Name nega que se sentiu traído por ‘PX’ e revela a jurados promessa feita ao pai

Réu pela morte de Matheus Coutinho explicou imbróglio envolvendo fazendas e como PX estaria envolvido no impasse

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Jamil Name Filho, durante depoimento nesta terça-feira (18). (Kísie Ainoã, Jornal Midiamax)

O depoimento de Jamil Name Filho em julgamento no qual é réu pela morte de Matheus Coutinho, que teria sido executado no lugar do pai, Paulo Xavier, o PX, foi o último do segundo dia do maior júri da história de Mato Grosso do Sul.

À mãe da vítima, a advogada Cristiane de Almeida Coutinho, que está atuando como assistente de acusação, Name afirmou que PX estaria agindo em nome de Antônio Augusto. Apesar de a investigação e testemunhas de defesa apontarem a mudança de lado de PX como o motivo para o crime, Name filho negou que se sentia ‘traído’ pelo pai de Matheus.

Questionado sobre possíveis ‘golpes’ relacionados a fazendas, o réu disse que conhecia Alceu Bueno e que perguntou a ele se estava tendo problemas com uma chácara que tinha próximo da UCDB, pois havia sido procurado por uma pessoa ligada a um sócio que disse que o local estava abandonado. “Falei para o Alceu que não tenho nada a ver com isso, mas se puder ajudar. Ele disse tudo bem, não quero problema”, explicou.

Depois disse que PX o procuraria. “Depois fiquei sabendo, dias depois, que o PX enxotou ele [Alceu Bueno] de lá e ficou com a posse, que hoje foi parar no nome de Antônio Augusto e hoje tá no nome de Imaculada Conceição”, explicou. “Seu ex-marido esteve lá tentando receber”, disse à Cristiane, referindo-se a PX estar agindo a mando de Antônio Augusto.

Discussão com Antônio Augusto na casa dos Names

Name explicou que a relação com Antônio Augusto começou em 2008. “Nós celebramos uma compra [de fazenda] eu e meu irmão. Primeiro sinal foi 1 milhão de reais. Depois começamos a trabalhar em cima desse negócio e resolvemos comprar a outra parte da Fazenda Figueira”, explicou.

Disse que faltava resolver a escritura, mas que a outra parte, que já era dos Names, foi paga com a fazenda Invernadinha. “O doutor Antônio Augusto pediu que a escritura fosse feito no nome de Carlos Neris. Contrato de 2 mil vacas e crias adquiridas da associação, em nome de Marcos Rebibote. Nunca era no nome dele”, contou.

Augusto ia com frequência à casa dos Names, inclusive em almoços e jantares. Em um dos dias, foi questionado pelo Name Pai sobre parte do pagamento da Fazenda Figueira e Antônio começou se esquivar. “Ele se alterou e eu também disse: eu tô mentindo? Meu pai disse que Antônio pegou da mão dele 600 mil dólares. Antônio começou a ficar sem jeito, ele se alterou, eu levantei e ele veio pra cima de mim”, lembrou, dizendo que não chegaram a se agredir, apenas discutiram.

Questionado sobre ter se sentido traído por PX, Name negou. “Não é hilário porque isso se trata da morte de um menino inocente com requintes de extrema crueldade e de pessoas que não têm nada a perder. Seu Paulo Xavier foi acolhido [pelos Names]. Como eu e o meu pai teríamos sido traídos pelo Paulo Xavier se nós mesmos mandávamos ele fazer coisas para o Antônio Augusto? Então, doutor não tem lógica, é ilógico. Ele ficou um tempo com o doutor Antônio Augusto. E mais outro detalhe, ele foi para São Paulo a convite do Antônio. PX me disse que iam conversar e que, na última hora, se sentiu melindrado, não foi ao encontro e voltou para Campo Grande”, detalhou Name.

Name foi questionado se procurou a câmara arbitral em relação à Fazenda Figueira, a qual ele tinha só escritura. “Ela nunca esteve, a regularização foi feita com ele e o irmão. Estamos até hoje plantando soja e milho e estamos com projeto para armazém para estocar grãos da região, dinheiro do Governo Federal, para construção do armazém”, afirmou.

Morte em presídio e promessa de Name Filho ao pai

Por fim, Name contou que ele e o pai foram ‘arrancados’ do centro de Triagem em Campo Grande, e que o delegado Fábio Peró disse que o Name pai morreria em seis, sete meses em Mossoró. Lembrou ainda que o pai morreu devagar. Já não estava comendo e que a enfermeira que dava remédios. Tudo conforme depoimento de Name ao júri.

Aos jurados, Name contou o pedido do pai. “A única coisa que peço é porque meu pai foi morto, mas ele já não está mais aqui. Só que poucos dias do banho de sol ele falou para mim: ‘Meu filho senta aqui comigo’, botou a mão no meu joelho e disse que queria que fizesse uma promessa. O meu nome Jamil Name, é o que eu fiz e construí a minha vida inteira e isso vale para mim mais do que qualquer coisa. Prometa pra mim que você vai limpar de uma maneira tudo isso que foi feito”, afirmou.

“No dia 27 de junho de 2021 a pessoa que mais amei na minha vida se foi. Meu pai dormiu um ano e nove meses com a luz acesa”, concluiu.

Conteúdos relacionados