Dez meses após crime, Adailton vai a júri semana que vem por torturar a esposa até a morte

Réu confessou feminicídio e disse que teria cometido crime após descobrir traição da vítima

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Adailton torturou esposa por cerca de 30 dias antes de matá-la. (Foto: Reprodução)

Adailton Freixeira da Silva, de 46 anos, acusado de torturar a esposa Francielle Guimarães Alcântara, de 36 anos, até a morte em janeiro deste ano, vai a julgamento na próxima segunda-feira (21), cerca de dez meses após o crime. Adailton manteve a esposa em cárcere e a torturou por pelo menos 30 dias.

O julgamento, promovido pela 2ª Vara Criminal, está previsto para acontecer às 8h no Tribunal do Júri.

Francielle foi encontrada morta em casa no dia 26 de janeiro, no Portal Caiobá. A princípio o caso era tratado como ‘morte natural’, mas no laudo da funerária foram constatadas lesões. O corpo da mulher então foi encaminhado ao Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) que confirmou morte violenta por estrangulamento, asfixia com um cordão em volta do pescoço.

Foi constatado ainda que havia várias outras lesões, como dente quebrado, unhas quebradas, ferimentos na cabeça, cabelo cortado, evidenciando a tortura que ela sofreu por pelo menos um mês.

À polícia, familiares disseram que Adailton mantinha Francielli em cárcere após a mulher confessar um caso extraconjugal. A vítima era frequentemente torturada com faca, teve o cabelo cortado pelo marido, vários hematomas pelo corpo e, segundo a polícia, as nádegas da vítima estavam sem a pele, cobertas com bandagens.

Durante investigação, a polícia localizou o filho da vítima assim como outros familiares, todos foram ouvidos. Na casa foi feita perícia e objetos usados nas agressões, assim como o que teria sido utilizado na morte, foram apreendidos.

O filho do casal, de 17 anos, foi ouvido e disse que não presenciava as agressões. No entanto, ele via o pai ‘interrogando’ Francielli sobre a traição, em uma situação de tortura psicológica.

Inicialmente, a informação era de que a partir de qualquer resposta da vítima o marido a levava para o quarto, onde as agressões aconteciam.

Imagens de câmeras de segurança flagraram o autor saindo da residência, momentos após o feminicídio.

Cinco dias após a descoberta do crime, Adailton foi localizado e preso em Cuiabá, no Mato Grosso. A prisão aconteceu na rodoviária com apoio da equipe da Polinter.

Adailton foi preso no Mato Grosso – (Foto: Leonardo de França / Arquivo, Midiamax)

Depoimento e confissão

Friamente, Adailton confessou que torturou a esposa após descobrir uma traição. Ele contou que começou com os cortes de cabelo que fez em Francielle, sendo que em uma das vezes chamou um barbeiro para ‘acertar’ o cabelo da vítima pagando R$ 20. 

O soldador detalhou que em uma das sessões de tortura à Francielle, ele chegou a esfaqueá-la no tórax, causando uma ferida de 7 a 10 centímetros, além de fazer cortes nas costas da vítima e perfurar a sua costela com uma faca de serra. Adailton ainda teria ameaçado cortar as partes íntimas da esposa, caso ela continuasse a ‘mentir’ para ele.

Tortura

Sobre as nádegas de Francielle estarem sem pele, Adailton disse que os machucados eram devido a quedas que a mulher havia sofrido. Ele ainda afirmou que o local havia infeccionado e ela que teria pedido para ele passar uma navalha para retirada de pus. O soldador disse que após fazer o procedimento com a gilete, jogou água-oxigenada nas nádegas de Francielle ‘que parecia não sentir dor’. 

Adailton ainda teria batido por oito vezes com a perna de uma cadeira nas nádegas machucadas de Francielle. Sem detalhar o motivo, Adailton confessou que bateu novamente na mulher após ela retornar da casa da irmã em dezembro, onde passou três dias. Ele teria dado chutes na barriga de Francielle na ocasião. Sobre os dentes quebrados de Francielle, Adailton afirmou que foram quebrados quando ela caiu no chão, e que a própria esposa teria terminado de arrancá-los com um alicate de unha. 

No dia da morte de Francielle, ele contou que ainda tentou reanimar a esposa. Quando não conseguiu, pediu para que o filho de 17 anos acionasse o Samu, mas nega ter dito ao adolescente que teria visto Francielle tomar remédios. Ele fugiu logo em seguida, indo para a rodoviária de Campo Grande e pegando um ônibus direto para Cuiabá.

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