Dois dos três presos durante a Operação Espartanos 1, deflagrada pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar nesta quarta-feira (9), respondiam por homicídios em Mato Grosso do Sul e no estado vizinho, Mato Grosso. Além deles, uma terceira pessoa foi presa durante cumprimento de mandado, e outros dois morreram após resistirem à prisão e atirarem contra os policiais.
Ao todo, três mandados de prisão foram cumpridos, dois alvos mortos e um mandado ainda está em aberto. Um deles, de 46 anos, era autor do homicídio qualificado por motivo fútil, de Wesley Fernando da Conceição da Costa, de 27 anos, ocorrido em Camapuã, a 135 quilômetros da Capital, no ano de 2016. Ele possuía mandado de prisão por sentença transitada e julgada, que foi cumprido nesta quarta.
O segundo preso estava com mandado de prisão preventiva em aberto, também por homicídio, no estado do Mato Grosso. Já o terceiro alvo localizado tinha mandado em aberto da Vara da Família, em Campo Grande. Ele havia sido preso pela Polícia Militar no dia 29 de outubro e na última quinta-feira (3) foi decretado novo mandado de prisão, cumprido hoje (9).
Encontrado em construção abandonada
Wesley Fernando da Conceição da Silva, na época com 27 anos, foi morto a facadas e encontrado em um terreno baldio em Camapuã, na noite do dia 4 de junho de 2016. Segundo o delegado Leonardo Antunes, da delegacia do município, o homem de 46 anos era coautor do crime.
Moradores da região ligaram para a Polícia Militar porque o local era comumente utilizado por moradores em situação de rua. Os dois autores foram identificados e o comparsa do preso nesta quarta-feira (9) pelo Choque estava com as mãos sujas de sangue e tinha uma faca de 22 cm amarrada ao tornozelo.
Testemunhas disseram terem visto o momento em que a dupla esfaqueou Wesley, que era conhecido como ‘Pé de Ferro’. A vítima estava caída ao solo, em uma construção abandonada, já em óbito e com perfurações pelo corpo.
Mortos durante confronto com o Choque
Os policiais deflagraram a operação por volta das 5h30 da manhã desta quarta, tendo como alvo os bairros Aero Rancho, Caiobá, Jardim Batistão e Loteamento Bela Laguna. Na casa de André Eduardo Vargas Maia, conhecido como ‘Febem’ ou ‘Trilha’, no Aero Rancho, foi encontrada maconha e um revólver calibre 38 utilizado para atirar contra os policiais. Quando os policiais chegaram à casa de André, ele estava usando pasta base de cocaína na capinha do celular. Ele chegou a ser socorrido até o Hospital Regional, mas não resistiu. Marcas dos disparos ficaram na parede e no carro de André, estacionado na garagem.
Além de André, Ana Paula dos Santos Silva, de 40 anos, vulgo ‘Boladona’, foi morta após atirar contra os policiais durante cumprimento do mandado de prisão em sua casa, no Bairro Celina Jallad. Os dois mortos são faccionados do PCC (Primeiro Comando da Capital).
Na casa de Ana Paula, foi encontrada maconha embaixo da cama e em uma caixa de sapato. Quando os policiais chegaram à residência de ‘Boladona’, ela atirou por quatro vezes contra os policiais, que revidaram. Ela chegou a ser socorrida, mas morreu no Hospital Rosa Pedrossian.
Roubo a idosos e latrocínio
As passagens de ‘Boladona’ começam em 2007, por furto, roubo e roubo majorado pelo emprego de arma. As vítimas escolhidas por Ana Paula sempre eram idosos, que no momento do crime ficavam sem reação. Ela abordava as vítimas nas ruas e em estacionamentos de estabelecimentos comerciais.
O modos operandi de ‘Boladona’ era fingir conhecer a vítima. Uma de suas vítimas, um idoso de 75 anos, foi abordado no estacionamento do Mercadão Municipal, quando Ana Paula disse ser amigo da esposa do idoso, que na época dos fatos negou conhecer a autora.
Mas, o idoso acabou enganado por ‘Boladona’ e teve R$ 500 roubados por ela, que fugiu em uma motocicleta. Outra vítima, uma idosa de 82 anos, estava indo até o açougue próximo a sua casa quando foi abordada por ‘Boladona’.
‘Boladona’ disse que tinha uma empresa de limpeza de joias e que poderia fazer a limpeza. A idosa ficou sem reação e teve as pulseiras, corrente e brincos levados por Ana Paula, que fugiu em uma motocicleta.
Na época, a idosa reconheceu ‘Boladona’ em fotos na delegacia quando foi registrar o boletim de ocorrência. Segundo a polícia, ela também roubava idosos na saída de lotéricas.
Já André Eduardo Vargas Maia tem passagens desde 2011 por roubo majorado pelo uso de arma e por latrocínio, quando Severino Vicente da Silva Júnior, de 38 anos, foi morto durante um assalto, na Vila Bandeirante. Severino foi morto a tiros após chegar ao estabelecimento comercial invadido por André e um comparsa.
André é irmão de Johny Franks Vargas, envolvido no homicídio do policial militar Rony Maickon Varoni de Moura da Silva, morto no dia 3 de junho de 2014. Rony foi executado em 2014 enquanto dirigia uma Saveiro, com outro militar, pela BR-262, no Bairro Indubrasil, região oeste de Campo Grande. ‘Febem’ era considerado o principal alvo da Operação Espartanos e chegou a comandar o PCC de dentro do presídio.
