‘Tinha um coração muito bom’, lembra família de Elenice que foi morta a facadas pelo marido
Desde a noite de sábado (15), acontece o velório de Elenice Pinto Martins, assassinada aos 48 anos pelo companheiro Delzimar Alves do Nascimento, de 49 anos. Abalados, familiares relembram que Elenice era uma pessoa boa e que acabava perdoando o marido após as agressões e brigas. “Ela tinha um coração muito bom, qualquer coisa, qualquer […]
Karina Campos, Renata Portela –
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Desde a noite de sábado (15), acontece o velório de Elenice Pinto Martins, assassinada aos 48 anos pelo companheiro Delzimar Alves do Nascimento, de 49 anos. Abalados, familiares relembram que Elenice era uma pessoa boa e que acabava perdoando o marido após as agressões e brigas.
“Ela tinha um coração muito bom, qualquer coisa, qualquer agrado que ele dava ela perdoava. Ela acreditava nele”, foi o relato do sobrinho de Elenice, Márcio Mendes Martins, de 32 anos. Segundo ele, a família só soube que a tia era vítima de violência doméstica há pouco tempo.
O casal estava junto há três anos, mas Elenice não comentava sobre as brigas ou agressões que sofria. O familiar relembrou da agressão grave que Elenice sofreu, quando o marido usou um machado e tentou matar a vítima. No entanto, Delzimar estava muito alcoolizado.
O acusado chegou a dormir com o machado em mãos. Esse foi um dos únicos casos que a vítima contou para os familiares. Na frente dos conhecidos, eles não costumavam brigar. Márcio também lembrou que, no feminicídio, Elenice tentou fugir do marido para evitar as agressões.
Ele contou que a primeira facada foi dada nas costas da vítima. Depois, ficou encolhida, ao lado da cama. “Não teve como se defender”, lamentou. O sobrinho relatou que a vítima foi muito maltratada e torturada pelo acusado.
Era muito ciumento
O feminicídio aconteceu na sexta-feira (13), no Bairro São Caetano, saída para Rochedinho, em Campo Grande. Elenice teria levado 22 facadas, de acordo com levantamento feito pela Perícia no local do crime. O suspeito tentou se matar depois, também com uma facada. Ele recebeu atendimento médico e foi preso pela Polícia Civil.
O Jornal Midiamax esteve na casa de Elenice e conversou com familiares e vizinhos. Segundo eles, o casal estava junto há cerca de três anos e brigava muito devido aos episódios de ciúmes do suspeito, que ocorriam, principalmente, após ele ingerir bebidas alcoólicas. Conforme os familiares de Elenice, Delzimar fazia ‘bicos’ e eles se conheceram quando ele trabalhava como mascate pelo bairro.
Cunhada de Elenice, Andrelinda Toledo Mendes, de 55 anos, mora em frente à residência da vítima e contou que o casal vivia na casa de Elenice com os dois filhos: uma criança de 11 anos (filho apenas de Delzimar) e um rapaz (filho apenas de Elenice). “Eles brigavam muito e ele já tinha tentado matá-la com um machado”, contou a Andrelinda.
Segundo a cunhada, na noite do crime, Elenice mandou mensagem para ela falando que se ela ouvisse barulho na casa, era para verificar o que estava acontecendo, “pois estaria tentado matá-la com o machado”. A cunhada ligou para ela, mas a vítima disse que não precisava ir, pois Delzimar já estava “dormindo de bêbado”.
Ainda conforme a cunhada da vítima, o casal brigava muito por conta de ciúmes de Delzimar, porém a única agressão teria ocorrido quando Elenice foi agredida com um machado. “Ele tinha ciúmes dela com todo mundo. Ela não podia fazer nada, falar com ninguém. Eu não sei como estou de pé, além de ser minha cunhada, era minha irmã, minha parceira. Falei com ela essa semana e ela estava contente, por conseguir marcar a tomografia”, diz Andrelinda.
Segundo a família, Elenice teve um AVC e se recuperou. A vizinha, Luzia Neves, 57 anos, dona de casa, contou que conhecia a vítima há 15 anos. “O filho dela tinha 11 anos quando a conheci e hoje tem 20 e poucos. Saíamos juntas antes de ela começar esse relacionamento”, contou a amiga.
“Ele brigava muito. Tinha muito ciúmes dela. Ela fechava a porta e ele chegava e arrombava. Ela o mandava embora e ele não ia. Uma vez eles discutiram no carro, ele ficou bravo, meteu o pé no acelerador, bateu no quebra-molas e ela quebrou o nariz”, relata a vizinha, que diz que a vítima estava contente por recentemente ter passado a escritura da casa para o nome dela. “Toda vez que ia ao mercado, me chamava para ir com ela. Era minha melhor amiga”, conta a dona de casa.
Sobrinho encontrou Elenice
O sobrinho da vítima, Paulo André Mendes Martins, de 30 anos, foi o primeiro a se deparar com a tragédia. Ele contou que chegou em casa — residência vizinha à da vítima — por volta das 22h30 com a mulher e escutou três gritos fortes.
A esposa ainda falou que parecia ser a tia dele, mas que acabaram achando que estava vindo de longe. Pouco tempo depois, o filho de Delzimar chegou no porão e disse ao sobrinho da vítima: “socorre a sua tia, que meu pai esfaqueou ela”.
O sobrinho entrou na casa e encontrou o suspeito em cima da cama com a faca na mão. Ele não viu a tia, que estava caída em um vão entre a parede e a cama, e foi procurá-la do lado de fora. Um outro amigo viu o corpo de Elenice e o suspeito ainda se jogou por cima do corpo dela.
“A nossa família já tinha falado para ela abrir o olho com esse jeito dele. Minha mãe havia comentado que isso poderia acontecer. Infelizmente, essa noite aconteceu o que todo mundo previa”, lamentou o sobrinho.
O Corpo de Bombeiros chegou a ser acionado, porém a vítima já estava morta. O suspeito foi avaliado por um médico e preso por uma equipe da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher). A Deam pediu a conversão do flagrante em prisão preventiva de Delzimar, que passa por audiência de custódia neste domingo (15).
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