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Cotidiano

Sem acordo, motoristas do Consórcio Guaicurus planejam protesto na segunda-feira

Eles pedem 8% de reajuste, mas empresa propõe reposição de 4%
Priscilla Peres -
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Motoristas podem aderir à paralisação nesta semana (Foto: Nathalia Alcântara/Jornal Midiamax)

Os motoristas de ônibus do Consórcio Guaicurus planejam cruzar os braços na segunda-feira (25) em protesto contra a falta de acordo na negociação salarial de 2024. Eles pedem 8% de reajuste e melhorias em benefícios, mas após quatro reuniões, a empresa não passa de 4% de recomposição salarial.

A história já é conhecida do campo-grandense, que vivencia o dia de protesto dos motoristas todos os anos. Conforme o STTCU (Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo Urbano), neste ano, a situação tem se arrastado sem diálogo entre as partes.

Os motoristas ganham salário base de R$ 2.749, com reajustes acima de 5 anos de empresa. Neste ano, eles pedem 8% de reajuste salarial, aumento no ticket alimentação passando de R$ 250 para R$ 350 e melhoria no plano de saúde e odontológico.

“Caso não aconteça nenhuma novidade, vamos soltar o edital de greve e parar em forma de protesto na segunda-feira. Está muito difícil de trabalhar, não entendo essa dificuldade para valorizar funcionários”, afirma o presidente do sindicato, Demétrio Freitas.

Neste ano, os motoristas enfrentaram vários problemas. Um deles foi a demanda de profissionais, em meados de março, quando a equipe precisou fazer escalas extras para suprir a falta de cerca de 70 pessoas. Algumas linhas precisaram parar.

Tarifa de ônibus subiu 10 centavos em 2024

Em março de 2024, a Prefeitura de Campo Grande, por meio da Agereg (Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos), publicou no Diário Oficial o aumento do passe de ônibus. O valor que era de R$ 4,65 foi para R$ 4,75, um aumento real de 10 centavos para os usuários do transporte público.

A publicação homologa o reajuste tarifário do serviço de transporte coletivo, em meio a disputa judicial entre a Agereg e o Consórcio Guaicurus. O diretor-presidente da Agência, Odilon de Oliveira Júnior, publicou nesta quinta-feira o reajuste.

Assim, conforme a publicação, a Agereg apurou o reajuste para 2024 após consulta ao Conselho Municipal de Regulação e Controle Social no percentual de 2,94%.

Por isso, fica homologado o percentual para reajuste tarifário, ficando o valor para os usuários de transporte coletivo a R$ 4,75. Já para órgãos públicos da administração direta e indireta o valor é de R$ 5,95.

Sobrecarga e baixos salários

A ‘debandada’ dos motoristas do Consórcio Guaicurus se intensificou após a demissão do diretor da Viação Cidade Morena, Leonardo Constantino Meneghin, após 16 anos no cargo. Na época, o Jornal Midiamax mostrou que motoristas homenagearam o colega em letreiros dos ônibus.

Os motoristas do Consórcio Guaicurus recebem salário de R$ 2.749, mais vale-gás a cada dois meses e R$ 250 de ticket alimentação por mês. Com a demissão do diretor e oferta de vagas no setor de celulose com condições melhores, muitos motoristas decidiram deixar a empresa.

Com a saída de funcionários, quase que diariamente, os motoristas que ficam foram autorizados pelo Consórcio Guaicurus a fazer diárias e estão sendo consumidos pela sobrecarga. Há relatos de motoristas saindo do trabalho a meia-noite e iniciando novamente a jornada antes das 5h.

Lucro milionário

Em meio a uma série de ações na Justiça alegando dificuldades econômicas, o Consórcio Guaicurus faturou R$ 195.645.188,20 no período de um ano, entre março de 2023 e abril de 2024. As informações constam em documento da Agetran (Agência Municipal de Trânsito) a que o Jornal Midiamax teve acesso.

Dessa forma, uma das maiores brigas dos empresários detentores de contrato de R$ 3.441.716.248,00 para explorar o transporte público de Campo Grande é o aumento da tarifa técnica, que está, atualmente, em R$ 5,95 para R$ 7,79. Esse é o valor que a concessionária quer que o município pague por usuário – feito por meio de subsídios.

Então, tabela da Agetran, de monitoramento da demanda transportada, aponta que são cerca de 2,3 milhões de bilhetes vendidos ao mês. Portanto, esse quantitativo rende uma média de R$ 163 milhões mensais ao Consórcio.

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