Quase dois anos após o crime, Hércules Alves de Souza é julgado nesta sexta-feira (27) durante Tribunal do Júri pelo feminicídio qualificado de Yasmin Beatriz Almeida Guedes, de 18 anos, ocorrido no dia 29 de setembro de 2020. Segundo argumento da promotoria, ele teria postado uma foto nas redes sociais com Yasmin um dia antes do crime.

Hércules negou ser o autor do crime e, de acordo com a defesa — feita pelo advogado Cairo Frazzão —, testemunhas-chaves da investigação não foram encontradas na fase policial e não foi colocado como prova o histórico de ligação do réu para a vítima.

Isso porque no dia do crime Yasmin estava com uma amiga quando recebeu ligação de Hércules e foi até ele após pedir corrida por um aplicativo. Quando se encontraram, Hércules atirou várias vezes contra a vítima, que foi atingida por 10 disparos na cabeça, tórax e braços.

Corrida feita pela vítima (Foto: Reprodução)

A delegada responsável pelas investigação à época na (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher), Anne Karine, foi ouvida como testemunha, além de uma amiga de Yasmin, que disse que a vítima havia relatado que saiu no dia 29 para encontrar com o ex-namorado, Hércules.

A família de Yasmin é do e a vítima tinha sido convencida por Hércules a vir para visitar ele e sua amiga, com quem atualmente estava morando. Hércules estava preso na Penitenciária da Gameleira e foragido até o dia em que foi preso como autor do feminicídio. Ao sair, teria pedido para que Yasmin viesse à Campo Grande e dito que pagaria as passagens.

Já a defesa do réu sustentou a tese de que a vítima “ficava com várias pessoas” e que Hércules foi preso “porque estava evadido da Gameleira, e seria preso antes ou depois, quando fosse encontrado”.

A promotora Luciana do Amaral Rabelo, por sua vez, afirmou que Hércules havia mandado mensagem para Yasmin pedindo “vem aqui, vamos dormir juntos, vamos voltar”, e a vítima “amava tanto ele que não acreditava que iria matá-la”.

O crime

A denúncia foi apresentada pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) em 19 de março e recebida no mesmo dia. Conforme a acusação, o crime aconteceu por volta das 0h45 daquele dia 29 de setembro de 2020. Ainda segundo a peça, Hércules e Yasmin tiveram um relacionamento por aproximadamente um ano.

Promotora de acusação Luciana Rabelo (Foto: Henrique Arakaki – Jornal Midiamax)

Neste período, eles terminaram e voltaram algumas vezes e, no dia do crime, estavam mantendo o relacionamento, mas não publicamente. Durante o relacionamento conturbado, Hércules já tinha praticado violência doméstica contra a vítima, inclusive cortando o cabelo dela em uma das ocasiões.

Após os fatos, Hércules fugiu e só foi encontrado e preso no dia 21 de fevereiro de 2021. Para o MPMS, o acusado cometeu feminicídio qualificado por motivo torpe, já que a ‘desculpa' seria o exacerbado que sentia da vítima. Também agiu com recurso que dificultou a defesa de Yasmin. Após a prisão, Hércules não quis dar declarações no interrogatório, ficando em silêncio.