De janeiro até o fim de maio deste ano, teve 20 mulheres vítimas de feminicídio — média de 1 por semana —, ou seja, assassinadas pela condição de serem mulheres, no ambiente familiar, em questão de violência doméstica. O caso mais recente foi de Daniela Luiz, de 30 anos, assassinada pelo ex namorado na noite de quarta-feira (1º) em Ribas do Rio Pardo, cidade distante 97 quilômetros da Capital.

Enquanto isso, no mesmo período de 2021, foram registrados 16 feminicídios nos primeiros 5 meses, mais dois em junho. Ao todo, o ano teve 32 mulheres vítimas, conforme os dados da (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública).

teve 5 mortes de mulheres vítimas da violência doméstica. Em 2021, foram dois feminicídios registrados, o primeiro em agosto e o segundo em dezembro.

Quem são as vítimas do feminicídio em Campo Grande

Em maio, duas mulheres foram brutalmente assassinadas, uma pelo companheiro e outra pelo próprio irmão. Elenice Pinto Martins, de 48 anos, foi morta pelo companheiro Delzimar Alves do Nascimento, 49 anos, que está preso. Segundo familiares, o casal já estava junto há três anos.

Elenice não contava sobre as agressões que sofria, mas recentemente teria relatado a ocasião em que foi agredida pelo companheiro. Ele tentou matar a vítima com um machado, estava embriagado e dormiu com a arma em mãos. No dia do crime, 13 de maio, Elenice ainda tentou fugir, mas foi golpeada com uma faca.

Quase duas semanas depois, no dia 26 de maio, Patrícia Benites, de 31 anos, foi assassinada pelo próprio irmão, Antônio Benites, que também está preso. O filho da vítima de apenas 5 anos confirmou em depoimento que presenciou o tio assassinar Patrícia. Ele disse que viu a mãe chegar em casa embriagada e discutir com Antônio.

Na briga, o homem levou a mãe para um quarto e deu um golpe ‘mata-leão', quando matou a vítima asfixiada. Ao Midiamax, a irmã contou que acredita que o acusado tentou estuprar Patrícia. A Polícia Civil ainda apura se houve o crime de estupro.

Vítimas de feminicídio
Francielli (Arquivo Pessoal)

No dia seguinte, a família só descobriu o crime após o menino contar que a mãe tinha sido morta. Patrícia foi encontrada enterrada no quintal da residência e Antônio ainda fugiu, mas acabou preso depois.

Campo Grande ainda teve outros três feminicídios registrados em 2022. O primeiro foi de Francielli Guimarães Alcântara, de 36 anos, torturada e assassinada pelo companheiro Adailton Freixeira da Silva, de 46 anos. Ela foi encontrada morta em casa e só após suspeita da polícia o caso passou a ser investigado. Francielli tinha várias marcas da tortura que sofria e era também mantida em cárcere privado.

Natalin Nara (Arquivo Pessoal)

Adailton foi encontrado no Mato Grosso, tentando fugir, e continua preso. Em fevereiro, Natalin Nara Garcia Freitas Maia, de 22 anos, foi morta pelo marido, o militar da Aeronáutica Tamerson Ribeiro Lima de Souza, de 31 anos. Ele matou a esposa asfixiada com um mata-leão, deixou o corpo no porta-malas do carro e ainda chegou a levar a filha, de apenas 4 anos, para a escola com o corpo da mulher no veículo.

Depois, tentou ocultar o corpo em uma região de mata na BR-060. Ele acabou identificado e preso após o corpo de Natalin ser encontrado. Tamerson também continua preso pelo crime, na Base Aérea de Campo Grande. Já no dia 17 de março, Eloisa Rodrigues de Oliveira, de 36 anos, foi morta a facadas pelo Fabiano Quirino dos Santos.

Eloisa foi esfaqueada quatro vezes, ficou em estado grave e foi levada para a Santa Casa, mas não resistiu. Fabiano foi preso tentando se esconder na casa de um amigo, em Ribas do Rio Pardo.

Eloisa (Arquivo Pessoal)

Vítimas assassinadas no interior

Na noite do dia 22 de maio, Érica Miranda Souza, de 27 anos, foi assassinada a tiros pelo marido Diogo Cardoso Souza, de 28 anos. Segundo detalhado pela polícia, os filhos da vítima, de 9 e dois anos, presenciaram o crime e o mais novo ainda foi encontrado dormindo abraçado ao corpo da mãe, já sem vida.

O assassino fugiu logo após o crime e o enteado conseguiu pedir socorro para uma vizinha. Diogo pegava uma carona para Minas Gerais quando foi localizado e detido após trabalho conjunto entre Polícia Civil e Militar. Ele também continua preso.

Último caso de feminicídio registrado foi o de Daniela Luiz, ocorrido na noite de quarta-feira. Ela foi morta a facadas pelo ex-namorado João José Furtado Nunes, em casa. O filho de 4 anos teria presenciado o crime e ainda correu para pedir socorro aos vizinhos. Já o filho adolescente da vítima, um menino de 14 anos, também acabou assassinado por João.

A mãe de Daniela também foi esfaqueada, socorrida e está internada na Santa Casa de Campo Grande. Após o feminicídio, João fugiu, sendo encontrado por policiais já na manhã desta quinta-feira (2). Ele trocou tiros, foi atingido e acabou morrendo.

Violência contra a mulher, denuncie!

Em Campo Grande, a Casa da Mulher Brasileira está localizada na Rua Brasília, s/n, no Imá, 24 horas por dia, inclusive aos finais de semana, para que as mulheres vítimas de violência não fiquem sozinhas, mesmo em tempos de pandemia.

Funcionam na Casa da Mulher Brasileira uma Delegacia Especializada; a Defensoria Pública; o Ministério Público; a Vara Judicial de Medidas Protetivas; atendimento social e psicológico; alojamento; espaço de cuidado das crianças – brinquedoteca; Patrulha Maria da Penha e Guarda Municipal. É possível ligar para 153.

Existem ainda dois números para contato: 180, que garante o anonimato de quem liga, e o 190. Importante lembrar que a Central de Atendimento à Mulher (180), é um canal de atendimento telefônico, com foco no acolhimento, na orientação e no encaminhamento para os diversos serviços da rede de enfrentamento à violência contra as mulheres em todo o Brasil, mas não serve para emergências.

As ligações para o número 180 podem ser feitas por telefone móvel ou fixo, particular ou público. O serviço funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, inclusive durante os finais de semana e feriados, já que a violência contra a mulher no Brasil é um problema sério no país.