Tortura psicológica, agressões: filha de Francielle fala sobre padrasto que matou mãe

Filha foi testemunha no julgamento de Adailton pelo feminicídio de Francielle

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francielle
Foto: Henrique Arakaki, Midiamax

Sessão de agressões, cabelos cortados, facadas nas costas, socos no rosto, tortura psicológica: assim descreveu Érika Guimarães, filha de Francielle Guimarães Alcântara, morta aos 36 anos por Adailton Freixeira, em Campo Grande. Ele passa por julgamento nesta segunda-feira (21).

Érika foi ouvida no plenário do Tribunal do Júri e relatou o sofrimento da mãe antes de ser morta. A jovem contou que Francielle foi morar com Adailton quando ela tinha 3 anos, e quando fez 6 anos presenciou agressões do padrasto contra sua mãe, que a deixaram assustada.

A jovem ainda falou que Adailton era muito possessivo e ciumento. Érika disse que a mãe conseguiu sair de casa após pedir a separação, mas Adailton não aceitava, e ele acabou armando para fazer com que Francielle voltasse para casa.

Francielle conseguiu deixar a casa em uma das vezes que foi até o hospital para drenar a cirurgia de cesária que tinha e não voltou mais. Neste tempo, ela começou um novo relacionamento e Adailton descobriu. Ele ligou para a vítima dizendo que estava com o filho de seu namorado sob a mira de uma arma e que se ela não voltasse iria matar a criança.

Após a volta de Francielle para a casa, a filha viu a mãe definhar. Francielle não comia, não bebia, não se cuidava com atos básicos de higiene e vivia pelos cantos da casa choramingando de dores das agressões sofridas por Adailton.

Ele a fazia sentar no chão como forma de castigo enquanto ele passava o dia sentado no sofá assistindo televisão. “Eu achei que iria proteger minha mãe se ficasse em casa”, disse Érika. Ela teve de deixar a residência e voltar para casa para cuidar do filho.

Muito abalada, a mãe de Francielle também falou com o Jornal Midiamax. “Eu espero pela Justiça dos homens e a de Deus”, falou Ilda, que ainda relatou a falta de memória após a perda tão brutal de Francielle. A dona de casa contou que a filha nunca reclamou do relacionamento com Adailton e acredita que seria por medo que a mãe passasse mal, já que tem problemas de saúde.

“Parece que é hoje o dia que tudo aconteceu porque a gente revive tudo de novo”, diz muito abalada a dona de casa. Ela falou que tomou calmantes na noite de domingo (20) para conseguir acompanhar o julgamento de Adailton. 

“Tento tocar a minha vida, mas sempre tem algo que lembra minha filha”, disse Ilda. O júri popular acontece dez meses depois do assassinato. 

Depoimento de Adailton quando preso

Adailton não negou as sessões de tortura e disse que teria cometido os atos por uma suposta traição da mulher, que mal saía de casa, fato que repete reiteradas vezes em depoimento, na tentativa de encontrar justificativas para os atos cruéis cometidos. O homem contou que a tortura começou com os cortes de cabelo que fez em Francielle, sendo que em uma das vezes chamou um barbeiro para ‘acertar’ o cabelo da vítima pagando R$ 20. 

O soldador detalhou que em uma das sessões de tortura à Francielle, ele chegou a esfaqueá-la no tórax, causando uma ferida de 7 a 10 centímetros, além de fazer cortes nas costas da vítima e perfurar a sua costela com uma faca de serra. Adailton ainda teria ameaçado cortar as partes íntimas da esposa, caso ela continuasse a ‘mentir’ para ele.

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