O guarda municipal preso por atirar no filho de um policial militar, na tarde de sábado (28), no Porto Seco, em Campo Grande, ganhou liberdade nesta segunda-feira (30). A GCM afirma que foi impedida pelos policiais militares de acessar o local.

O agente passou por audiência de custódia, em que foi concedida sua liberdade provisória. A PMMS informou através de sua assessoria de imprensa, no domingo (29), que um PAD (Processo Administrativo) será aberto para apurar as circunstâncias das ocorrências. “É improcedente a informação de que a PM impediu o acesso da GCM no local. O que houve de fato foi a preservação do local pela guarnição da PM até a chegada da perícia”, afirmou a assessoria em nota.

O filho do policial está em estado grave na Santa Casa, na área vermelha, mas estável. Ele foi atingido por dois tiros no tórax e no braço.

Filho de PM ferido a tiros por guarda

Conforme o boletim de ocorrência registrado pela PM, ao qual o Jornal Midiamax teve acesso, o relato é de que, ao chegarem ao Porto Seco, os policiais já encontraram uma viatura da GCM próxima ao local. Os PMs teriam perguntado se os guardas tinham ouvido disparos pelo local, e estes relataram que não, mas que quando chegaram teriam visto alguns indivíduos correndo para o mato.

Ainda segundo os PMs, junto a eles chegaram o pai da vítima e outro sargento da corporação. O cabo da PM afirmou que havia recebido uma ligação do amigo que estava com seu filho. O amigo teria dito que sabia onde estava a vítima e os levou até o local.

Entretanto, o portão que dava acesso ao local estaria fechado com corrente e cadeado, o que impediu a entrada da viatura. Os policiais afirmam ter andando por cerca de um quilômetro, ladeando o trilho de trem, quando encontraram a vítima consciente.

Em seguida, o Corpo de Bombeiros chegou ao local, estabilizou a vítima e a encaminhou para a Santa Casa. Segundo os bombeiros, ele apresentava duas perfurações de tiros, uma na escápula e outra no úmero.

Ainda segundo a PM, para que a vítima recebesse atendimento, foi necessário que os policiais arrebentassem a corrente que trancava a porteira e retirasse uma manilha de concreto.

Em conversa com a equipe da GCM, o comando da Força Patrulha teria sido informado de que os guardas tentaram realizar uma abordagem, e a vítima teria feito menção de puxar uma arma da cintura, sendo necessário efetuar o disparo. A arma do guarda foi apreendida para passar por perícia.

A testemunha que ligou para o pai da vítima disse que os dois estavam no local tomando tereré junto a alguns motociclistas, quando avistaram uma viatura da guarda e começaram a correr. Segundo ele, próximo à porteira, ouviram dois disparos de arma de fogo.

O rapaz explicou que só percebeu que a vítima havia sido baleada após correr por alguns metros e, então, ligou para o pai dela e para os bombeiros. Já o cabo da PM alegou que, ao chegar ao local, encontrou os guardas e perguntou se eles haviam atirado no filho dele, e eles teriam dito que “não sabiam de nada”.

Em contato com a Santa Casa, os policiais foram informados pela médica que a vítima tinha duas perfurações de entrada, uma no tórax e outra no braço direito, e que precisaria ficar na área vermelha. Além disso, ele aguardava resultado de exames e provavelmente precisaria passar por uma cirurgia, pois o estado de saúde, apesar de ser estável, é considerado grave.

O comandante da Força Patrulha ainda afirmou que, após abrirem a porteira para os bombeiros prestarem socorro à vítima, ninguém mais foi autorizado a ultrapassar o local, uma vez que ele precisaria ser preservado para realização de perícia.

Entretanto, ele afirma que alguns GCMs “queriam adentrar ao local e ir onde a vítima foi encontrada, porém lhe foi informado que não estavam autorizados, tanto para preservar o local como para garantia da segurança, uma vez que o pai da vítima estava lá e poderia se alterar com os guardas, já que seu filho foi alvejado por um guarda (sic)”.