Uma rua tranquila de casas simples na Vila Hilda, em , viveu movimentação inesperada nessa quinta-feira (3), com a localização do corpo do Gabriel Paschoal Rossi, que estava desde quarta-feira (26). Ele deixou o plantão em um hospital que trabalhava e não foi mais visto.

Oito dias depois, uma vizinha que mora nos fundos da residência foi quem acionou a polícia. A dona de casa disse que estava sentido cheiro forte na noite anterior e logo pela manhã ao passar pelo corredor viu moscas varejeiras na janela do banheiro.

Além disso, ela estranhou o carro parado em cima da calçada. Dentro do veículo HB-20, a perícia encontrou a carteira com documentos e também o jaleco com a identificação do médico no bolso.

“Já estava achando estranho aquele carro ali. Cheguei até a comentar com alguns vizinhos. Mas em seguida o cheiro começou a ficar forte e vi que tinha algo esquisito por conta do número de moscas que saía de dentro da casa e resolvi chamar a polícia”, disse Talita Nascimento Ferreira, 27 anos, à reportagem do Midiamax.

Ela conta ainda que sempre soube que a casa onde o médico foi encontrado tinha um fluxo de pessoas, e que era alugada por aplicativo. O local é simples e também discreto. “Fiquei muito chocada depois que descobri que o médico desaparecido estava morto lá dentro”, relatou a dona de casa que também trabalha com bolos personalizados.

Motivação passional

Segundo as diligências da Polícia Civil, uma das linhas de investigação é de que o crime contra o médico Gabriel Paschoal Rossi, 29 anos, encontrado morto em uma casa de aluguel por temporada, na cidade de Dourados, a 225 quilômetros de Campo Grande, na manhã dessa quinta-feira (3), tenha sido passional. Detalhes sobre o possível motivo não foram revelados.

O profissional havia saído de plantão após receber ligação de uma mulher. Dias depois, foi encontrado morto com os pés amarrados.

Conforme o delegado Erasmo Cubas, da SIG (Seção de Investigações Gerais), da 2ª DP de Dourados, a vítima teria sido atraída para uma emboscada. “Ele compareceu lá a pedido de alguém, onde os fatos se desenrolaram”, disse.

A polícia trabalha com várias linhas, mas segundo o delegado, a principal hipótese é de que o crime tenha motivação passional.

Apesar da família procurar pela vítima desde o último dia 27, a polícia foi informada do desaparecimento do médico só na quarta-feira (2), quando o boletim de ocorrência foi registrado.

A perícia papiloscópica e a criminal realizaram os serviços no local. “Encontramos alguns vestígios que estão colaborando na investigação. O corpo estava amarrado”, explicou.

As investigações, segundo Cuba, dão conta de que a vítima teria ido sozinha até a casa, sem estar forçada.

Agora, a polícia aguarda o laudo da Perícia para saber a causa da morte, se realmente foi asfixia ou provocado por outro objeto.

O que se sabe sobre o caso

Ligação misteriosa: Informações apuradas pelo Jornal Midiamax indicam que no dia 27 de julho o médico teria recebido uma ligação misteriosa que seria de uma mulher com quem ele estava se relacionando. A mulher seria comprometida e moraria em Ponta Porã.

Visita a Ponta PorãGabriel teria saído do plantão, assim que recebeu a ligação para se encontrar com a mulher. A polícia rastreou a viagem feita pelo médico entre as cidades, já que não se sabia se o veículo HB20 havia saído do Estado levado para a fronteira. Informações são de que a mulher seria ligada a um criminoso.

Emboscada: Uma ‘casinha' – gíria policial para emboscada – teria sido armada para o médico que após voltar para Dourados foi até a casa, próximo à Praça Paraguaia e lá foi assassinado estrangulado e espancado. Havia nas paredes do quarto onde estava o corpo respingos de sangue. Gabriel teve as mãos e pés amarrados por fios de televisão e carregadores de celulares.

Casa alugada por 2 pessoas: A casa onde o corpo foi encontrado havia sido alugada há 15 dias por duas pessoas, ainda não identificadas. Elas pagaram adiantado pelo aluguel que foi feito por um aplicativo. Os vizinhos não desconfiaram, já que o local era alugado por diária. 

O desaparecimento 

No dia 29 de julho era para o médico ter cumprido plantão na UPA (Unidade de Pronto Atendimento), mas não apareceu, bem como no sábado (30), no Hospital da Vida. Amigos e familiares mantêm contato pelo WhatsApp dele, mas desconfiam que outra pessoa possa estar respondendo.

Os policiais foram até o apartamento dele, mas encontraram o local intacto. As redes sociais foram deletadas.

Natural do Rio Grande do Sul, Gabriel se formou em março deste ano pela UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) e também trabalha na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e no Hospital da Vida.