Glaidson Acácio dos Santos, o ‘Faraó dos Bitcoins’, preso desde a Operação Kryptos, por suposto esquema de pirâmide que movimentou bilhões de reais, se recusou a passar a policiais federais a senha de seu computador onde estão guardados R$ 400 milhões em criptomoedas.

O computador guarda uma Dash Core, uma carteira de criptomoedas, que foi avaliada pelos técnicos da Polícia Federal em R$ 400 milhões. Com a recusa em compartilhar a senha, o computador continua intacto na PF. Segundo informações do jornal O Extra, a carteira vale mais do que o dobro dos 591 bitcoins apreendidos na casa de Glaidson, quando ele foi preso. 

Os bens e valores apreendidos pela Operação Kryptos — sem incluir as dashs — foram estimados em R$ 400 milhões. Tudo está sob custódia da 3ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, onde tramita a ação judicial por crime contra o sistema financeiro nacional que tem como réus Glaidson, a mulher do “Faraó”, Mirelis Zerpa, e outras 15 pessoas.

Eliane Medeiros de Lima, advogada presa em Campo Grande na Operação Valeta, em 3 de fevereiro, foi denunciada pelo MPF (Ministério Público Federal) acusada de ajudar a esposa de Glaison Acácio dos Santos, o ‘Faraó dos Bitcoins’, a ocultar parte do R$ 1 bilhão sacado ilegalmente.

Esquema de pirâmide financeira

Cinco vítimas da advogada entraram com ação de nulidade de contrato com antecipação dos efeitos da tutela de urgência e também indenização por danos materiais e morais, em fevereiro de 2021. A defesa esclarece que a Cointrade, plataforma de investimentos e trade de criptomoedas, foi criada em 2018 pelos irmãos Eliane e Antônio Marcos Medeiros.

A empresa foi criada no Uruguai, sem CNPJ brasileiro, e apontava um capital de 60 mil ações, sendo 10 mil de cada irmão. As outras 40 mil ações eram colocadas à venda por valores que variavam entre R$ 2 mil, R$ 5 mil e R$ 10 mil. Segundo as vítimas, os preços dependiam do poder aquisitivo dos compradores, sem parâmetros estabelecidos.

As vendas das ações pela empresa renderiam ao menos 299 dólares por mês para cada investidor. Ao menos esta era a propaganda feita pelos irmãos Medeiros. Na ação, é relatado que Eliane e Marcos entraram em contato com os compradores, oferecendo as ações. Eles promoviam festas e eventos glamorosos, regados a whisky importado, champanhe francesa e vinhos caros, atraindo as possíveis vítimas que acabavam acreditando nos réus.

As vítimas que compraram as ações acabaram descobrindo que Eliane desviava os recursos da empresa para “engordar seu patrimônio pessoal comprando imóveis, veículos e criptomoedas”. As vítimas chegaram a gastar valores altos com as supostas ações. O total foi estimado em R$ 500 mil.

Foi solicitada indenização pelos danos causados aos compradores, convencidos a investir após serem atraídos pela propaganda enganosa e pela aparência séria da empresa, que revelou ser um esquema de pirâmide financeira. A defesa solicitou a tutela de urgência para bloqueio das contas da advogada, na ordem de R$ 800 mil.

Advogada de Campo Grande atuava com Faraó do Bitcoins

Eliane Medeiros de Lima, advogada presa em Campo Grande na Operação Valeta, em 3 de fevereiro, foi denunciada pelo MPF (Ministério Público Federal) acusada de ajudar a esposa de Glaison Acácio dos Santos, o ‘Faraó dos Bitcoins’, a ocultar parte do R$ 1 bilhão sacado ilegalmente.

A advogada e empresária — que também responde a processos na esfera estadual por golpes contra investidores de criptomoedas — é acusada de ajudar a venezuelana Mirelis Zerpa, esposa de Glaidson, a ocultar parte do R$ 1 bilhão sacado ilegalmente em agosto de 2021. O saque foi feito após a Operação Kryptos.

Em denúncia oferecida pelo MPF, Eliane e Mirelis foram acusadas de ocultarem a origem e localização dos bens oriundos da prática de crimes. Elas também são acusadas de operarem, junto a Glaidson e Handerson Gomes Pinto, sem autorização legal de instituição financeira e de integrarem organização criminosa.

Mirelis não foi presa porque viajou para os Estados Unidos dias antes da operação, deflagrada em 24 de agosto de 2021. Com senhas desconhecidas pelos investigadores, ela conseguiu sacar 4.330 unidades de criptomoedas, o equivalente na época a R$ 1 bilhão. Os saques aconteceram entre 24 de agosto e 15 de setembro.

Após a quebra do sigilo das empresas do Grupo GAS Consultoria Bitcoins, do ‘Faraó’ e de Mirelis, foi comprovado que ela transferiu R$ 200 mil das criptomoedas para Eliane, que liquidou as unidades no mercado e recebeu valor correspondente em reais, nas contas da empresa GLA Serviços, de Campo Grande.

Eliane ainda é apontada como responsável por abrir uma empresa no Uruguai, a CointradeCx, para ajudar Glaidson e a esposa no esquema de lavagem de dinheiro. Esta é a segunda denúncia do MPF contra a advogada. Na primeira, foi apontado que a empresa uruguaia, que opera no Brasil desde 2019, teria movimentado irregularmente R$ 324 milhões em operações do ‘Faraó’ e de Mirelis.

A advogada ainda foi acusada de lavar dinheiro de Luiz Carlos da Rocha, narcotraficante conhecido como ‘Cabeça Branca’. Na nova denúncia, o MPF afirma que: “O crescente protagonismo de Eliane na organização foi tamanho que ela foi a pessoa escolhida pela organização para escamotear a enorme quantia resgatada por Mirelis após a deflagração da Operação Kryptos”.

Eliane e Handerson agiam como membros da organização criminosa, na qualidade de sócios do braço financeiro do grupo.