Um casal está sendo julgado hoje (24), em um Júri Popular, acusado de matar, a tiros, Atílio Luis Colman, no dia 25 de julho de 2021, no loteamento Cristo Redentor, em Campo Grande. Luzia Caballero responde por dar auxílio moral e material ao marido para cometer o crime e, ainda, por dirigir o carro até à casa da vítima. Anilton é acusado como executor do assassinato.

Segundo crime que os acusados respondem, porte ilegal de arma de fogo e a qualificadora, motivo fútil por discussão entre as ‘duas mulheres’, ambas esposas de Atílio e Anilton. Mas durante os interrogatórios, entre defesa e acusação, os envolvidos disseram que o desentendimento começou com uma briga entre filhos dos casais por causa de um “um brinquedo”, que seria do filho de Rita Cássia Martins.

Rita foi a primeira pessoa ouvida, como informante. Por estar em tratamento contra a tuberculose, a viúva de Atílio foi ouvida por videoconferência. Ela disse que a acusada seria usuária de drogas e sempre incomodava os familiares dela pedindo dinheiro para usar entorpecentes, fato negado posteriormente, também no depoimento, por Luzia.

Na versão de Rita, no dia do fato (um domingo), ela, o marido, familiares e o casal acusado, todos estavam ali, numa região de chácara, bebendo na casa do irmão de Rita, quando houve a confusão entre os filhos por causa do brinquedo. Mas ela negou que teria agredido a filha de Luzia, que é uma menina ‘especial’. Ainda segundo Rita, um dia antes, quando todos estariam bebendo, quem fez ameaças de morte foi Luzia por que Rita teria batido na filha de Luzia. “Ela tava muito alterada, disse que voltaria em casa pra me matar e me xingou”. E, depois, ainda segundo Rita, quando Atilio e Luzia retornaram, ela ficou dentro da casa com os filhos.

“Fiquei com medo de fazerem alguma coisa com as crianças, não saí lá fora, eles estavam armados e ela gritando, você não é boa pra me bater?” Rita disse que o marido foi lá fora e ela ouviu barulho de tiros. “Desesperei, vi meu marido caído no chão e ela (Luzia) mandava atirar no meu marido a todo momento”.

Foto (Nathalia Alcântara, Midiamax)


Versão do acusado

Anilton disse que, após tomar umas 12 cervejas, foi dormir. “Aí, chegou minha filha desesperada, chorando, dizendo que Rita bateu nela. Eu falei pra minha mulher, ‘vamo’ lá pra ver porque bateu na minha filha”. Na versão dele, tinha comprado arma uma semana antes porque tinham roubado sua moto. “Naquele dia (dia do crime), o Paraguaio (parente da vítima) deu um soco na minha mulher, os outros três vieram pra cima de mim, eu corri lá pro carro e peguei a arma”.

Ainda segundo o acusado, Rafael (cunhado da vítima) segurava ele, mas ele (Atílio) escapou. Entrou em contradição, quando interrogado pelo juiz, se Rafael tentou separar a briga ou agredi-lo: “Atílio veio pra cima de mim, olhei e atirei, foram dois disparos, sequencial”.

“Porque o senhor acha que deu dois tiros? Teve algum disparo quando a vítima estava caída ou levantando? Como sabe se o primeiro tiro foi no ombro e o segundo na cabeça”, perguntou o juiz. Anilton respondeu: “Não sei dizer, foi um atropelo, não sei onde acertou primeiro. Fiquei com medo, se não faço isso, eles iam me pegar, eles teriam me matado né, ‘tavam’ em quatro”.

Versão da acusada

Luzia Cabalero, de 46 anos, disse que não nunca usou drogas e que poderiam fazer exames para comprovar, que teve apenas uma passagem por furto, há muitos anos. Disse em depoimento que a família dela, do casal e do Rafael (irmão de Rita) todos almoçaram juntos na casa de Rafael.

“O filho da Rita começou a xingar e acusar eu e minha filha de ladronas. E que Rita teria falado ainda que ia bater na minha filha que é especial. Peguei minhas duas filhas e fui embora, meu marido tava no banheiro”. Disse que era muito amiga de Luzia e ajudava ela no que podia, depoimento também diferente de Luzia. No outro dia, segundo Rita, o marido foi saber do ocorrido e foi à casa de Luzia e Atilio com a esposa para tirar satisfação, mas afirmou que não sabia que o esposo tinha arma.

“Na hora dos tiros, eles ‘tavam’ atrás da árvore, meu marido brigou com a vítima e depois que os outros chegaram, aí meu marido pegou a arma”, novamente informações diferentes, negando que voltaria à casa no dia seguinte da discussão com Rita para matá-la. O juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida perguntou por que foram lá na casa? E Luzia disse para saber por que bateu na filha dela, e que um dos homens deu soco nela e ela caiu atrás de uma árvore.

“Depois meu marido foi no carro e pegou arma e Rafael foi pra cima do meu marido, começaram a brigar”, disse. Para a promotoria de justiça, ela negou que o marido tenha descido com arma em punho, que ela e o marido voltaram à casa da vítima ‘pra conversar, sem intenção de matar ninguém’.

A defesa, feita pelo Defensor Público Rodigo Stochiero Silva, questionou principalmente sobre a iluminação do local e também sobre a distância para a testemunha, que é irmão de Rita, ouvida também por videoconferência. Rafael disse que o casal retornou à casa uns 10 minutos depois de carro, após deixaram os filhos na casa dos acusados. “Ele tentou (Anilton) já atirou no ombro, deu segundo tiro, mas não saiu. Chegamos pra separar, mas ele já tinha dado outro tiro, que pegou na cabeça”.

Disse que Anilton desceu do carro com arma em punho e que na delegacia tentou desarmar ele, mas em outro momento fala que foi ‘amenizar, dar um abraço nele e disse que não precisava disso (atirar)’. “Tentei segurar ele, cheguei encostar nele, mas ele era forte, cheguei perto e abracei ele de novo e me empurrou e atirou no meu cunhado”.