O delegado Martin Bottaro Purper, escalado pela Polícia Federal para reabrir o inquérito a pedido da defesa de Jair (PL), pediu acesso do laudo de avaliação de Adélio Bispo de Oliveira, além de um novo interrogatório. Adélio está preso na Penitenciária Federal de Mato Grosso do Sul.

Adélio é responsável pela facada em Jair Bolsonaro, quando ele fazia campanha à presidência em 2018, em Juiz de Fora, Minas Gerais. Adélio passou por avaliação em junho deste ano, na penitenciária de , onde ele está há quatro anos, desde o atentado.

Mas, o acesso ao laudo foi negado pelo juiz Luiz Augusto Iamassaki Fiorentini, da 5ª Vara Federal Criminal de Campo Grande. O acesso foi negado no dia 4 de outubro. “O documento está sob sigilo absoluto e não constitui diligência investigativa sobre fatos pretéritos, que justifiquem sua utilização na averiguação da participação e/ou financiamento por terceiros, no delito praticado pelo internado”, foi o alegado pelo juiz, segundo a Folha de São Paulo.

A autorização para reabertura do caso aconteceu em novembro de 2021 pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região. O objetivo da nova investigação, após duas outras concluírem que Adélio agiu sozinho, é investigar a tese propalada por Bolsonaro de que há “mandante” no crime, partindo da tese de que ele foi prontamente atendido pelo advogado Zanone Manuel de Oliveira Júnior, que se ofereceu para fazer a denúncia visando a publicidade que teria o caso.

Laudo

No dia 25 de agosto, o laudo dos psiquiatras indicados pela apontou que “não houve cessação de periculosidade” em Adélio, que ainda apresentaria sinais de transtorno delirante paranoide.

O documento, que foi elaborado considerando 10 perguntas incluídas no processo, foi submetido ao juiz federal que avaliou se Adélio Bispo deveria ou não ser solto e voltar a conviver em sociedade – a expectativa, confirmada agora, era a da manutenção da prisão.

Facada em Bolsonaro

Em 6 de setembro de 2018, Bolsonaro participava de caminhada com apoiadores em Juiz de Fora, quando foi esfaqueado na barriga por Adélio, em um lance visto como fundamental para a disputa eleitoral daquele ano – na qual ele venceu (PT) no segundo turno. Desde então, o presidente pressionou para que fosse apontado quem seria o mandante.

Apesar da argumentação do presidente, as investigações da Polícia Federal concluíram que Adélio Bispo agiu sozinho, provavelmente motivado pelo Transtorno Delirante Permanente – que justificou o argumento judicial de que é inimputável. As apurações, no entanto, não pararam: a PF apurou quem estaria bancando os advogados que defendem Adélio Bispo.

As alegações de Bolsonaro levaram, inclusive, ao princípio de tensão entre o presidente e seu então ministro da Justiça, Sérgio Moro, diante de exigências para que fosse apurado “quem mandou matar Jair Bolsonaro”, como afirmou o ex-presidente após a demissão do ex-juiz federal.