A mãe da menina, de 11 anos, assassinada após ser estuprada por um homem, no último fim de semana (11), foi transferida para uma unidade prisional no interior de Mato Grosso do Sul. A mulher deu entrada por volta das 11h40 desta sexta-feira (16) na unidade e deve ficar em isolamento preventivo das medidas de Covid.

Passado o período de triagem, a mulher será alojada em uma cela de seguro, destinada a internas que necessitam de separação do restante da massa carcerária.

A mulher teve a prisão em flagrante convertida para preventiva na última terça-feira (13) durante audiência de custódia. Ela responde por abandono de incapaz, já que o crime ocorreu enquanto ela estava em um bar da região.

Durante o interrogatório, a mãe informou que desde as 12h do domingo (11) estava consumindo bebida alcoólica com um amigo em frente a sua casa. Como começou a chover, ela recolheu as crianças e trancou a porta da frente por fora com cadeado. Ela alegou que já havia deixado comida pronta para os filhos.

Perícia inicial confirmou que a menina foi estuprada. O autor teria matado a criança para acobertar o estupro de vulnerável e foi preso nesta segunda-feira (12). Ela ainda estava gravemente ferida em todo o corpo.

Também segundo as autoridades policiais, foi comprovado que a menina morreu após sofrer traumatismo craniano. O homem teria batido várias vezes com a cabeça da criança no chão, conforme apurado inicialmente na perícia.

Suspeito foi preso em flagrante – Foto: Nathalia Alcantara/Midiamax

Frequentava e conhecia a casa da vítima

Após a prisão em flagrante, o homem confessou o crime informalmente e também no interrogatório. Ele contou que foi até a casa porque marcou um programa sexual com a mãe da menina.

No entanto, a mulher não estava, já que foi até um bar e deixou os filhos sozinhos na casa. Por isso, a porta da frente estava fechada.

Como o homem conhecia a residência, já que teria feito programas com a mulher pelo menos 6 vezes, foi até a porta dos fundos. Essa porta ficava apenas encostada, então ele entrou na residência.

No depoimento, alegou que a menina se assustou e começou a gritar, por isso a agrediu com um soco e a vítima teria caído e batido com a cabeça.

Porém, para os delegados, ele teria se aproveitado da vulnerabilidade da menina, a estuprado e a assassinado para acobertar o estupro. Os delegados não acreditam que a vítima tenha se assustado com a presença do autor, já que ele foi visto outras vezes na casa.

Bebeu o dia inteiro

Também conforme os delegados Roberto e Gustavo, da DEPCA, o suspeito estaria sob efeito de álcool. Mesmo assim, foi feito pedido da prisão preventiva, porque tem personalidade violenta e seria temerário manter em liberdade enquanto responde ao processo.

Apesar de toda violência do crime, o suspeito foi para casa, lavou a roupa que usava e dormiu. Na delegacia, tentou demonstrar arrependimento e disse que não sabe o que aconteceu, que teria se transformado em um monstro.

Então, nesta segunda-feira foi para o trabalho. No caminho, foi encontrado pelas equipes da DEPCA, atuando com o GOI (Grupo de Operações e Investigações), e acabou preso em flagrante. Outras testemunhas já foram ouvidas, como o irmão de três anos da vítima.

Casa estava bagunçada e, segundo delegada, crianças não tinham alimentos suficientes. (Foto: Henrique Arakaki – Jornal Midiamax)

Irmão presenciou o crime

Segundo os delegados, o menino de três anos presenciou todo o crime. Ele foi ouvido no setor psicossocial da DEPCA e, em depoimento, confirmou o que viu.

Apesar da idade, o menino conseguiu gesticular e demonstrar o que presenciou na casa. Ele e os outros irmãos eram cuidados pela menina de 11 anos, já que costumavam ser deixados sozinhos pela mãe.

Já os outros irmãos da vítima estavam dormindo e não teriam visto o ocorrido. Pela situação de abandono, a mulher foi presa em flagrante pela equipe de plantão da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).

O autor do crime já tem passagens por violência doméstica e também condenação. No interrogatório, ele teria esboçado algum arrependimento e alegado não saber o que aconteceu.

Ele responderá por homicídio qualificado por motivo fútil, meio cruel, para ocultar ou garantir impunidade de outro crime – que seria o estupro de vulnerável – e também pelo estupro de vulnerável.

Ainda conforme os delegados, as outras crianças não tinham sinais de violência, mas o caso segue em investigação. A casa era frequentada por usuários de drogas e também pelos clientes da mãe das crianças. A princípio não há informação de que a menina era prostituída pela mãe, mas o fato também é apurado.