Testemunhas do caso da briga de trânsito que acabou com o delegado Paulo Sá atirando em uma avenida do Parque de Poderes, em Campo Grande, em março deste ano, foram ouvidas pela Corregedoria da Polícia Civil. Na época, o delegado chegou a registrar um boletim de ocorrência por ameaça.

Segundo informações passadas pelo Corregedor-Geral Clever Fonte Esteves, o inquérito está avançado, já para sua conclusão/finalização. Ainda segundo o corregedor, após a finalização do IP (Inquérito Policial) será instaurado o PAD (Procedimento Administrativo Disciplinar), que serve para apurar a conduta do delegado.

A briga aconteceu em frente ao prédio da DGPC, quando os carros seguiam no mesmo sentido, em direção à Avenida Hiroshima, na tarde do dia 25 de março deste ano. 

Versão do motorista que teve os pneus estourados por tiros

O motorista do Fiat Linea informou que, ao passar em frente ao prédio da DGPC, notou um carro Peugeot branco o seguindo no mesmo sentido. O condutor do Peugeot, que seria o delegado, estaria com arma em punho, teria feito provocações e efetuado um disparo em direção ao pneu, deixando o local em seguida.

Ele ainda relatou que, ao perceber que havia acertado o pneu, estacionou o carro e ligou para o 190. Posteriormente, foi ordenado pelos responsáveis da PMMS, que atenderam à ocorrência, que fosse colocado o nome do delegado como possível autor dos fatos, e informado que ele iria se apresentar na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Cepol para esclarecer os fatos. O caso foi registrado como disparo de arma de fogo na Depac Centro.

Versão do delegado

O delegado compareceu ao Cepol, logo após o episódio, e registrou um boletim de ocorrência de ameaça. Ele alegou que foi com seu filho até a DGPC de moto e deixou o veículo estacionado no pátio. Em seguida, pegou o Peugeot, que seria uma viatura descaracterizada acautelada por outro delegado, para levar até a sua casa para tirá-la do sol.

No trajeto, enquanto seguia pela Avenida Hiroshima, percebeu que atrás dele vinha um carro escuro forçando a ultrapassagem. Segundo o delegado, o carro chegou a encostar a frente no para-choque traseiro de seu veículo. Em seguida, ao chegar em uma rotatória, teria dado passagem para o motorista, mas ele teria tentado fechá-lo freando mais a frente.

O delegado afirmou ter suspeitado que “poderia ser alguém lhe perseguindo por conta de sua profissão” e, então, sacou a arma, determinou que o filho abaixasse, emparelhou com o carro escuro e efetuou um disparo no pneu direito da frente.

Em seguida, ele alegou ter saído do local “para segurança própria e de seu filho”. Paulo Sá afirmou ter deixado o filho em um local seguro e se dirigido para a delegacia registrar o boletim. Ele ainda disse não saber quem era o motorista do outro carro.

Foi identificado que a arma de fogo utilizada é uma pistola Glock calibre 380, particular.