Delegado-geral viaja, reunião não acontece, mas Videira promete apurar conduta no trânsito
Adriano viajou para formatura no dia seguinte à briga com tiros no trânsito
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A reunião prevista para a manhã desta quinta-feira (17) entre o secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Carlos Videira, e o delegado-geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Adriano Garcia Geraldo, foi adiada. Isso porque o chefe da PCMS viajou para participar da formatura da filha, que acontece no fim de semana.
Conforme o secretário, ele chegou a conversar com Adriano sobre o ocorrido, por telefone, mas ainda aguarda para uma reunião pessoalmente com o delegado. “Ele ia viajar para a formatura da filha, que é neste fim de semana, então não consegui falar com ele”, disse Videira.
Ainda segundo o secretário da Sejusp, foi solicitada a perícia do chip da câmera GoPro que estava no carro da motorista. “Ela apresentou o chip e pedimos para a coordenadora-geral da Perícia para termos acesso às imagens logo”, afirmou Videira. De acordo com ele, o vídeo deve ser analisado até o fim de semana.
Caso verificada infração por parte do delegado-geral, ele pode vir a responder por abuso de autoridade, ou outra infração típica de servidor público, conforme a Lei Orgânica da Polícia Civil. Isso deve ser constatado a partir da investigação policial, que pode dar abertura a um processo administrativo, esclareceu o secretário.
“Para não tomarmos decisão precipitada estamos fazendo a apuração, com a maior transparência possível e exigível para o caso, também com o máximo de informações”, afirmou Videira.
Boletim de ocorrência
No B.O redigido por um subalterno de Adriano, a versão registrada admite que tudo começou devido a uma briga de trânsito. Na versão da ocorrência, foi confirmado que Adriano buzinou após ser ‘fechado’ e que a motorista de 24 anos teria ‘mostrado o dedo’ após levar a buzinada. O histórico afirma que o delegado atirou por duas vezes depois que ela já tinha parado o carro, e um dos disparos quando ela tentou fugir.
Segundo a versão da Polícia Civil, o delegado-geral teria atirado porque achou que a jovem, mesmo com o carro trancado pelo carro dele, estaria “virando o volante para o lado dele e engatando ré”. No entanto, pouco antes, ele mesmo diz que não sabia quantas pessoas poderiam estar no carro porque tinha Insulfilm, ou seja, contraditoriamente, diz que não seria possível ver o interior do veículo.
Durante o atendimento da ocorrência dos disparos feitos pelo delegado-geral, os policiais que atenderam à ocorrência do chefe recolheram a memória de uma câmera que ela tinha no para-brisa do carro, e o celular da jovem. A motorista garante que, nas filmagens, poderia provar que o delegado-geral a perseguiu sem se identificar logo após se irritar em uma desinteligência de trânsito. “Simplesmente mostrei o dedo para ele porque meu carro afogou e ele buzinou. Eu não tenho bola de cristal para saber que ele é delegado”, disse a jovem.
Sem se identificar
A jovem ainda disse que não sabia que carros normais tinham sirene. “Eu até achei que era uma ambulância e do nada ele para na minha frente e começa a apontar uma arma para mim, ele não se identificou e começou a atirar”, relatou a estudante. De fato, até mesmo carros com blindagem, que podem ser comprados sem licença específica, possuem sirene e não é possível identificar, somente pelo sinal sonoro, que a pessoa que está conduzindo seja de alguma força de segurança.
“Ele meteu uma buzinada. Eu mostrei o dedo, porque fiquei irritada, e ele já começou berrar. Eu saí de perto, como qualquer mulher faria quando vê um homem agressivo vindo pra cima. Ele acionou uma sirene, mas eu vi que não tinha identificação nenhuma no carro. Achei até que era uma ambulância por perto. Estava preocupada em escapar de um cara que me xingou no trânsito e não gostou porque respondi”, relata.
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