal Midiamax para falar sobre o caso e respondeu que nenhuma denúncia chegou a SAS (Secretaria de Assistência Social). Confira a nota na íntegra:

“A SAS informa que não consta em seu banco de dados qualquer registro de denúncia referente à bebê de 4 meses, nem mesmo sobre a mãe dela ou irmãos. Caso tenha havido denúncia, a mesma pode ter sido encaminhada ao Conselho Tutelar Sul, responsável pela região onde a menina reside. É preciso checar diretamente com os conselheiros.”